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domingo, agosto 06, 2023

Tudo muda

Todos os dias nasce um sol novo. (Heraclito) 

Ninguém pode regressar ao lugar onde já esteve. A cada microssegundo deixamos de ser quem éramos. A cada microssegundo somos já outro e assim é com todos os lugares.  Assim é com o Sol. Ninguém volta ao que já deixou. Esta é a mensagem da cantiga do pastor. 

 

Pastor

«Ai que ninguém volta
Ao que já deixou
Ninguém larga a grande roda
Ninguém sabe onde é que andou

Ai que ninguém lembra
Nem o que sonhou
Aquele menino canta
A cantiga do pastor»

 ***

terça-feira, maio 03, 2022

sexta-feira, março 11, 2022

O Grande Portão de Kiev


Kiev resiste! 

Pela liberdade!

Que os teus portões se fechem ante a ofensiva russa.

Que os soldados do pequeno czar esbarrem contra as tuas muralhas.

Que o teu bravo povo os trave

aos portões de Kiev.

Não passarão!
***

(Nota: Mussorgsky era russo. Mas não é o bom povo russo que está aqui em causa, nem a sua rica cultura, que também é europeia. É o pequeno czar imperialista que o oprime e os mafiosos que extraem as riquezas da Rússia, para seu enriquecimento pessoal e empobrecimento do povo russo, paralisado e oprimido por séculos de czarismo e imperialismo. O povo russo precisava de outra revolução que derrubasse este pequeno czar. Se o povo russo não faz a revolução, então que lute o ucraniano contra o opressor e lhe mostre como se liberta um país.)

sábado, maio 01, 2021

quinta-feira, agosto 27, 2020

A marcha da guerra


Shostakovich, 1942
Não conhecia a 7ª Sinfonia de Shostakovich. Ouvi-a, enquanto pintava as paredes de um sótão infinito, no programa Véu Diáfano, na Antena 2, de Pedro Amaral. Apanhei o primeiro andamento em andamento, quando liguei um velho rádio e nele reconheci logo os sons de uma marcha bélica – a loucura da guerra estava ali. (Excelente programa! Excelente Antena 2! O que se aprende ali.) Vim pouco depois a saber que se tratava da 7ª Sinfonia de Shostakovich, composta em Leninegrado durante o cerco das tropas alemãs, como bem explica Pedro Amaral. Tenho ouvido o primeiro andamento desde então, e tem sido uma descoberta. A 7ª Sinfonia de Shostakovich, "Leninegrado", está cheia de referências sarcásticas, mordazes, irónicas e amargas, composições distorcidas de outros compositores muito apreciados pelos nazis e especificamente por Adolf Hitler. Pedro Amaral refere que nos sons de Shostakovich se encontra uma “citação” à opereta A Viúva Alegre, de Franz Lehar. Um sarcasmo de Shostakovich, pois a composição soa propositadamente distorcida. E não é que descubro também outros sarcasmos nesse primeiro andamento de Leninegrado: cerca do minuto dezanove,  no vídeo abaixo, Richard Wagner faz a sua aparição com o prelúdio dos Mestres Cantores de Nuremberga, também tocado de forma distorcida. Pedro Amaral não lhe faz referência, mas que Wagner está ali, está. A deformação dessas referências musicais por Shostakovich, a meu ver, é um efeito que pretende ilustrar a deformação do carácter do mal, no caso encarnado por Hitler e pelos líderes políticos nazis, que gostavam de mostrar o quanto apreciavam as obras "arianas" de Franz Lehar e de Richard Wagner, entre outras.  Talvez a música lhes soasse assim: deformada nas suas cabeças deformadas. A maldade e a loucura deformam. A marcha militar do primeiro andamento da 7ª Sinfonia de Shostakovich é uma marcha tomada pela loucura. A marcha da guerra.

Ouvir Shostakovich é um exercício intelectual.


segunda-feira, julho 06, 2020

For a Few Dollars More, de Ennio Morricone


Quero aqui também homenagear o maestro Ennio Morricone (1928-2020), cuja música me tem acompanhado desde tenra idade. Por vezes dava comigo a trauteá-la sem me lembrar bem da proveniência. Onde é que tinha ouvido aquilo? Música magnífica. Partiu hoje.

Curiosamente, faz quase um ano em que publiquei aqui uma música sua.

