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sexta-feira, julho 22, 2022

Do insulto: a propósito de perguntas insultuosas

 Sentir-se ofendido e vítima continua a ser uma estratégia bastante rentável perante quem nos confronta.

João Maurício Brás, Os Novos Bárbaros, Opera Omnia, 2021, p.22

 

Se alguém ou alguma coisa nos ofende – isto é, nos insulta de uma forma ou de outra – somos, sem dúvida, cúmplices do insulto. Porquê? Porque nos deixámos ofender pelo insulto.

Lou Marinoff, Mais Platão, Menos Prozac!, Editorial Presença, 2002, p. 59

 

Se quiserem, as pessoas encontram sempre um motivo para se ofenderem, mas, nesse caso, o problema é delas. O seu problema é que têm necessidade de sentirem que estão a ser ofendidas.

Lou Marinoff, Mais Platão, Menos Prozac!, Editorial Presença, 2002, p. 60

quinta-feira, julho 21, 2022

Livros lidos: O Atraso Português, Modo de Ser ou Modo de Estar

 

João Maurício Brás, O Atraso Português, Modo de Ser ou Modo de Estar, Guerra & Paz, 2022


µµµµµ


Um livro que todos os adultos portugueses, sejam jovens, maduros ou velhos (sim, há jovens que são adultos e adultos que são jovens, embora a infantilização dos adultos prolifere nos nossos tempos, na civilização ocidental: adultos infantilizados, para não dizer imbecilizados, é, aliás, coisa que não falta) deviam ler para saberem em que país estão metidos, em que povo estão metidos e por que pensam como pensam. E por isso mesmo, um livro que os responsáveis (e irresponsáveis) políticos deviam ler, os que nos governam e os que nos desgovernam.

Desde a Causa das Coisas (um o melhor livro de Miguel Esteves Cardoso) que não liamos com tanto gosto um livro sobre o nosso país e sobre nós, os portugueses, embora Miguel Esteves Cardoso tenha optado pelo humor para nos retratar. João Maurício Brás segue outros caminhos, da Filosofia à História, passando pela Política, Economia, Sociologia, Literatura, e por aí fora, apoiando-se em autores gigantes (entre os quais, os nossos gigantes), com destaque para Antero de Quental. E a sua escrita é clara e acessível ao comum dos mortais.

Um livro que responde à questão: por que temos a mentalidade que temos? Porque é uma questão mental, aquela que temos connosco mesmos. João Maurício Brás, descansa-nos logo à partida: o atraso português não é ôntico, é estrutural, é mental (mentalidade herdada de séculos e ainda por nós alimentada, sem quase nos apercebermos). Estamos efectivamente presos a uma teia mental da qual é muito difícil libertar-nos, principalmente se não o reconhecermos. Difícil, mas não impossível. As mentalidades também mudam, mas demoram tempo a mudar.

Voltaremos a este livro.

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Do livro:

 

Não há um modo de ser português, identificado num antes, num agora e para sempre.

Brás, op. cit., pág. 80

 

O atraso como resultado de características ônticas que explicariam a identidade de alguns povos teve o seu tempo áureo.

Brás, op. cit., pág. 81

 

O destino de cada povo é, em muito, o que ele quer e consente que seja, a identidade de um país também é a ideia de futuro que dele se tem e o que cada um está disposto a fazer.

Brás, op. cit., pág. 16

A intransigência para com os políticos e os média, mas também para connosco, é outro passo incontornável para invertermos essa tendência de persistirmos em aprofundar a nossa miséria.

Brás, op. cit., pág. 16

domingo, fevereiro 28, 2021

Um fogo sempre vivo

 Esta ordem do mundo [a mesma de todos] não a criou nenhum dos deuses, nem dos homens, mas sempre existiu e existe e há-de existir: um fogo sempre vivo, que se acende com medida e com medida se extingue.

Heraclito

in, Kirk, G.; Raven, J.; Schofield, M., Os Filósofos Pré-Socráticos, 6ª ed. Fundação Calouste Gulbenkian, 2008, p. 205

 

O fogo está na origem de todas as coisas. Não somos nós feitos do pó das estrelas? O fogo estará no fim de todas as coisas. Mas há quem anuncie um universo vazio e infinito em resultado de uma expansão incessante, em que as estrelas se perderão de vista e o céu dos mundos se tornará negro, sem pontos de luz. Um universo frio, uma solidão infinita.

 

Talvez nessa altura se construa uma abóbada virtual, a envolver o mundo, como num planetário, para que não nos sintamos sós. Um simulacro de céu estrelado.

***

Ontem no Japão foi empossado o Ministro da Solidão. Justamente no país do sol nascente. O país que ostenta o fogo da manhã na sua bandeira. A pátria dos hikikomori. Decerto muitos japoneses, nas suas cidades luminosas, perderam a capacidade de ver o céu estrelado. Vivem sós num mundo cada vez mais artificial, nas estruturas e nas relações.

