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domingo, julho 09, 2023

Tordesilhas

 


Daqui.

A soberba desta gente. Nem se dão conta. Na sua cabeça o mundo pode perfeitamente ser dividido em dois, qual novo Tordesilhas. “O mundo é suficientemente grande para os EUA e a China”. É traçar um meridiano para que não se atropelem na sua hegemonia sobre os demais. Que grandes que eles são.

segunda-feira, agosto 08, 2022

O mestre Sun disse


A Conduta da Guerra é

 

Uma Conduta de Enganos.

 

Quando posicionares as tuas tropas,

Age como se não fosse o caso.

 

Quando perto,

Finge-te longe.

 

Quando longe,

Finge-te perto.

 

Lança o engodo;

 

Desfere um ataque pronto.

 

Sun Tzu (séc. IV a.C.), A Arte da Guerra

Edições Quasi, 2008, p. 10

 

***

 

Foi o que os russos fizeram em Fevereiro, ou tentaram fazer. A conduta da guerra é uma conduta de enganos.

Manobras que não são manobras, mas o prelúdio de uma invasão.

Quando os chineses invadirem a Formosa, pouco antes, farão “manobras”.

domingo, novembro 24, 2013

E agora, o mercado interno chinês: consumir é glorioso!

«O que parece ser novo neste domínio [da globalização da economia] é o aumento exponencial da exportação da cultura de massas produzida no centro para a periferia e com ela das “estruturas de preferências” pelos objectos de consumo ocidental. Está-se a criar assim uma ideologia global consumista que se propaga com relativa independência em relação às práticas concretas de consumo de que continuam arredadas as grandes massas populacionais da periferia. Estas estão duplamente vitimizadas por este dispositivo ideológico: pela privação do consumo efectivo e pelo aprisionamento do desejo de o ter. Pior do que reduzir o desejo ao consumo é reduzir o consumo ao desejo do consumo.
Esta dupla vitimização é também uma dupla armadilha. Por um lado, nem o desenvolvimento desigual do capitalismo, nem os limites do eco-sistema planetário permitem a generalização a toda a população mundial dos padrões de consumo que são típicos dos países centrais

Boaventura de Sousa Santos, Pela Mão de Alice, 9ª ed., Almedina, 2013, Pág. 269
(os sublinhados são nossos)

Dizia bem Boaventura de Sousa Santos, que “as grandes massas populacionais da periferia” estavam “arredadas” das práticas de consumo vigentes no centro, mas não da publicidade suscitadora de novos desejos e de insuspeitas "necessidades", individuais e colectivas. Pois bem, essa realidade, que já muda, irá alterar-se rápida e profundamente. A China ao decidir aprofundar mais a sua política económica no sentido de “mais mercado e menos Estado”, alargando-a ao seu mercado interno, abraça definitivamente a biopolítica. Mais mercado, mais consumo interno, mais população (a China vai relaxar a sua política demográfica antinatalista), mais consumidores, mais contribuintes - esses novos escravos a formar… Mas também, mais poluição, mais consumo de energia, mais consumo de recursos naturais, mais ameaça à biodiversidade, mais, mais, mais… Se enriquecer era glorioso, é agora o consumo que passa a sê-lo. E assim se vai imiscuindo o deus mercado, insidiosamente, em todas as esferas da vida (e da Vida).

O mercado é o fetiche da China, esse país mutante. Comunista e capitalista, neoliberal e consumista.

domingo, janeiro 22, 2012

Da dificuldade em conter a expansão do neoliberalismo (isso que alguns teimam em não saber o que é)


 O actual modo de funcionamento da economia mundial (e hoje existe efectivamente uma economia mundial) juntamente com as elites extraterritoriais que a fazem funcionar favorecem organismos estatais que não podem de facto impor as condições de gestão da economia e, menos ainda, a impor restrições ao modo como aqueles que dirigem a economia entendem fazê-lo: a economia é hoje decididamente transnacional. Virtualmente em todos os Estados, pequenos ou grandes, a maior parte dos meios económicos mais importantes para a vida quotidiana da população são «estrangeiros» - ou, dado que foram removidas todas as barreiras aos movimentos do capital, podem tornar-se estrangeiros de um dia para o outro, caso os governantes locais suponham ingenuamente poder intervir.”

Zygmunt Bauman, A Vida Fragmentada, Ensaio sobre a Moral Pós-Moderna, relógio D’Água. 2007. Pág. 253-254.

***

Bauman escrevia em 1995, há 17 anos portanto, sobre a impotência dos Estados, ou dos “organismos estatais”, na determinação dos rumos da economia, que passou definitivamente a funcionar num quadro que transcende as nações (transnacional). O “modo de funcionamento da economia” a que se refere Bauman em 1995, não podia ser mais actual. Vivemos já a hora em que “a maior parte dos meios económicos mais importantes para a vida quotidiana da população” se tornam estrangeiros, e, poderíamos acrescentar, chineses. Comunistas capitalistas chineses! Os grandes vencedores da Era neoliberal. Trata-se de uma grande ironia. Eles não comem tudo; eles compram tudo! Esta semana foi a vez da Thames Water, a “maior empresa de água e saneamento do Reino Unido” (Público, 21 de Janeiro de 2012, pág. 15) que “abastece 8,8 milhões de consumidores com água e presta serviços de esgotos a cerca de 14 milhões de britânicos, em Londres e regiões próximas”, ter sido comprada em 8,7% pelo fundo de investimento China Investment Corporation. Já antes a Three Gorges tinha comprado 21,3% da EDP. Água, energia, saneamento básico… – “os meios económicos” mais importantes para a vida quotidiana da população”.

A China posiciona-se estrategicamente no campo geopolítico e geoeconómico da globalização. E não sejamos ingénuos: não o faz por altruísmo ou para “ajudar” o pobre Ocidente que até há pouco era rico e colonizador e que agora implora por mais dinheiro. Fá-lo porque procura ganhar uma posição hegemónica na economia e na política mundial. No futuro poderá impor os seus interesses ao mundo: o que fará o Ocidente (ou o mundo) quando a China ameaçar utilizar o embargo financeiro (essa nova arma), caso os seus interesses sejam contrariados, por exemplo, na questão de Taiwan, essa ilha que se segue, após Macau e Hong Kong?

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