Magnífico.

Até sempre Ennio Morricone.

terça-feira, julho 16, 2019

quarta-feira, janeiro 13, 2016

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† 10/01/2016

Daqui

terça-feira, agosto 12, 2014

Memórias e danças

O Meridiano de Sangue, de Cormac McCarthy, é uma obra-prima do género western. E a tradução, de Paulo Faria, se não enriquece a obra, está à altura dela. (*)

Ficam duas citações do juiz Holden e as respectivas reflexões sobre as mesmas.

Sonho ou realidade?

As memórias dos homens são incertas e o que aconteceu no passado pouco difere do passado que não aconteceu.

Cormac McCarthy, Meridiano de Sangue, Biblioteca Sábado, 2008, pág. 273

***

Por vezes as recordações misturam-se com os sonhos e, em certas circunstâncias, quando recordamos o passado, ficamos na dúvida se aquilo que sentimos como tendo sido um acontecimento vivido não se trata afinal de um sonho tido sobre esse mesmo acontecimento.

Dança ritual da guerra

Uma coisa te digo. À medida que a guerra vai sendo aviltada e a sua nobreza posta em causa, os homens honrados que reconhecem a santidade do sangue vêem-se excluídos da dança, que é um direito dos guerreiros, e deste modo a dança converte-se numa falsa dança e os dançarinos em falsos dançarinos. E todavia, haverá sempre um dançarino que fará jus a esse título, e consegues adivinhar quem será?

Cormac McCarthy, Meridiano de Sangue, Biblioteca Sábado, 2008, pág. 273

***

É caso para dizer, que quem dança por último dança melhor.

Desconfiamos que as danças primevas começaram por ser danças rituais. A dança é uma forma de expressão universal e desenvolveu-se em todas as civilizações e culturas do planeta, civilizações e culturas que evoluíram até certo momento, em total desconhecimento da existência das demais. A universalidade da dança não parece por isso ter resultado de uma difusão por contágio, mas o seu aparecimento parece relacionado com um determinado estádio da evolução humana. Não se conhecem sociedades não humanas que dancem, muito menos ritualmente, embora alguns pássaros pareçam dançar em rituais de acasalamento.

Ainda hoje se dança nos casamentos, na nossa sociedade. Em certas culturas, a passagem à idade adulta é marcada por danças rituais e celebratórias. E existem ainda as belicosas danças da vitória. Danças guerreiras.

E até os demónios mais belicosos dançam uma estranha dança, como Hitler, em 1940, ao saber da queda de Paris. Mas por último não foi ele quem dançou.

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(*) - George Steiner diz que certas traduções chegam até a ser enriquecedoras. É o caso, a nosso ver.

sábado, agosto 09, 2014

Dmitry Shostakovich

Lembramos hoje, 39 anos após a sua morte, o compositor Dmitry Shostakovich.

Dmitry Shostakovich (1906 - 1975)

segunda-feira, abril 28, 2014

sábado, dezembro 07, 2013

domingo, dezembro 23, 2012

Feliz Natal

    Raffaello Sanzio, Madonna con il Bambino, c. 1503.

O mais perfeito e simples Ave Maria de todos. O melhor, sem rocócós, sem instrumentos... Apenas a voz humana soa, brilhante, límpida, pura... Puro Mozart.

(clique na imagem para ver o quadro completo)

sábado, outubro 27, 2012

As nuvens e a música, em Tavira, nos desertos e no mundo

Tavira                                                                                                                       © AMCD

As nuvens não nos abandonam neste Outono, mas estava uma tarde tranquila nas margens do Gilão. Entre o grasnar das gaivotas soava um clarinete ao longe. Alguém tocava na velha ponte. A caixa do instrumento pousada no chão tinha poucas moedas. À passagem, deitei-lhe uma moeda. Sem a música, a nossa vida nesta “terra devastada” seria insuportável.

«Formam uma constelação interessante [os que nos conseguiram dizer alguma coisa inovadora ou definidora sobre o que é a música]: Agostinho, Rosseau, Kierkegaard, Schopenhauer, Nietzsche, Adorno. Uma escassez selecta. Poderá parecer-nos quase escandalosamente rara no que diz respeito a um fenómeno de uma realidade tão manifesta e universal como a música; a um fenómeno sem o qual, para inúmeros homens e mulheres, esta terra devastada e o nosso trânsito nela seriam provavelmente insuportáveis.»

