domingo, junho 24, 2007

Da Andaluzia...

Naranjas y Limones
















Julio Romero de Torres (1874 – 1930)
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Adelina em Passeio

Não tem laranjas o mar,
nem Sevilha tem amor.
Morena, que luz de fogo.
Empresta-me o guarda-sol.

Pôr-me-á a cara verde
- sumo de lima e limão -,
tuas palavras – peixinhos –
virão nadar em redor.

Não tem laranjas o mar.
Ai amor.
Nem Sevillha tem amor!

Garcia Lorca (1898-1936), traduzido pelo poeta Eugénio de Andrade.
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Música: “Pantomina” de Manuel de Falla (1876 – 1946)
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O que me encanta na Andaluzia?

Talvez a lua nas noites de estio.
Talvez as esguias silhuetas das andaluzas ao luar,
esgueirando-se nas ruas estreitas e serpenteantes
onde ecoam as guitarras e soa o flamenco.
Nas bodegas escondidas e animadas, dançam e cantam.

Talvez os laranjais aromáticos.
O Guadalquivir, o Darro e o Genil.
Sevilha, Córdova e Granada.
A Serra Nevada, quente e gelada.

Talvez as brancas e apinhadas aldeias de Jerez. O quente sabor do vinho.
A frescura da tarde, nas margens dos rios…
O flamenco e a guitarra, mais uma vez!
A pintura, a poesia e a dança.
O sangue e a tourada. A vida e a morte.

Talvez o que cantam os poetas andaluzes, os de agora e os de sempre,
Sim, esses mesmos, os que quando cantam parece que estão sós.

Talvez o mar andaluz, Atlântico e Mediterrânico.
E sem dúvida, a fiesta e a siesta.

Errar na Andaluzia é um prazer.

Também nas minhas veias corre sangue andaluz.
E sei-o porque o sinto.

sábado, junho 16, 2007

Gustave Doré (1832-1883)


Foi numa tarde quente em Sevilha, no ano 2001, que o conheci. Mais precisamente, no Museu de Belas Artes, quando saia. Reparei então numa galeria menor, onde estavam expostos os seus quadros, desenhos e esboços. Um convite para entrar. Entrei e descobri inadvertidamente, Doré. Gustave Doré. Os seus quadros e desenhos eram muitos deles cinzentos, sombrios, românticos, exóticos, mas muitos irradiavam uma luz mágica, quase divina, uma auréola misteriosa. A luz lutava contra a sombra. O Bem contra o Mal. Imagens de tempos imemoriais, reais e imaginárias. Ilustrações de obras literárias, desde a Bíblia a Dom Quixote e à Divina Comédia, entre outras obras.

A ilustração que encima este blog é dele. É acerca do desespero e da frustação que sentem os Homens quando se deparam com a impossibilidade de concretizarem os seus planos mais ambiciosos que desafiam os deuses. Sempre que a ambição é desmedida e os passos maiores que as próprias pernas, a queda é inevitável. Os deuses não gostam de ser desafiados. Não existem barcos inafundáveis (como foi dito em relação ao Titanic) e as altas torres de Nova Iorque, que ousavam aproximar-se do Olimpo, foram derrubadas. E sempre que os homens ousaram pensar que eram deuses, provaram o amargo travo da sua própria destruição. Tudo cai por terra, quando se vai longe e alto demais. Que o diga Ícaro. A história é antiga. Há limites que resistem a serem ultrapassados. O destino existe.

Que o diga também o Ancient Mariner (na figura), amaldiçoado por a sua tripulação ter morto o albatroz, em desafio a uma lenda antiga.

quinta-feira, junho 07, 2007

Em torno de quem gira o mundo?

domingo, junho 03, 2007

Vontade

Nem que nade contra o rio e o rio me leve.

Mesmo sabendo que nem todos os rios desaguam no mar.

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