sábado, setembro 20, 2014

A Revolução Industrial e a guerra contra a Terra

Desde a revolução industrial nascida das minas de ferro britânicas, a metalização da sociedade adquiriu ainda uma nova dimensão. Simultaneamente, a exploração do interior da terra dá um salto. Nascem então minas gigantescas que descem até às profundidades mais negras das entranhas da terra. Os mineiros tornam-se o exército-fantasma da civilização industrial – exploradores explorados; os operários da siderurgia tornam-se a tropa de elite do ataque capitalista contra a crosta «avara» da terra. Finalmente, a economia moderna capitaliza todas as riquezas naturais do subsolo e, por milhões de penetrações, de perfurações e de extracções, faz avançar a guerra mineralógica contra a crosta da terra para queimar as riquezas extraídas ou para as transformar em utensílios e em sistemas de armamento. Quotidianamente, as civilizações industriais condenam à morte milhões e milhões de seres vivos e milhões de toneladas de substâncias. Nelas se consuma a relação mantida com a terra pelos senhores saqueadores das civilizações ocidentais.

Peter Sloterdijk, Crítica da Razão Cínica, Relógio D’Água, 2011, p. 444.

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A difusão planetária da industrialização generalizou a guerra contra a Terra. Já não é apenas uma questão entre as civilizações ocidentais e a Terra. Os saqueadores estão por todo o lado e o saque realiza-se já em todos os espaços civilizacionais, incluindo os das civilizações não ocidentais, emuladoras do Ocidente. Com a Revolução Industrial, o saque, que já antes se iniciara, agudizou-se, tornou-se virulento e pandémico. 

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