George Steiner, Errata: Revisões de uma Vida, Relógio D’Água, 1997, p. 83

Pois sou um desses inúmeros homens de que fala Steiner, que não podem passar neste mundo sem a música. E ele diz mais:

«Diz-nos a antropologia filosófica, nas pessoas de Vico e Rosseau, que a música antecedeu a fala. Os pássaros cantam, bem como possivelmente certos mamíferos marinhos (apesar de só podermos suspeitar, sem termos a certeza, de que as suas canções comunicam significados específicos). Os ventos, as dunas e as rochas podem cantar. Já os ouvi no Negev quando a noite começa a arrefecer.  Schopenhauer afirma que se o nosso universo acabasse, persistiria a música – uma conjectura inconcebível a um nível racional ou empírico.»

                                      George Steiner, Errata: Revisões de uma Vida, Relógio D’Água, 1997, p. 84

Pois também estou com Schopenhauer: a música já cá estava e por cá ficará, mesmo quando o mundo acabar.

São famosas as canções ouvidas nos desertos. Também hoje, curiosamente, ao chegar a casa, abri um livro volumoso e tropecei por acaso num relato de um viajante, de nome Harry St. John Philby (1885-1960), que contava o que lhe sucedera ao subir uma duna no deserto Rub' al Khali:

«Quite suddenly the great amphitheater began to boom and drone with sound not unlike that of a siren or perhaps an aeroplane engine – quite a musical, rhythmic sound of astonishing depth. The conditions were ideal for the study of the sand concert, and the first item was sufficiently prolonged, perhaps four minutes, for me to take in every detail. The men working at the well started a rival and less musical concert of ribaldry directed at the Djinns (desert spirits) who were supposed to be responsible for the occurrence. »

Harry St John Philby, in Benedict Allen (edit), The Faber Book of Exploration, Faber and Faber, London, 2002, p. 369.

Paradoxalmente, os grandes desertos estão cheios de música e de espíritos, tal como o flamenco que soa nas guitarras espanholas, com o seu espírito voador, que surge sempre quando é tocado ou cantado, possuindo as dançarinas, arrebatando-as para a dança. Olé!

Tavira                                                                                                                           © AMCD

Uma nuvem gigante pairava sobre Tavira, ameaçadora. Passou tranquilamente. Como a tarde.

domingo, junho 24, 2012

Helena de Tróia

Antonio Canova, Helena de Tróia, 1807, Museu de Copenhaga


Deste modo pois se sentavam na muralha os regentes dos Troianos.
Assim que viram Helena a avançar em direcção à muralha,
sussurram uns aos outros palavras apetrechadas de asas:


“Não é ignomínia que Troianos e Aqueus de belas cnémides
sofram durante tanto tempo dores por causa de uma mulher destas!
Maravilhosamente se assemelha ela às deusas imortais.
Mas apesar de ela ser quem é, que regresse nas naus;
que aqui não fique como flagelo para nós e nossos filhos!”

Assim falaram. Mas Príamo com sua voz chamou Helena.
“Chega aqui querida filha, e senta-te a meu lado,
para veres o teu primeiro marido, teus parentes e teu povo –
pois no meu entender não tens culpa, mas têm-na os deuses,
que lançaram contra mim a guerra cheia de lágrimas dos Aqueus

Homero, Ilíada, III, vv. 153 - 165

Piano Concerto No.2 in C Minor,Moderato by Rachmaninov on Grooveshark


segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Whitney Houston (1963 - 2012)


Greatest Love Of All by Whitney Houston on Grooveshark

domingo, fevereiro 05, 2012

O Dia Mundial de Tocar Banjo


Se há dias para tudo,
Porque não para este?
Por certo soariam banjos,
Em toda a esfera celeste.

Como eu amo o vento Leste
Que vem no Verão e tudo abrasa.

E do céu desceu um arcanjo,
Animado, a tocar banjo.
E assim foi proclamado
O dia tão aguardado.
Qual guitarra, qual fado?
Veio de banjo, o anjo armado.




I Wanna be Around My Baby All the Time by Bennie Moten on Grooveshark


terça-feira, julho 26, 2011


Amy Winehouse (1983 - 2011)


sábado, julho 24, 2010

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