 

É-se só em Tóquio. Uma cidade (área metropolitana incluída) de 30 milhões de habitantes. A maior cidade do mundo. Não deixa de ser uma ironia. É exactamente na multidão que se encontra a solidão.

É exactamente no Japão que se encontra a solidão.





segunda-feira, outubro 05, 2020

A natureza humana. Che cos'è?

 “A natureza humana, o que quer que isso seja”, li um dia não sei onde, nem dito por quem. Perdi a referência. Talvez Agostinho da Silva… Não posso garantir. Dão-se alvíssaras a quem encontrar.

 

A natureza humana. Che cos'è?

 

Talvez os mitos nos digam mais sobre a nossa própria natureza do que aturados filósofos, que continuam em busca do “conhece-te a ti mesmo”. Permanecemos desconhecidos perante nós mesmos. E por muito que nos conheçamos, nunca nos conhecemos. O que somos? Quem somos? Por que somos? A cada avanço no sentido do conhecimento acerca de nós mesmos, um imenso desconhecido abre-se logo à nossa frente. A cada clareira de conhecimento que desbravamos, apreendemos logo uma imensa selva da qual não se adivinham os confins. Os seus limites, a existirem, vão muito para além de todos os horizontes, em qualquer direcção, para onde olhemos. Estamos perdidos à procura de nós mesmos e a busca é incessante. Por isso não nos venham falar com tanta certeza da natureza humana. Sabemos apenas que estamos juntos e que amamos. Talvez constitua o melhor da nossa natureza: a capacidade de amar em momentos difíceis e até adversos, pela simples compreensão das nossas próprias fraquezas.

terça-feira, setembro 29, 2020

Paidéia, um lamento

 Paidéia ou educação era, até agora, o esforço de tirar a criança brincalhona, sensível, hedonista e curiosa da forma de ser do pequeno grupo, conduzindo-a ao clima universal das cidades e dos impérios com as suas perspectivas ampliadas, as suas lutas difíceis e o seu árduo trabalho forçado contra si mesmo. A tradição chamava adulto ao homem que tinha aprendido a procurar as suas satisfações em esferas sem felicidade. «A pessoa não tratada severamente não se educa.» Quando nasceram filosofias ou interpretações do mundo de tipo cultural avançado, foram também sempre escolas de tornar adulto no sentido de uma mudança da alma para maior.

 

Peter Sloterdijk, O Estranhamento do Mundo, Relógio D’Agua, 2008, pág. 217

 

***

A educação já não é a paidéia. Como resultado triunfou o hedonismo. O homem adulto infantilizou-se, cada vez menos preparado para enfrentar a vida, o sofrimento e a morte, ao contrário dos bons velhos estóicos. A alma dos homens do Ocidente apequenou-se.

domingo, setembro 27, 2020

Livro Lido: O Mundo às Avessas, O Manicómio Contemporâneo

 João Maurício Brás, O Mundo às Avessas, O Manicómio Contemporâneo, Opera Omnia, 2018


****

O livro ilustra bem a decadência em que estão a cair os cursos de Ciências Socias e Humanas, contaminados e parasitados, cada vez mais, pelos novos dogmas da pós-modernidade, que de ciência nada têm. As ciências sociais não foram capazes de lidar com os seus falhanços, ou hipóteses não confirmadas pela experiência, a horrível e trágica experiência do século XX. Em vez de criarem novas hipóteses e abandonarem velhas premissas, tal como o fazem as ciências naturais, tecnológicas e exactas – para se chegar a uma teoria, em ciência, muitas hipóteses são testadas e a maioria acaba por não se confirmar, mas daí retiram-se aprendizagens e conclusões que ajudam a encontrar o caminho – as ciências sociais lançaram fora a água do banho com o bebé lá dentro. Um sociólogo, um antropólogo ou um geógrafo humano do final do século XIX e início do século XX, se agora fosse confrontado com os programas e as ideias dos atuais cursos dessas ciências, não as reconheceria, nem se reconheceria nelas. Pelo menos parece ser para aí que as coisas se encaminham, se não atalharem rapidamente caminho e inverterem o rumo. As Ciências Sociais renegam agora os seus cânones e os seus clássicos, e desenraízam-se.

 

Estamos então perante um maravilhoso mundo novo nada recomendável, totalitário e delirante no campo das ideias, no que concerne às Ciências Sociais e Humanas, na academia.

 

Se a Universidade hoje ainda se salva, é pelas Ciências Naturais e Exactas (Física, Química, Biologia, Geofísica, Matemática, etc.) pela Arquitectura e pela Medicina. As Ciências Sociais encontram-se enredadas numa crise sem tamanho – uma crise de identidade.


