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sábado, agosto 15, 2020

Festa do Avante, comunistas e anticomunistas


Não sou comunista. Nunca o fui. Não gostaria de viver num regime comunista como o de Cuba, da Venezuela, da Coreia do Norte ou da China. Mas não sou anticomunista. Os comunistas são uma espécie de anticorpos contra o fascismo. Os melhores anticorpos que uma sociedade pode ter. Anticorpos que se activam quando as sociedades caem nessa doença do fascismo.
O vírus fascista que se cuide quando numa sociedade existem anticorpos comunistas.

Foram os comunistas os primeiros que entraram em Berlim, em 1945, o centro nevrálgico do nazismo. Foram a melhor resistência na Itália, na França, na Jugoslávia e noutros lugares, contra os opressores fascistas e nazis. Desalojaram o ditador cubano, Fulgêncio Baptista, do poder. Derrotaram os agressores americanos no Vietname. Foram derrotados no Chile por Pinochet e sofreram na pele por isso. Também perderam quando enfrentaram Franco, na Guerra Civil de Espanha, mas lutaram. Em Portugal, contra o Estado Novo, foram os que mais combateram e estiveram entre os que mais sofreram por isso.

Colocá-los na mesma plataforma que os fascistas ou os nazis, diz mais acerca de quem o faz do que dos comunistas.

Muitas vozes que se ouviram, a mais de três meses da data marcada para a realização da Festa do Avante, criticando a sua realização em tempos de pandemia, mais do que vozes preocupadas com a difusão do vírus, eram vozes anticomunistas. O seu anticomunismo falava mais alto do que reais preocupações sanitárias que diziam ter. Vozes toldadas pela ideologia, pelo anticomunismo. Desonestidade intelectual é o seu nome. Não enfio esse barrete, nem o barrete de qualquer ideologia. As minhas balizas sou eu que as traço.

À aproximação da data de realização da Festa, e avaliando a situação pandémica, os comunistas começaram a tomar medidas preventivas e a travar. Já limitaram o número de pessoas a entrar no evento para um terço, mas não se ficaram por essa medida. Vamos ver como será a Festa do Avante. Tomo os comunistas portugueses, como sempre tomei, por pessoas responsáveis e dignas de respeito.


terça-feira, dezembro 22, 2015

Para mal dos nossos pecados

«A ciência pode explicar o que existe no mundo, como funcionam as coisas e o que o futuro poderá reservar-nos. Por definição, não tem pretensões a saber como deverá ser o futuro. Apenas as religiões e as ideologias procuram responder a essas perguntas.»

Yuval Harari

Para mal dos nossos pecados. 

sábado, maio 04, 2013

A servidão ou a partida

1/05/2013 - Manifestação contra o capitalismo, em Seattle, acaba em motim.


Vós que cegamente votastes nestes,
Sabeis agora o que o neoliberalismo é?
Sabeis agora que o Estado pode ser um instrumento da luta de classes?
Que uma vez conquistado para as classes dominantes, estas o usam para transferir a riqueza da base para o topo?
E uma vez conquistado pelas classes exploradas, estas o usam para transferir a riqueza do topo para a base?
Para subtrair riquezas outrora subtraídas.

De que vos queixais agora?
É a vez deles! Fostes vós que os colocastes lá.
Destes-lhes o pleno: um presidente, uma maioria parlamentar, um governo.
Que esperáveis?

Bem podeis aguardar que caiam por si. Não cairão!
Resta-vos a rua ou o desespero,
a servidão ou a partida.

domingo, dezembro 16, 2012

Do neoliberalismo e dos que não crêem em tal (2)


A propósito disto e disto.

Há algum tempo atrás, nos idos de 2008, Vasco Pulido Valente (VPV) anunciava no Público que vivíamos numa Era onde as ideologias já não tinham lugar. Em curtas palavras, lembrava-nos a morte das ideologias. Esqueceu-se porém da ideologia dominante, nascida das cinzas das lutas ideológicas: o neoliberalismo (sabemos que muitos não ousam qualificá-lo como uma ideologia, preferindo chamar-lhe doutrina, enfim um anexo do capitalismo ou uma forma de capitalismo tardio, mais agressiva e invasora). O neoliberalismo emergiu das cinzas do fim do conflito entre o comunismo, enquanto projecto alternativo, e o capitalismo (*) e passou a dominar o mundo, embora tivesse de arrumar primeiro com a social-democracia e com o welfare state, que ainda resiste nalguns bastiões. O neoliberalismo não deve ser confundido com o antigo liberalismo. O neoliberalismo é aquilo em que o capitalismo dominante, tardio e vencedor, se tornou ou se transmutou. Depois da implosão do comunismo soviético, que por milagre lhe saiu da frente, foi a social-democracia o próximo alvo a abater.

