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sexta-feira, julho 29, 2022

O futuro da civilização não parece muito risonho

Kenneth Clark [1969], Civilização, O Contributo da Europa para a Civilização Universal, Gradiva, 2ª ed., 2022

⭐⭐⭐⭐


«A incompreensibilidade do nosso novo cosmo parece-me, em última análise, a razão para o caos da arte moderna. Sei pouco mais do que nada sobre ciência, mas passei a minha vida a estudar a arte, e estou completamente perplexo com o que se passa hoje. Às vezes gosto do que vejo, mas quando leio os críticos modernos percebo que as minhas preferências são puramente acidentais.

Contudo, no mundo da acção algumas coisas são óbvias - tão óbvias que hesito em repeti-las. Uma delas é a nossa dependência cada vez maior das máquinas. Deixaram de ser ferramentas e passaram a dar-nos instruções. Da metralhadora Maxim ao computador, são, na sua maior parte, meios através dos quais uma minoria consegue subjugar os homens livres.

Outra das nossas especialidades é a nossa ânsia de destruição. Com a ajuda das máquinas, demos o nosso melhor para nos destruirmos em duas guerras, e ao fazê-lo libertámos uma enxurrada de maldade, que as pessoas inteligentes tentaram justificar com o elogio da violência, «teatros de crueldade» e por aí adiante. Juntemos a isto a memória dessa companheira sombria que está sempre connosco, como o reverso do anjo da guarda, silencioso, invisível, quase irreal – e, no entanto, inquestionavelmente presente e pronta a afirmar-se ao toque de um botão, e teremos de reconhecer que o futuro da civilização não parece muito risonho.»

Kenneth Clark, op. cit., pp. 409-411.

*****

Se procura o cubismo, o dadaísmo, o surrealismo, enfim, a arte moderna e pós-moderna, não os encontrará por aqui. Esses movimentos artísticos não se contam entre as grandes contribuições da Europa para a Civilização. A arte moderna está num caos. As palavras de Kenneth Clark sobre a actual situação da arte ressoam a decadência de uma civilização e até da Civilização. Estaremos já a viver uma Era crepuscular? Muitas são as vozes a anunciá-lo. A de Kenneth Clark é uma delas. São demasiadas vozes para que fiquemos impávidos e serenos, sem partir para a acção. 

Mas talvez já seja tarde. Os novos bárbaros já estão na cidade. E não, não são os imigrantes, nem os refugiados.


Joseph-Noël Sylvestre, O Saque de Roma pelos Bárbaros, em 410 d.C., 1890

sexta-feira, julho 31, 2020

Banhistas


Renoir, Pierre-Auguste, Large Bathers (Les Grandes Baigneuses), 1884-87

sábado, outubro 04, 2014

O mural apagado


Soube hoje que apagaram este mural do Banksy. Houve quem não percebesse a ironia e se queixasse às autoridades.

Os instalados pombos, racistas, sedentários, ridículos, manifestam-se contra a andorinha errante.

Pois o mural fica também aqui.

Aqui ninguém o apagará.

A paisagem bucólica e o carro

      Banksy, A Paisagem Bucólica e o Carro

domingo, julho 14, 2013

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       Mural de Kenny Scharf, Nova Iorque

segunda-feira, julho 30, 2012

sexta-feira, junho 22, 2012

"Scratching The Surface"

Alexandre Farto, Scratching The Surface, 2009

terça-feira, maio 10, 2011

Antes da palavra, o gesto

Antes da palavra nos atingir, já fomos fulminados pelo gesto.

Os horizontes de James Knight-Smith

Breath - 2008

«Permanecia muitas vezes na costa e quando observava o oceano sob todas as condições atmosféricas, invadia-me uma sensação de grande calma. Nunca me perguntei porquê. Sei apenas que a água é incrivelmente relaxante para mim.

Sempre quis capturar este sentimento na arte e lutei com esta ideia durante muito tempo, primeiro em desenhos, depois em fotografias. Foi por puro acaso que um dia, no ano passado, capturei finalmente o que queria. Desde então, trabalhei no aperfeiçoamento daquele estilo.