***

Alguns sublinhados do livro:

 

Os departamentos universitários de Ciências Sociais e Humanas atravessam tempos complicados. Se em muitas das áreas já não encontramos conhecimento mas ideologia, a sua influência tem peso, ainda que de modo difuso. O seu prestígio científico desapareceu, mas fornecem caução intelectual a certas agendas políticas.

Estas áreas académicas estão transformadas em ciências da cultura e estudos críticos, estudos de género, estudos étnicos, pós-colonialistas e queers studies. Não podemos esquecer também os departamentos de arte e literatura, que oferecem e produzem trabalhos e teses totalmente incompreensíveis, onde tudo e o seu contrário é possível. (…)

Pág. 156

O drama profundo dessas áreas académicas [estudos culturais, literários, na arte, no cinema, na moda, etc.]  é que, para além do palavreado hermético e gongórico, lhes subjaz uma orientação política e ideológica intransigente, histérica e totalitária, mas influente.

Pág. 160

 

***

 

Bem-vindo, portanto, ao mundo novo, que nada tem de admirável.

Bem-vindo ao manicómio contemporâneo que se vai instalando na ala das Ciências Sociais da academia.

sexta-feira, setembro 18, 2020

O triunfo da boçalidade

As mentes não se conquistam pela força, mas pelo amor e pela elevação espiritual.

Baruch Espinosa, Ética, 1677

(citado em por Ann Druyan, Cosmos: Mundos Possíveis, Gradiva, 2020)


                                                                 ***

O grande filósofo Baruch Espinosa morreu novo. Tinha 44 anos. Polia lentes.

Reflicto na sua frase e constato que nos nossos tempos já não se aplica.  Se não, então como justificar a ascensão de Trump, de Bolsonaro ou de Duterte, assim como de outros ignorantes, aos lugares cimeiros da governação das respectivas nações? Como conquistaram eles as mentes dos homens? Com amor? Com elevação espiritual? Não me parece. Outros valores pesam mais hoje na conquista das mentes. Ou as mentes são outras. Mentes maleáveis e empobrecidas pela deseducação metralhada dos mass media, do marketing e da propaganda. Mentes acríticas, incapazes de formular uma sábia avaliação. Mentes que votam sem saber distinguir a forma do conteúdo. Mentes que formam maiorias eleitorais expressivas.

O amor e a elevação espiritual perderam valor nos nossos dias. Parecem já não contar na batalha pelas mentes. A boçalidade triunfa.


terça-feira, setembro 15, 2020

The West is the Best


Basta ver como até na academia, particularmente nas ciências sociais e humanas, o conhecimento é ativismo e ignorância. Os estudos culturais, de género, pós-colonialismos, literaturas disto e daquilo, estudos críticos e mesmo algumas derivas mais loucas e disparatadas que tanto podem ser estudos homossexuais, guionismo pós-pornografias, seminários de masturbação feminina como promoção da diversidade, os mais de cem géneros, as monomanias libertistas, a afro-matemática, as denúncias sobre geografia machista, seriam apenas hilariantes, se não fossem levadas a sério.
(…)
A visão do mundo ocidental e as suas políticas dominantes apresentam-se como forma hipermoderna de tirania. Afinal esta é a melhor civilização de sempre, tão boa que não tem alternativa, o seu absolutismo sinuoso é incontestado.

João Maurício Brás, 
Os Democratas que Destruíram a Democracia, 2019, Opera Omnia, pág. 12.


***

Estamos cada vez mais tomados por uma visão dualista, entre opressores e oprimidos, como se a realidade não fosse ela mais complexa. Como se os que agora se vitimizam, ou os que dizem ser os oprimidos da história, também eles (muitos deles, nem todos) não tivessem feito parte do jogo. E como se o jogo não fosse ele mais complexo, muito para além de uma análise dual entre dominadores e dominados.

A civilização ocidental é a melhor de todas. Ainda é, e provavelmente será. Legou-nos o melhor da filosofia, da ciência, da matemática, da música, do teatro, do cinema, da pintura, do desporto olímpico, etc., etc., etc. Mas há quem ande por aí, entre nós, na Academia, a tentar desvalorizá-la, ainda que seja emulada por todas as outras civilizações.

quinta-feira, setembro 03, 2020

Contra o relativismo cultural e o construtivismo

 “O civilizado descobriu que a cultura ocidental afinal era obsoleta e má, racista, machista, sexista, homofóbica, patriarcal, heteronormativa e egofalocêntrica. (…) Descobrimos o fim da história, o fim do homem, o fim da metafísica, que a ciência é ideologia, que não há verdade, nem objetividade, nem realidade, que tudo é cultural, político e construção social” (pág. 10).
João Maurício Brás
Os Democratas que Destruíram a Democracia (Opera Omnia, 2019), p.10
citado por Carlos Fiolhais, aqui e aqui.

