Aqui na Arcádia, pendem até ao chão os ramos das oliveiras, carregadas de azeitonas, inchadas e verdes, e o perfume das estevas ainda inunda o ar húmido da tarde. Ébrio com o seu perfume, caminho nas margens das ribeiras, sob as laranjeiras prenhes de flores e frutos, e sob as figueiras odoríferas. É aqui que o Verão se esconde, nestes vales apertados e profundos das serras de xisto. E é aqui que se revela ainda. Aqui, os homens repetem gestos ancestrais: enchem de carícias e cuidados as plantas das suas hortas e as ovelhas que os seus cães guardam com zelo. E assim se renovam os ciclos.
Aqui na Arcádia onde deambulo, o mundo parece coisa longínqua, mas não está longe. Quando desço da Serra ao Algarve, lá onde fervilham as cidades, é grande o linguarejar e são estrangeiros os que sobressaem, vindos no Norte, lá da terra de Sua Majestade. Divirto-me a pensar numa colónia em formação, numa nova Gibraltar, e numa armada que virá um dia, se necessário, em sua protecção. Os súbditos de Sua Majestade, já se aproximam do lugar onde o Verão se esconde. E se revela, ainda.