“A democracia na América está a erodir-se a si mesma. Donald Trump foi
eleito presidente com 26,3% dos eleitores. Hillary Clinton ganhou com 26,5%,
mas perdeu o colégio eleitoral. Contudo há aqui um número mais relevante:
aproximadamente 45% dos eleitores americanos não votou. Alguns não apareceram
para votar por sentirem que o seu voto representaria uma gota no oceano, e
alguns residiam nos estados onde o resultado não estaria em dúvida. Outros
sentiram que nenhum dos candidatos poderia ou deveria fazer as coisas melhor.
Mas muitos destes mais de 100 milhões de americanos eleitores não acreditavam
que o resultado interessasse. Apenas 36,4% destes eleitores votaram nas
eleições intermédias para o Congresso, em 2014.”
Ian Bremmer, Us vs. Them: The Failure of Globalism,
Portfolio/Penguin, 2018, pp. 162-163.
(tradução nossa)
Aproximam-se novamente as
eleições intermédias para o Congresso. Será este ano, em Novembro. Veremos então
se se confirma esta tese da erosão da democracia na América.
Mas Bremmer prossegue no seu
diagnóstico negro em relação à evolução da democracia na América:
“Está a tornar-se pior. De acordo com um estudo publicado no The Journal
of Democracy, a proporção de jovens
americanos que considera ser importante viver num país democrático caiu dos 91%
nos anos 30 para 57% hoje. Menos de um em três jovens americanos refere que é
importante viver em democracia. Em 1995, apenas um em dezasseis americanos
concordavam que seria “bom” ou “muito bom” ter um regime militar nos Estados
Unidos. Em 2016, eram um em seis.”
Ian Bremmer, Us vs. Them: The Failure of Globalism,
Portfolio/Penguin, 2018, p. 163.
(tradução nossa)
Sócrates, o filósofo, dizia que a
tirania surge da democracia*, quando esta se afoga nos excessos da liberdade.
Será que estamos a assistir a um processo desses nos E.U.A.?
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(*) “Acaso não é mais ou menos do
mesmo modo que a democracia se forma a partir da oligarquia, que a tirania
surge da democracia?” in Platão, A República,
9ª ed., FCG. 2001. Pág. 392.
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