"Quando se descobriu que o faraó Ramsés II tinha morrido de tuberculose, [Bruno] Latour discordou, uma vez que o bacilo da tuberculose só foi descoberto por Koch em 1882. Antes dessa descoberta, não poderia existir a bactéria… Chama-se a isto “construtivismo”: as coisas não existem, têm de ser inventadas. Não há uma realidade, mas sim, e tão-só, construções mentais."
Carlhos Fiolhais
no Jornal i, aqui, referindo-se ao texto de João Maurício Brás, em que critica Latour.

Comentário de Carlos Ricardo Soares, um leitor do blogue De Rerum Natura:

"Há mil anos quem tinha um olho era rei.
Hoje, quem tem dois olhos nem sabe o que é um rei e um rei não sabe o que é um olho, embora tenha dois."
***
Assim é. Infelizmente as Ciências Sociais, na Academia, estão a enveredar pelo caminho do relativismo cultural e do construtivismo. Allan Bloom escreveu 1987 um longo ensaio sobre o declínio da cultura geral e de como a educação superior – as Humanidades e as Ciências Sociais – estava a defraudar a democracia e a empobrecer os espíritos. Denunciava então o relativismo cultural. Tinha razão. No seu livro mais recente, João Maurício Brás acusa os democratas de terem destruído a democracia. Não é por acaso. Os eleitores de grandes democracias como a brasileira e a norte americana elegeram ignorantes para os guiarem. Há algo de muito errado aqui.

quinta-feira, agosto 06, 2020

Uma birra de filósofo


Bernard-Henri Lévi, Este Vírus que nos Enlouquece, Guerra e Paz, 2020.

óóóó

As ideias são mais teimosas do que os factos (pág. 29) e no entanto, afirma Bernard-Henri Lévy, as ideias também morrem, porque vivem da mesma maneira que os seres humanos. (pág. 23) 

Discordamos. A morte é um facto e as ideias sobrevivem-lhe.

E mais adiante afirma:

A velha lua marxista da crise do final do capitalismo misturou-se com a colapsologia. (pág. 42)

ΩΩΩ

As ideias não vivem da mesma maneira que os seres humanos, ao contrário do que diz Bernard-Henri Lévy. Atravessam gerações, vivem para além dos seres humanos que as difundiram. É por isso que a velha ideia marxista, essa lua, nas próprias palavras do filósofo francês, é velha e persiste. Sobreviveu a Marx, assim como o cristianismo sobreviveu a Cristo. As ideias só morrerão com a morte do último homem. Não estamos aí.

Afirma também Bernard-Henri Lévy que os vírus, no fundo, são muito mais a arma de um crime da natureza contra o homem do que um sinal de violência dos homens contra a natureza… (pág. 40). Ora se o filósofo não é favorável à personificação do vírus – o vírus não pensa, nem tem uma intenção - como se depreende da leitura das páginas 38 e 39, já concede que a natureza comete um crime contra o homem. A natureza não comete crimes, dizemos nós, da mesma forma que o vírus também não. O homem é que os comete, se quisermos persistir no dualismo homem/natureza.

Na verdade, o homem é parte da natureza. Exactamente aquela parte que comete crimes, se quisermos. O dualismo homem/natureza é uma simplificação que nos ajuda a ler a realidade, mas não é a realidade.

Concordamos mais com Boaventura de Sousa Santos (2020) quando afirma: “Não se trata de vingança da Natureza. Trata-se de pura auto-defesa.” O homem é o agressor.

Concordamos também com Peter Sloterdijk, que escreveu, na década de 80 do século passado, o seguinte:


A natureza, não humana, defende-se.

Há uma birra de Bernard-Henri Lévy contra a situação em que nos encontramos, como se o homem fosse uma vítima injusta da ira da natureza. Tem todo o direito de pensar assim.

O seu livro é muito interessante, mas que há ali uma birra há.
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Referências

Bernard-Henri Lévi, Este Vírus que nos Enlouquece, Guerra e Paz, 2020.
Boaventura de Sousa Santos, A Cruel Pedagogia do Vírus, Edições Almedina, 2020.
Peter Sloterdijk, Crítica da Razão Cínica, Relógio D’Água, 2011.

sexta-feira, setembro 14, 2018

Censura: a política contra a reflexão


A história da censura resume-se nesta fórmula. É a história da política contra a reflexão. No momento em que alguns seres humanos amadurecem o suficiente para conhecerem a verdade sobre si próprios e sobre a sua condição social, os detentores de poder desde sempre tentaram partir os espelhos que revelavam aos seres humanos quem eram e o que lhes acontecia.
Peter Sloterdijk (1983)


Peter Sloterdijk , Crítica da Razão Cínica, Relógio D’Água, 2011, p. 116.

