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quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Ainda a resignação do Papa Bento XVI


Obviamente que lamentamos a sua partida nestas circunstâncias. E logo agora que começávamos a ouvi-lo com mais atenção. Até parece de propósito.

Logo agora que começávamos a concordar com as suas palavras e com a sua denúncia clara do "liberalismo radical" que toma conta do mundo e que está a lançar na pobreza multidões inteiras, polarizando as sociedades entre uma minoria de abastados e uma maioria de desprezados, empobrecidos e humilhados. Terão os seus conselheiros julgado que ensandecia ao ouvi-lo proferir tais palavras?

"É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus", disse Cristo uma vez. É claro que sabia do que falava!

Que o Papa que vem, também se oponha às modernices do capitalismo tardio, que tudo quer converter em mercadoria, até a própria Vida, para não falar dos simples prazeres da vida.

Que o que vem não seja um alinhado com os poderes e os poderosos deste mundo, nem com os consumidores-reis, mimados, infantilizados, individualistas, hedonistas, estupidificados pelo mais abjecto materialismo, iludidos pelo ópio publicitário invasor de toda a privacidade e colectividade.

Que seja mais forte do que este Papa mas tão jovem quanto este, porque este era jovem de espírito.

É preciso dizer NÃO a muito e a muitos. É preciso coragem, combatividade e antagonismo.

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Agora, e mudando de assunto, que interessa que o Papa Emérito deixe as suas vestes douradas e passe a envergar brancas, e que passe a calçar sapatos castanhos em vez de vermelhos, e que o seu anel de ouro seja destruído?

É ao anunciar estas ninharias que a Igreja se trai. Parece comprazer-se em alimentar o habitual circo para entreter as massas, ávidas de banalidades, santinhos e velas.

domingo, fevereiro 17, 2013

Terá o Papa abandonado a cruz?

REUTERS/ANSA/ALESSANDRO DI MEO

Agora que a poeira assentou, a excepcional situação criada pela resignação do Papa levanta um conjunto de questões sensíveis, em particular, aos católicos. Logo após a resignação do Papa pelos motivos que se conhecem, ouviram-se vozes enaltecendo o acto, como sendo um feito corajoso e perfeitamente aceitável, dadas as circunstâncias pessoais (físicas) em que o Santo Padre se encontra. Poderíamos dizer contudo, que coragem seria o Papa ficar no seu lugar até à morte, não obstante o seu sofrimento. A verdade é que nunca, nos últimos 598 anos, um Papa abandonou a sua cruz. A verdade é que a Paixão de Cristo encerra a mensagem de que cada um tem a sua cruz para carregar, que o Salvador carregou a dele (nas palavras do filósofo Miguel de Unamuno, na sua obra Do Sentimento Trágico da Vida). Que viver também é sofrer*. Assim, esta abdicação não deixa de ser um sinal de grande fraqueza e crise no seio do catolicismo. Por isso se compreende a pressa dos sacerdotes em normalizarem uma situação irregular e que só enfraquece a Igreja.
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(*) Consta que, num suposto certame, Homero foi questionado relativamente à melhor coisa que poderia acontecer aos mortais, ao que o Poeta respondeu que “o melhor para os mortais que habitam sobre a terra é não nascer; mas tendo nascido, ultrapassar sem demora os portões do Hades.” (Já aqui fizemos referência a esta questão). O que queria dizer Homero com tão desgraçada resposta, que não o favoreceu no referido certame? Que viver implica sofrer e depois morrer, e que, quanto menor for a duração da vida, menor será o sofrimento. É um ponto de vista difícil de aceitar nos nossos hedónicos tempos, mas assim é. Viver implica carregar com essa cruz do sofrimento. Ora o Papa não morreu, mas alijou a sua carga ao descer da cruz. Porém, do ponto de vista de um católico, não se pode descer da cruz. Ou por outras palavras, não é lá muito católico descer da cruz.

Quanto à cruz da Igreja, outro a carregará, pois em breve teremos Papa, mas fica sempre a questão relativa ao exemplo do Papa que abandonou a cruz  antes do momento habitualmente determinado por Deus – o momento da morte. Terá o Papa contrariado os desígnios de Deus ao resignar por decisão pessoal e portanto, por decisão humana? Ter-se-á o Homem antecipado a Deus?

Consta que já relampejou na alta cúpula da basílica de São Pedro. Estará Deus zangado?

domingo, janeiro 06, 2013

Palavras de um insuspeito muito suspeito, para alguns...


«Na realidade o nosso tempo, caracterizado pela globalização, com seus aspectos positivos e negativos, e também por sangrentos conflitos ainda em curso e por ameaças de guerra, requer um renovado e concorde empenho na busca do bem comum, do desenvolvimento de todo o homem e do homem todo.

Causam apreensão os focos de tensão e conflito causados por crescentes desigualdades entre ricos e pobres, pelo predomínio duma mentalidade egoísta e individualista que se exprime inclusivamente por um capitalismo financeiro desregrado. Além de variadas formas de terrorismo e criminalidade internacional, põem em perigo a paz aqueles fundamentalismos e fanatismos que distorcem a verdadeira natureza da religião, chamada a favorecer a comunhão e a reconciliação entre os homens.

(…)

Por isso, é indispensável que as várias culturas de hoje superem antropologias e éticas fundadas sobre motivos teorico-práticos meramente subjectivistas e pragmáticos, em virtude dos quais as relações da convivência se inspiram em critérios de poder ou de lucro, os meios tornam-se fins, e vice-versa, a cultura e a educação concentram-se apenas nos instrumentos, na técnica e na eficiência. Condição preliminar para a paz é o desmantelamento da ditadura do relativismo e da apologia duma moral totalmente autónoma, que impede o reconhecimento de quão imprescindível seja a lei moral natural inscrita por Deus [quem for ateu que omita ou risque as palavras por Deus e continue lendo] na consciência de cada homem

Mensagem de Sua Santidade Bento XVI para a Celebração do XLVI Dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro de 2013. AQUI.

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E não é que estou de acordo.
O Papa consegue ser mais "radical" que o Cardeal Policarpo. E esta.
E estou-me nas tintas para os sapatos que usa, se são Prada ou outros, que me importa, seus anticlericais duma figa. Ele que calce o que quiser e que lhe sirva nos seus santos pés.

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Até na Antiga Grécia os mais sábios não deixavam de visitar, por vezes, o Templo de Apolo, para ouvir a Pitonisa.

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P.S. – E não, não sou o João César das Neves, nem por sombras.

segunda-feira, dezembro 17, 2012

O neoliberalismo e os seus nomes

Há quem lhe chame liberalismo radical (o Papa Bento XVI), há quem se lhe refira como sendo ultraliberalismo, outros referem-se à teologia do mercado, outros chamam-lhe neoliberalismo. Outros fazem manobras de contorcionismo para contornarem a palavra “neoliberalismo”. Mas que diabo, é só uma palavra, um rótulo (sim sabemos que as palavras são importantes, contudo não são mais importantes do que os factos). Chamem-lhe o que quiserem, chamem-lhe "batatas", se quiserem. Os fins e os efeitos da prática desta doutrina estão à vista de todos e são incontornáveis, ainda que alguns teimem em chamar-lhe liberalismo tout court, como se de o mesmo se tratasse. Problema deles.

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