segunda-feira, junho 30, 2008

Mar de Senhoras

Luz da Manhã
Paul Jean Clays (1866)

sábado, junho 21, 2008

Summertime

La plage de Trouville
Monet, 1880-1926


quarta-feira, junho 18, 2008

António de Oliveira Salazar

(poema de Fernando Pessoa, anos 30)

António de Oliveira Salazar.
Três nomes em sequência regular…
António é António.
Oliveira é uma árvore.
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido.
É o sentido que tudo isto tem.

Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve
O sal,
E sob o céu
Fica só azar, é natural.
Oh, c’os diabos!
Parece que já choveu…

Coitadinho
Do tiranozinho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho…

Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que já começaram
A escassear no mercado.

Coitadinho
Do tiranozinho!
O meu vizinho
Está na Guiné
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé.
Mas ninguém sabe porquê.

Mas, enfim é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé.
Que o coitadinho
Do tiranozinho
Não bebe vinho,
Nem até
Café.

(extraído da obra; Fernando Pessoa, Obra Poética e em Prosa, Vol. 1, Lello & Irmão – Editores, Porto, 1986, págs. 578-579.)

Em honra do Dia da Raça!

Raça sim!

Charolesa, mirandesa e barrosã.

Boas carnes.

terça-feira, junho 03, 2008

O desvanecimento da memória, mais uma vez

Por aqui têm desfilado personalidades de vulto, mestres, que nos avivam a memória para o facto de que vivemos actualmente um grande paradoxo: é exactamente no momento em que mais proliferam os suportes mediáticos da memória, que o passado, em particular o mais recente, “o passado público” da época em que vivemos, se obscurece na memória dos homens, principalmente, na dos homens jovens. Vivemos numa espécie de “presente contínuo”, à deriva, sem qualquer vinculação à experiência vivida pelas gerações passadas.

Senhoras e Senhores, Eric Hobsbaw:

A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam a nossa experiência pessoal à das gerações passadas – é um dos fenómenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milénio. Porém, por esse mesmo motivo, eles têm de ser mais que simples cronistas, memorialistas e compiladores, embora essa seja também uma função necessária do historiador.

Hobsbawm, Eric, A Era dos Extremos, Editorial Presença, 1996, Pág. 15.

Etiquetas