domingo, junho 26, 2016

Sobre o brexit

Os cidadãos britânicos decidiram mal. A democracia directa tem destas coisas. Com o brexit poderão ter desencadeado o princípio do fim de um reino que encerra quatro nações e quiçá o princípio da desunião europeia. O júbilo dos xenófobos, dos populistas, dos separatistas, dos racistas e dos fascistas é a prova simples de que se tratou de uma má decisão. Rejubila Farage, rejubila Trump, rejubila Le Pen, rejubila Wilders, rejubila Erdogan, e até  Jirinóvsky rejubila, lá do alto do assento que tem na Duma. Também já se agitam os separatistas ou independentistas, da Escócia à Catalunha, do País Basco à Lombardia, e em muitos outros lugares, na mira da criação de novos Estados que pretendem governar. É a balcanização da Europa Ocidental que se prenuncia.


Afinal, a globalização que defendiam começa e termina na livre circulação do capital e das mercadorias. A livre circulação do trabalho e dos trabalhadores já lhes causa comichão. Pretendem agora erguer muralhas, muros, barreiras e vedações para travar os que pretendem circular na demanda de uma nova vida, longe da guerra e da fome.

Voltamos ao tempo do proteccionismo, ao tempo em que os países se fecham sobre si mesmos, ao tempo dos bárbaros às nossas portas, ao tempo dos pequenos países que ameaçam surgir por todo o lado como pequenos reinos medievais, ao tempo do medo. Tudo isto cheira, na verdade, a início de Idade Média ou ao fim do Império. Àquele tempo em que os cidadãos abandonaram em debandada as cidades e se encerraram atrás de muralhas, porque tudo mudou inesperadamente. Os bárbaros vinham aí.

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