***

Quem detém informação detém poder. Esse poder é tanto mais efectivo quanto maior for o monopólio da informação. Neste sentido partilhar informação significa partilhar poder. Para manter a sua posição iluminada uma minoria acaba por sujeitar a maioria à escuridão. 

sábado, junho 17, 2017

Um súbito despertar em sobressalto


O último teste para esta projecção da Terra-mãe na totalidade mundana começou com a crise ecológica da Terra, que é, simultaneamente, a primeira crise da humanidade. Esta crise actual da mundaneidade vai mais fundo do que as que surgiram sob a pressão das religiões de redenção e da antiga apocalíptica. Porque para a humanidade actual torna-se, pela primeira vez, verdadeiramente visível na sua totalidade a sua casa comum real no momento da sua destruição. Na tentativa dos povos de mudarem para ela, descobrem-na como algo que já está inexoravelmente em vias de devastação. Esta crise da mundaneidade põe à partida em questão o poder-ser-casa da Terra e o poder habitar da humanidade.

Peter Sloterdijk, O Estranhamento do Mundo, Relógio D’Água. 2008. Pág. 218.

***

Suprema ironia. No preciso momento em que, pela primeira vez, vislumbramos o planeta que nos acolhe, na sua totalidade, tomamos consciência da devastação que o consome e que nos poderá vir a consumir. É como se acordássemos subitamente, sobressaltados, numa casa em chamas. É preciso fazer algo para nos salvarmos e salvarmos o lar “que já está inexoravelmente em vias de devastação”.

Suprema ironia. Quando dormíamos, o nosso sono era reparador e profundo, alheio a todos os perigos. Foi preciso acordar para nos apercebermos da nossa fragilidade e dos efeitos secundários dos actos que cometíamos enquanto sonâmbulos. Agora toda a Terra é a nossa circunstância, sem a qual não há Eu que resista. Vivemos também uma crise de mundaneidade (e não só ecológica), pois só quando o Homem vislumbra a Terra na sua totalidade se apercebe da própria Humanidade que o planeta encerra. Não é apenas a Terra que é vislumbrada na sua totalidade, mas também a Ecúmena.

Poderíamos colocar aqui algumas objecções ao parágrafo do Sloterdijk: quão inexorável é esse processo de devastação? “Inexorável” é uma palavra forte, em rota de colisão com a nossa civilização que teima em resistir e em confrontar tudo quanto é desafio, em particular os desafios que ameaçam a sua própria existência. Será assim tão inexorável a devastação ao ponto de ser irreversível? Logo agora que tomámos consciência da devastação, é tarde demais para agir? Neste momento em que acordámos, vamos já assumir que o planeta “está inexoravelmente em vias de devastação”? Ou estaremos negação, não querendo assumir a inexorabilidade de um apocalipse?

Só um deus pode salvar-nos, disse um filósofo do pessimismo. Pessimismo ou realismo?

A última frase do parágrafo é muito questionável num dos seus termos: não é “o poder-ser-casa” da Terra que está em questão. A Terra já deu provas do seu “poder-ser-casa”. O que está em causa é o poder habitar da Humanidade. O que está em causa é o habitante e não a casa. A casa, para dizer a verdade, já teve outros habitantes, noutras circunstâncias.


sexta-feira, junho 09, 2017

“E também não gosto…” Nietzsche não era anti-semita e por certo não gostaria de nazis

«Mas não gosto de todos esses pequenos percevejos, cuja ambição insaciável é a de libertar o cheiro infinito, até o infinito acabar por cheirar a percevejos; não gosto de túmulos redecorados que imitam a vida; não gosto dos homens cansados e gastos que se embrulham em sabedoria e têm uma visão «objectiva»; não gosto de agitadores que se vestem de heróis e disfarçam a velha cabeça de alho chocho com um boné mágico de ideias; não gosto de artistas ambiciosos que aspiram representar o ascético e o sacerdote e que, no fundo não passam de palhaços trágicos; e também não gosto desses especuladores mais recentes no idealismo, os anti-semitas que, a rolar os olhos num estilo cristão-ariano-filisteu, procuram despertar todos os elementos bovinos do povo através de um abuso exasperante dos meios mais vis de agitação e atitudes morais (que todo o tipo de fraude intelectual alcança algum grau de sucesso na Alemanha de hoje está relacionado com a estultificação inegável e já tangível da mente alemã, cuja causa procuro numa dieta extremamente exclusiva de jornais, políticas, cerveja e música wagneriana, incluindo o que esta dieta pressupõe: em primeiro lugar a constrição e vaidade características da nação, o princípio forte mais limitado de «Deutschland, Deutschland über alles», bem como a paralysis agitans das ideias modernas»).»

