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quinta-feira, abril 01, 2010

As figuras exemplares do mal


As figuras exemplares do mal não são hoje os consumidores comuns que poluem o ambiente e vivem num mundo violento em que os laços sociais se desagregam, mas os que, embora plenamente implicados na criação de devastação e da poluição universais, compram uma via de saída que os afasta da sua própria actividade, vivendo em condomínios fechados, comendo alimentos biológicos, fazendo férias em reservas naturais, etc.

Slavoj Zizek (2008), Violência, Relógio D’Água, pág. 32.

sábado, agosto 01, 2009

Começar pelo princípio

Fernando Pessoa, Mensagem

É preciso descer a encosta e procurar outro caminho que nos leve ao cume da montanha. É necessário regressar ao sopé. Perdemos o trilho. A descida agora tem de ser cuidadosa, pois pode ser mais dolorosa do que a escalada se não for realizada com a necessária presença de espírito. Uma vez no sopé, é preciso tornar a avaliar o penhasco e procurar um possível novo percurso. E depois, voltar a tentar. Iniciar uma nova escalada. Procurar um novo caminho.

É esta a mensagem de Zizek*.

E ainda que tentem demover-nos, é preciso encarar a montanha que se ergue à nossa frente, em desafio. E a sua escalada é uma obrigação para todo aquele que não está contente com o mundo.

Na verdade, as causas do nosso descontentamento existem. São elas que nos motivam a subir e a não abandonar tão árdua tarefa. E o nosso descontentamento é o descontentamento com o mundo, hoje dominado pelo capitalismo neoliberal e pelos seus “antagonismos”: a sombria ameaça da catástrofe ecológica motivada pela capitalização de quase tudo (para os neoliberais, tudo o que é passível de ser comercializado no “mercado livre” é capital, desde florestas a presas de elefante, do petróleo a peles de foca); a transformação de toda a propriedade intelectual em propriedade privada; as implicações éticas e sociais dos novos desenvolvimentos tecnológicos, especialmente no campo da bio-genética; e as novas formas de apartheid social – dos muros aos condomínios fortaleza, das vedações eléctricas aos bairros-de-lata (Zizek, 2009: 53).

A montanha aguarda-nos.

O que esperamos?

Referências

*Zizek, Slavoj (2009); “How to begin from the beginning”, New Left Review, 57, May June 2009.

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