Vasco Pulido Valente (VPV) não era um intelectual provinciano, pelo contrário, pertencia a uma elite cosmopolita pois era um daqueles que tinha "um olho em terra de cegos": “estudou” lá fora, andou pelas terras de Oxford. Ora nesse tempo do “orgulhosamente sós”, esses intelectuais cosmopolitas, arredados da "piolheira" e afastados das massas populares (dos "indígenas", da "populaça"), tinham o privilégio de trazer ideias novas e frescas do exterior. Os intelectuais provincianos, esses nacionalistas, foram os que ficaram (não por acaso, Maria Filomena Mónica, outra intelectual da outrora elite cosmopolita, agora tornada provinciana, considera “parolo” o actual nacionalismo - pode sê-lo, mas não o é o patriotismo). Mas a verdade é que VPV deve andar há muito arredado do que se escreve e debate na Academia. O homem provincianizou-se, só pode, porque se atentasse, por exemplo, no que actualmente escrevem os académicos britânicos e norte-americanos, entre outros, em particular na área das Ciências Sociais e das Humanidades, facilmente verificaria que o neoliberalismo é um conceito corrente, não só entre os radicais de esquerda. Que saia mais do Gambrinus e que vá ver o mundo.

É que o mundo mudou!



(*) Quando o comunismo soviético começou a decair nos anos 80.

sábado, agosto 01, 2009

Começar pelo princípio

Fernando Pessoa, Mensagem

É preciso descer a encosta e procurar outro caminho que nos leve ao cume da montanha. É necessário regressar ao sopé. Perdemos o trilho. A descida agora tem de ser cuidadosa, pois pode ser mais dolorosa do que a escalada se não for realizada com a necessária presença de espírito. Uma vez no sopé, é preciso tornar a avaliar o penhasco e procurar um possível novo percurso. E depois, voltar a tentar. Iniciar uma nova escalada. Procurar um novo caminho.

É esta a mensagem de Zizek*.

E ainda que tentem demover-nos, é preciso encarar a montanha que se ergue à nossa frente, em desafio. E a sua escalada é uma obrigação para todo aquele que não está contente com o mundo.

Na verdade, as causas do nosso descontentamento existem. São elas que nos motivam a subir e a não abandonar tão árdua tarefa. E o nosso descontentamento é o descontentamento com o mundo, hoje dominado pelo capitalismo neoliberal e pelos seus “antagonismos”: a sombria ameaça da catástrofe ecológica motivada pela capitalização de quase tudo (para os neoliberais, tudo o que é passível de ser comercializado no “mercado livre” é capital, desde florestas a presas de elefante, do petróleo a peles de foca); a transformação de toda a propriedade intelectual em propriedade privada; as implicações éticas e sociais dos novos desenvolvimentos tecnológicos, especialmente no campo da bio-genética; e as novas formas de apartheid social – dos muros aos condomínios fortaleza, das vedações eléctricas aos bairros-de-lata (Zizek, 2009: 53).

A montanha aguarda-nos.

O que esperamos?

Referências

*Zizek, Slavoj (2009); “How to begin from the beginning”, New Left Review, 57, May June 2009.

quarta-feira, julho 22, 2009

Comunismo vs Capitalismo

No comunismo o indivíduo perde-se no colectivo.

No capitalismo o colectivo perde-se no indivíduo.

terça-feira, setembro 09, 2008

Justiça social: algures entre a liberdade e a igualdade

A liberdade e a igualdade, em certa medida, encontram-se em pólos opostos. Ou dito de outra forma: não cabem no mesmo saco. A Revolução Francesa, ao querer juntá-las, arranjou-nos um bom sarilho. Sistemas económicos e políticos que promovem a igualdade ou a liberdade individual estão longe de serem socialmente justos. É preciso pois encontrar um sistema que promova a justiça social, algures entre a liberdade e a igualdade.

quinta-feira, agosto 28, 2008

A Ideologia Dominante

Querem fazer-nos crer que a ideologia morreu, que já não marca os nossos dias. Nada mais falso. Hoje há uma ideologia dominante que respiramos quase sem nos darmos conta. E por ser única e generalizada, tende paradoxalmente a passar despercebida por muitos. Parecemos ignorá-la, da mesma forma que um peixe ignora o oceano em que se encontra mergulhado. Tal como o marxismo, que teve os seus pais em Marx e Engels, a ideologia dominante tem os seus: Alfred Marshall, William Stanley Jevons e Leo Walras. Na segunda metade do século XX esta ideologia foi reavivada por homens como o filósofo político austríaco Friedrich von Hayek e o economista Milton Friedmann, que a fizeram emergir à primeira queda do keynesianismo. O neoliberalismo domina agora o nosso quotidiano e o nosso mundo e a sua pedra basilar é a liberdade individual, sendo o individualismo a sua expressão mais extremada. Daí a crise das ideologias que assentavam os seus princípios na igualdade, na solidariedade e na acção colectiva.

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