Friedrich Nietzsche, A Genealogia da Moral, Publicações Europa-América, 2002, pág. 134 (livro de bolso) (o destaque a negrito é nosso)

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Que eram eles, esses nazis, senão “pequenos percevejos” que empestavam o mundo, querendo que o mundo cheirasse como eles. Não foi a sua ideologia um “túmulo redecorado de vida”? Não eram eles “agitadores vestidos de heróis” nas suas fardas e botas cardadas? Palhaços trágicos! Anti-semitas que despertaram os “elementos bovinos” do povo alemão, “através do abuso exasperante dos meios mais vis de agitação e atitudes morais”. Eis os homenzinhos das SS, nas suas primeiras “acções de combate”, quando saltavam dos seus camiõezinhos ao som de apitos e se punham a dar cacetadas nos sociais-democratas, como nos narra Stefan Zweig:

«Certo dia, quatro camiões chegaram de repente a grande velocidade a uma localidade fronteiriça onde se estava a realizar um comício pacífico dos social-democratas; cada camião vinha apinhado de jovens nacional-socialistas empunhando cacetes de borracha, e tal como me tinha sido dado ver, na Praça de São Marcos em Veneza, também estes aqui surpreenderam, pela sua rapidez, todos os presentes que foram apanhados desprevenidos. Tratou-se exactamente do mesmo método copiado dos fascistas, só que aprendido com férrea precisão militar e sistematicamente organizado até ao último pormenor, à maneira alemã. A um assobio, os homens das SS saltaram dos veículos à velocidade de um raio, bateram com os seus cacetes de borracha em quem lhes aparecia pela frente e, antes que a polícia pudesse intervir, ou os trabalhadores pudessem juntar-se, já eles tinham voltado a saltar para dentro dos camiões que partiram à desfilada.»

    Stefan Zweig, O Mundo de Ontem, Recordações de um Europeu, Assírio & Alvim, 2005, pág. 394


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Não, Nietzsche não era anti-semita, e por certo abominaria nazis. Parece tê-los cheirado com muitos anos de antecedência, muito antes dos contemporâneos daqueles se terem apercebido do que aí vinha.

sábado, setembro 20, 2014

A Revolução Industrial e a guerra contra a Terra

Desde a revolução industrial nascida das minas de ferro britânicas, a metalização da sociedade adquiriu ainda uma nova dimensão. Simultaneamente, a exploração do interior da terra dá um salto. Nascem então minas gigantescas que descem até às profundidades mais negras das entranhas da terra. Os mineiros tornam-se o exército-fantasma da civilização industrial – exploradores explorados; os operários da siderurgia tornam-se a tropa de elite do ataque capitalista contra a crosta «avara» da terra. Finalmente, a economia moderna capitaliza todas as riquezas naturais do subsolo e, por milhões de penetrações, de perfurações e de extracções, faz avançar a guerra mineralógica contra a crosta da terra para queimar as riquezas extraídas ou para as transformar em utensílios e em sistemas de armamento. Quotidianamente, as civilizações industriais condenam à morte milhões e milhões de seres vivos e milhões de toneladas de substâncias. Nelas se consuma a relação mantida com a terra pelos senhores saqueadores das civilizações ocidentais.

Peter Sloterdijk, Crítica da Razão Cínica, Relógio D’Água, 2011, p. 444.

 ***

A difusão planetária da industrialização generalizou a guerra contra a Terra. Já não é apenas uma questão entre as civilizações ocidentais e a Terra. Os saqueadores estão por todo o lado e o saque realiza-se já em todos os espaços civilizacionais, incluindo os das civilizações não ocidentais, emuladoras do Ocidente. Com a Revolução Industrial, o saque, que já antes se iniciara, agudizou-se, tornou-se virulento e pandémico. 

sexta-feira, setembro 05, 2014

E aí, onde aparece, começa a noite escura

No «projéctil capaz de pensar», chegámos ao ponto extremo da moderna dissimulação do sujeito, pois o que se chama sujeito na época moderna é na verdade esse eu da autoconservação que se está a retirar passo a passo da vida até ao auge paranóico.
(…)
A próxima grande guerra já só verá como combatentes pessoas esquizofrénicas e máquinas. Homunculi, representantes do Estado, gerentes-lémures desdobrados das forças destrutivas, premirão, quando «for preciso», os botões decisivos, e robots heróicos assim como máquinas infernais «capazes de pensar» saltarão uns sobre os outros – o experimentum mundum estará terminado: o ser humano era um falhanço. O Iluminismo só pode extrair a seguinte conclusão: não se pode iluminar, esclarecer [al. aufklären] o ser humano, pois este era já em si a falsa premissa do Iluminismo. O ser humano não basta. Encerra em si o princípio obscurecente da dissimulação, e aí onde aparece o seu eu não pode luzir o que foi prometido por todos os Iluminismos: a luz da Razão.

Peter Sloterdijk, Crítica da Razão Cínica, Relógio D’Água, 2011, pp. 446-447.

***

Estamos perante outra versão do dito heideggeriano segundo o qual só um deus poderá salvar-nos. Para Sloterdijk, nem a Ciência nem a Razão podem salvar-nos. Para ele o Homem é uma experiência falhada: “o ser humano era um falhanço”. O ser humano é a “falsa premissa do Iluminismo”. “O ser humano não basta”, diz ele, nem se basta a si mesmo, para se salvar: só um deus, caso exista, o poderá salvar.

