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segunda-feira, setembro 03, 2018

A erosão da democracia na América


A democracia na América está a erodir-se a si mesma. Donald Trump foi eleito presidente com 26,3% dos eleitores. Hillary Clinton ganhou com 26,5%, mas perdeu o colégio eleitoral. Contudo há aqui um número mais relevante: aproximadamente 45% dos eleitores americanos não votou. Alguns não apareceram para votar por sentirem que o seu voto representaria uma gota no oceano, e alguns residiam nos estados onde o resultado não estaria em dúvida. Outros sentiram que nenhum dos candidatos poderia ou deveria fazer as coisas melhor. Mas muitos destes mais de 100 milhões de americanos eleitores não acreditavam que o resultado interessasse. Apenas 36,4% destes eleitores votaram nas eleições intermédias para o Congresso, em 2014.”

Ian Bremmer, Us vs. Them: The Failure of Globalism, Portfolio/Penguin, 2018, pp. 162-163.
(tradução nossa)

Aproximam-se novamente as eleições intermédias para o Congresso. Será este ano, em Novembro. Veremos então se se confirma esta tese da erosão da democracia na América.

Mas Bremmer prossegue no seu diagnóstico negro em relação à evolução da democracia na América:

Está a tornar-se pior. De acordo com um estudo publicado no The Journal of Democracy, a proporção de jovens americanos que considera ser importante viver num país democrático caiu dos 91% nos anos 30 para 57% hoje. Menos de um em três jovens americanos refere que é importante viver em democracia. Em 1995, apenas um em dezasseis americanos concordavam que seria “bom” ou “muito bom” ter um regime militar nos Estados Unidos. Em 2016, eram um em seis.”

Ian Bremmer, Us vs. Them: The Failure of Globalism, Portfolio/Penguin, 2018, p. 163.
(tradução nossa)

Sócrates, o filósofo, dizia que a tirania surge da democracia*, quando esta se afoga nos excessos da liberdade. Será que estamos a assistir a um processo desses nos E.U.A.?
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(*) “Acaso não é mais ou menos do mesmo modo que a democracia se forma a partir da oligarquia, que a tirania surge da democracia?” in Platão, A República, 9ª ed., FCG. 2001. Pág.  392.

terça-feira, agosto 28, 2018

"Eles"

Cristãos coptas, Egipto
Na política americana e europeia, “eles” é muitas vezes o imigrante que anseia entrar – o migrante mexicano ou da América Central que espera entrar nos Estados Unidos, ou o refugiado islâmico do Médio Oriente ou do Norte de África que espera viver na Alemanha, França, Grã-Bretanha ou Suécia. Nos países pobres, especialmente naqueles cujas fronteiras foram traçadas pelos colonizadores, “eles” é muitas vezes o outro étnico, religioso, ou de minorias sectárias com raízes mais antigas do que as próprias fronteiras. Pensemos nos muçulmanos da Índia, do oeste da China ou da região do Cáucaso na Rússia. Muçulmanos sunitas no Iraque ou muçulmanos xiitas na Arábia Saudita. Pensemos nos cristãos do Egipto ou nos curdos da Turquia. Pensemos nos chineses e noutras minorias étnicas da Indonésia e Malásia. Há muitos mais exemplos. Estes grupos tornam-se alvos fáceis quando os tempos se tornam difíceis e um político quer ganhar renome à sua custa. O Ruanda e a antiga Jugoslávia são exemplo dos contos sinistros mais recentes de como países em desenvolvimento com instituições fracas podem repetir atrocidades cometidas em eras anteriores.

Ian Bremmer, Us vs. Them: The Failure of Globalism, Portfolio/Penguin, 2018, p. 50.
(tradução nossa)

O que aí vem não é nada de bom


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