As minhas fotografias são simples composições, na maior parte céu e água, com um horizonte central. São fotos de cenas vulgares apresentadas de um modo diferente. Não se trata apenas de visão, mas sim de usar todas as minhas sensações, tentado trazê-las para as fotografias.

Estamos hoje todos muito ocupados, correndo às volta, procurando a próxima coisa a fazer, em vez de gozarmos o momento presente. Espero, ao apresentar ao observador formas mais abstractas, que consiga proporcionar-lhe um espaço de tranquilidade para seu usufruto.»

James Knight-Smith, “A series of moments”, Visura, Issue 11, 2010

***

As fotografias de James Knight-Smith transmitem-me uma grande sensação de calma e paz, de tal forma, que não as larguei mais assim que as vi e, de tempos a tempos, lá vou à Visura contemplá-las. Melhor do que esta contemplação só a observação directa dos horizontes marinhos. Horizontes sim, e não horizonte, pois aquela linha ao fundo, entre o oceano e o céu, nunca é a mesma e é muito mais do que uma linha.


Tranquility - 2009



sábado, março 20, 2010

A Primavera

A Primavera
Giuseppe Arcimboldo, 1573

Uma chegada, sempre celebrada.

terça-feira, dezembro 23, 2008

El Niño Dios ha nacido en Belén

A Sagrada Família com Santa Ana, c 1600 - El Greco

A imagem do Menino Jesus a levar nalgadas da Virgem Abençoada, ainda por cima, perante três testemunhas (como o pintou Max Ernst), não é digna desta quadra natalícia. Por isso, deixamos um quadro mais cordato do Menino Jesus a ser amamentado pela Virgem. Agora, perante duas testemunhas (São José e Santa Ana).

Feliz Natal para todos os que acidentalmente ou incidentalmente encalharam neste blogue e para todos os que o visitaram intencionalmente. Espero que se tenham divertido de algum modo.

Boas Festas.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Max Ernst em Málaga

A Virgem Abençoada Castigando o Menino Jesus Perante Três Testemunhas, 1926 - Max Ernst

No Museu Picasso em Málaga, descobrimos outro vulto da arte do século XX. Max Ernst (1891-1976). Em exposição até 01/03/2009, a sua obra integrada na colecção Würth pode ser apreciada nas galerias do museu. Pelas galerias acompanhou-nos a estranheza e o espanto da descoberta. Um louco pintando, não o mundo exterior, mas as paisagens do espírito interior. Pinturas, colagens, esculturas. Uma cabeça monumental dominando uma grande sala, omnipresente: o Big Brother. Gravuras representando figuras semi-humanas, semi-animais. O Espírito da Bastilha: um pequeno homenzinho erigido no cimo de um totem de pedra. A Horda – uma colagem de figuras antropomórficas ameaçadoras. Mas o quadro que mais nos chamou a atenção foi o Século XX ou Versatilidade, pintado em 1961. Há quem veja optimismo no quadro!? Optimismo!? Pintado em 1961, no auge da Guerra Fria e do equilíbrio do terror nuclear por um homem que sofrera na pele duas guerras mundiais (lutou na Primeira tendo recuperado de uma morte clínica e foi enviado para campos de concentração na Segunda), o quadro é a imagem da desolação ou da versatilidade das formas de destruir o mundo: uma descrença total no Homem, o destruidor de mundos. Trata-se na verdade de uma paisagem de escombros fumegantes, sobre o vermelho vivo de sangue, e um azul frio de morte. Um apocalipse. Não foi o século XX, um século de campos de batalha sem fim, de cidades arrasadas e cogumelos atómicos? Que futuro se pressentia para o século XX, em 1961?

O Século XX ou Versatilidade não o encontrámos na Internet. Fica a imagem da Virgem Abençoada Castigando o Menino Jesus Perante Três Testemunhas (que se encontra em exibição no The Metropolitan Museum of Art).

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