Até lá a loucura prossegue, enredada no mais profundo desespero.

A coisa-para-ti.

Aquilo que destinámos ao inimigo – a sua aniquilação numa grande superfície por consumpção, contaminação, atomização -, temos de começar por o fazer sofrer à própria arma. No fundo, mais não é do que a nossa mensagem para o nosso adversário, transmite as nossas intenções a seu respeito. Por esta razão, as armas são os representantes do inimigo no nosso próprio arsenal. Quem forja uma arma dá a perceber ao seu inimigo que será tão impiedoso a seu respeito como a respeito da moca, do bloco de ferro, do obus e da ogiva. A arma é já o adversário maltratado; ela é a coisa-para-ti. Quem se arma está sempre já em guerra. De facto, esta opera continuamente segundo alternâncias de quente e de frio e chamamos abusivamente paz à fase fria. Na óptica do ciclo polémico, a paz significa tempo do armamento, quer dizer, transferência das hostilidades para os metais; a guerra é, por conseguinte, a utilização e consumo dos produtos de armamento; a actualização das armas contra o adversário. 

Peter Sloterdijk, Crítica da Razão Cínica, Relógio D’Água, 2011, p. 445.
(escrito em 1983, destaques nossos)

*** 

A paz é mais do que um estado em que se ganha fôlego e músculo para a guerra seguinte. A paz é já a fase fria da guerra incessante. De acordo com esta acepção vivemos sempre num estado de guerra. Guerra contra a Natureza, guerra contra os outros, guerra contra nós próprios.

segunda-feira, agosto 04, 2014

Ainda no Meridiano

Cormac McCarthy
A violência gratuita e explícita, afinal, não está apenas reservada aos filmes mais brutais e hediondos de Hollywood. Surpreendentemente vim encontrá-la num livro - o Meridiano de Sangue - escrito por Cormac McCarthy, onde ainda me encontro, esperando concluir a leitura em breve. Pensava eu que não seria possível plasmar tal violência numa obra literária. Ou que a literatura estaria sempre aquém do cinema quando se trata de impressionar pela exposição brutal da violência. É impressionante. É certo que na Ilíada, a obra fundadora da literatura europeia, a violência já nos era mostrada de forma explícita, mas estava longe de ser gratuita. Tratava-se de uma violência enquadrada e, de certo modo, justificada. Já os personagens de McCarthy no Meridiano, matam por matar, esfolam por esfolar e deambulam em atribulado e aleatório percurso, ora a aterrorizar os aldeões e os índios do norte do México, ora perdidos pelo deserto de Sonora, mas ainda assim, sempre ávidos por escalpes. Um bando de patifes onde se integra um enigmático personagem, sábio e cientista, mas que também é um implacável assassino: o juiz Holden.

Hoje li estas palavras proferidas por esse estranho personagem:

O universo não é uma coisa limitada e a ordem que o rege não tem peias que, tolhendo-lhe os desígnios, a forcem a repetir noutro lugar qualquer o que já existe num dado lugar. Mesmo neste mundo, existem mais coisas que escapam ao nosso conhecimento do que aquelas que conhecemos e a ordem que os nossos olhos vêem na criação é a ordem que nós lá pusemos, qual fio num labirinto, para não nos perdermos.

Cormac McCarthy, Meridiano de Sangue, Biblioteca Sábado, 2008, pág. 204

Ora, curiosamente, já tinha lido qualquer coisa parecida, do filósofo Karl Popper:

Seria desejável que por vezes nos lembrássemos que é precisamente no pouco que sabemos que somos diferentes, já que somos todos iguais na nossa ilimitada ignorância.

Karl Popper, Em Busca de um Mundo Melhor, Editorial Fragmentos, 1989, pág. 59

Um pouco mais adiante, pela boca do mesmo personagem, surgem-me Nietzsche e o niilismo. Diz o juiz Holden, na página 208:

As leis da moral são uma invenção da humanidade para privar dos seus direitos os mais poderosos em favor dos fracos. As leis da história subvertem as leis da moral a cada passo. A validade de uma perspectiva moral nunca pode ser confirmada ou infirmada por um qualquer exame definitivo.

Cormac McCarthy, Meridiano de Sangue, Biblioteca Sábado, 2008, pág. 208

segunda-feira, novembro 25, 2013

Adeus, clara visão do mundo!

Só aos poetas e aos filósofos compete a visão prática do mundo, porque só a esses é dado não ter ilusões. Ver claro é não agir.

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego, Assírio & Alvim, 6ª ed., 2013, pág. 240

Ver claro é não agir?! Bom, às vezes esfregamos os olhos, estremunhados, para ver melhor ao longe, pra enxergar o que vem lá. E quando constatamos que é um touro furibundo vindo em nossa direcção, então ver claro é agir. Caso contrário, adeus clara visão do mundo!

***

Consta que muitos filósofos e poetas da Antiga Grécia - à excepção do poeta Arquíloco, diga-se de passagem - na sua juventude tinham sido soldados notáveis. Homens de acção, portanto.  


De que serve a contemplação, se não for para melhor agir? Para mero deleite dos sentidos? Mas nem sempre os sentidos se deleitam com o que contemplam. É preciso agir então, transformando o mundo para depois o contemplarmos melhor e é preciso contemplar o mundo, para depois agirmos melhor. Como um escultor que vai criando a sua obra – esculpindo e contemplando, avançando e recuando, frente à sua obra, como Rodin.

segunda-feira, julho 22, 2013

Neoliberalismo e democracia

But the great number [of the Athenian Assembly] cried out that it was monstrous if the people were to be prevented from doing whatever they wished... Then the Prytanes, stricken with fear, agreed to put the question-all of them except Socrates, the son of Sophroniscus; and he said that in no case would he act except in accordance with the law.
Xenophon
Tradução:
Mas a maioria [da Assembleia Ateniense] clamou que seria monstruoso se o povo fosse impedido de fazer tudo o que desejava…Então o Prítanes, acometido pelo medo, concordou em colocar a questão – todos eles excepto Sócrates, o filho de Sofronísco; e ele disse que em caso algum actuaria excepto se fosse de acordo com a lei.

Xenofonte, Helénicas
(tradução nossa)

É com a citação de Xenofonte (431 a.C. – 355 a.C.) em epígrafe, que o austríaco Friedrich von Hayek, um dos papas do neoliberalismo, começa por visar criticamente a democracia num dos subcapítulos da obra The Political Order of a Free People (1979). O subcapítulo intitula-se “A progressiva desilusão com a democracia”. O recurso a Xenofonte, um fervoroso discípulo de Sócrates, não é despiciendo. Hayek procura apoio e patrocínio num dos filósofos mais sábios da antiga Grécia, para proceder a uma crítica à democracia - nas palavras de Churchill, a pior forma de governo, à excepção de todos as outras. Com efeito, se a democracia directa não for regrada, então todas as questões e decisões antipopulares não passarão na Assembleia, encontrando a oposição da maioria. O problema é quando, nas actuais democracias representativas, a maioria decide legislar contra o povo que a elegeu, e que era suposto representar, dizemos nós. Não é de espantar que o neoliberal Hayek critique a democracia neste ponto, na medida em que esta forma de governo, como sabemos hoje, não é o melhor terreno para o exercício das políticas neoliberais. A comprová-lo está o facto de a aplicação pioneira deste tipo de políticas ter ocorrido sob os auspícios do regime tirânico do general Pinochet, no Chile.


A democracia é um escolho no caminho dos que querem impor a via neoliberal aos povos que dirigem. Não admira que queiram suspendê-la.

***

O primeiro parágrafo da obra supracitada de Hayek reza assim:

When the activities of modern government produce aggregate results that few people have either wanted or foreseen this is commonly regarded as an inevitable feature of democracy. It can hardly be claimed, however, that such developments usually correspond to the desires of any identifiable group of men. It appears that the particular process which we have chosen to ascertain what we call the will of the people brings about results which have little to do with anything deserving the name of the 'common will' of any substantial part of the population.
Friedrich von Hayek (1979) - The Political Order of a Free People

Tradução:

Quando as actividades do moderno governo produzem resultados agregados que poucas pessoas desejavam ou previram, isso é comummente considerado como uma característica inevitável da democracia. Dificilmente se pode afirmar, contudo, que tais desenvolvimentos usualmente correspondem aos desejos de um grupo identificável de homens. Parece que o processo particular que escolhemos para determinar o que podemos chamar a vontade do povo traz resultados que pouco têm a ver com qualquer coisa que mereça o nome de “vontade comum” de qualquer parte substancial da população.
Friedrich von Hayek (1979) - The Political Order of a Free People
(tradução e sublinhados nossos)

Ao contrário do que refere Hayek, julgamos que hoje existe um grupo identificável, não maioritário, que quer impor as suas políticas, desígnios, desejos e interesses aos demais, contra a vontade destes e para benefício daqueles. E com efeito é possível consegui-lo. Basta ter o poder para suspender a democracia.

domingo, maio 12, 2013

Consciência e existência


Não é a consciência dos homens que determina a sua existência, pelo contrário é a sua existência social que determina a sua consciência.

Karl Marx (1859)




Não! Não existem por aqui palas ideológicas para ler e interpretar a realidade. A realidade é demasiado travessa para se conformar às ideologias inventadas pelos homens. Mas que nisto e em muitas outras coisas Marx tinha razão, lá isso tinha.

Noutro lugar* lemos uma referência à sua famosa máxima de que “as pessoas fazem a sua própria história, mas não sob as condições que elas mesmas escolhem” (Marx, 1852, citado por Herod, 2011).

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