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domingo, janeiro 12, 2025

Destruição

        The Course of Empire, Thomas Cole


(Clique na imagem para ampliar)

sexta-feira, julho 29, 2022

O futuro da civilização não parece muito risonho

Kenneth Clark [1969], Civilização, O Contributo da Europa para a Civilização Universal, Gradiva, 2ª ed., 2022

⭐⭐⭐⭐


«A incompreensibilidade do nosso novo cosmo parece-me, em última análise, a razão para o caos da arte moderna. Sei pouco mais do que nada sobre ciência, mas passei a minha vida a estudar a arte, e estou completamente perplexo com o que se passa hoje. Às vezes gosto do que vejo, mas quando leio os críticos modernos percebo que as minhas preferências são puramente acidentais.

Contudo, no mundo da acção algumas coisas são óbvias - tão óbvias que hesito em repeti-las. Uma delas é a nossa dependência cada vez maior das máquinas. Deixaram de ser ferramentas e passaram a dar-nos instruções. Da metralhadora Maxim ao computador, são, na sua maior parte, meios através dos quais uma minoria consegue subjugar os homens livres.

Outra das nossas especialidades é a nossa ânsia de destruição. Com a ajuda das máquinas, demos o nosso melhor para nos destruirmos em duas guerras, e ao fazê-lo libertámos uma enxurrada de maldade, que as pessoas inteligentes tentaram justificar com o elogio da violência, «teatros de crueldade» e por aí adiante. Juntemos a isto a memória dessa companheira sombria que está sempre connosco, como o reverso do anjo da guarda, silencioso, invisível, quase irreal – e, no entanto, inquestionavelmente presente e pronta a afirmar-se ao toque de um botão, e teremos de reconhecer que o futuro da civilização não parece muito risonho.»

Kenneth Clark, op. cit., pp. 409-411.

*****

Se procura o cubismo, o dadaísmo, o surrealismo, enfim, a arte moderna e pós-moderna, não os encontrará por aqui. Esses movimentos artísticos não se contam entre as grandes contribuições da Europa para a Civilização. A arte moderna está num caos. As palavras de Kenneth Clark sobre a actual situação da arte ressoam a decadência de uma civilização e até da Civilização. Estaremos já a viver uma Era crepuscular? Muitas são as vozes a anunciá-lo. A de Kenneth Clark é uma delas. São demasiadas vozes para que fiquemos impávidos e serenos, sem partir para a acção. 

Mas talvez já seja tarde. Os novos bárbaros já estão na cidade. E não, não são os imigrantes, nem os refugiados.


Joseph-Noël Sylvestre, O Saque de Roma pelos Bárbaros, em 410 d.C., 1890

segunda-feira, agosto 16, 2021

Ulisses devolve Criseida ao pai


 Claude Lorrain, Ulisses devolve Criseida ao pai, 1648

Para aplacar a ira do deus, Agamémnon, rei de Argos e de Micenas, contrariado e após acesa discussão, aceita devolver Criseida, que tinha por refém e escrava para todo o serviço. 


Ulisses, o mais astucioso e sensato dos aqueus, foi incumbido de a entregar ao pai:

 

Quando entraram no porto de águas fundas,

dobraram a vela e guardaram-na na nau escura;

rapidamente desceram o mastro com os cabos dianteiros

e com os remos remaram até ao ancoradouro.

Lançaram as âncoras e ataram as amarras.

Eles próprios saíram e caminharam pela orla do mar,

levando a hecatombe para Apolo que acerta ao longe.

Da nau preparada para o alto mar trouxera a filha de Crises.

Levou-a até ao altar Ulisses de mil ardis;

pô-la nos braços do pai, e assim lhe dirigiu a palavra:

“Manda-me, ó Crises, Agamémnon soberano dos homens

restituir-te a tua filha e oferecer a Febo uma sagrada hecatombe

em nome dos Dânaos, para que propiciemos o soberano,

que contra os Argivos muitos sofrimentos lançou.”

 

  Homero, Ilíada, Canto I

sábado, março 20, 2021

Primavera ou Calíope?


Cosmé Tura, Primavera, 1463, Londres, National Gallery


 

domingo, agosto 16, 2020

Allegory Salvator Mundi

























Leonardo da Vinci (?), Auto-retrato (?), Allegory Salvator Mundi

sexta-feira, julho 31, 2020

Banhistas


Renoir, Pierre-Auguste, Large Bathers (Les Grandes Baigneuses), 1884-87

segunda-feira, julho 27, 2020

A bela Ferronière





















Leonardo da Vinci, La belle Ferronière, c. 1490

sábado, março 23, 2019

A poesia visita as mentes com o fulgor de um raio

Heinrich Heine e a Musa da Poesia, 1894–1894
Georges Moreau de Tours

O poeta (como o homem moral na sua acção, que nunca é isenta de alguma impureza) sofre com as manchas que percebe na sua obra e gostaria de as remover a todas, até ao mais ínfimo vestígio […] Mas a poesia visita as mentes com o fulgor de um raio e o trabalho humano tenta segui-la, atraído, fascinado por ela e dela colhe o que pode e, em vão, pede que fique e se deixe remirar em todos os traços do rosto, mas ela já vai longe.  

Croce, A Poesia (1936), citado por Umberto Eco, Aos Ombros de Gigantes, Gradiva, 2018, p. 298.

terça-feira, outubro 02, 2018

Outono


   Luigi Garzi, Alegoria de Outono, c.1680

š

«Já, o outono! – Mas porque desejar um sol eterno, se partimos à descoberta da claridade divina – longe daqueles que florescem e morrem com as estações.
O outono. A barca ascendida à imobilidade das brumas regressa agora ao porto da miséria, cidade imensa, imenso céu traçado de fogo e de lama. Ah! os farrapos podres, o pão encharcado de chuva, a bebedeira, os mil amores que me crucificaram! Então não findará jamais este vampiro, este tirano de milhões de almas e de corpos mortos que serão julgados! Revejo-me: a pele roída pela peste e pela lama, a cabeça e os sovacos repletos de piolhos, não tão gordos, não tantos como os que me roíam o coração, deitado entre desconhecidos de idade incerta, de sentimentos incertos…Podia ter ficado ali…Pavorosa evocação! Detesto a miséria.
E temo o inverno por ser a estação do conforto!»

Rimbaud (1873), Une Saison en Enfer
(tradução Mário Cesariny de Vasconcelos)


in Jean Arthur Rimbaud, Uma Época no Inferno, Portugália Editora, 1960.


sábado, setembro 29, 2018

Hegel

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770–1831)

Pintura de Jakob Schlesinger, 1831

Nationalgalerie, Staatliche Museen zu Berlin

terça-feira, junho 13, 2017

That 2,000 Yard Stare

Tom Lea, That 2,000 Yard Stare, 1944.

Daqui.

***

Adeus gloriosa guerra
Jamais gloriosa

Vitoriosa guerra
Jamais vitoriosa

A senda que à guerra conduz

À derrota conduz

(A guerra é sempre uma derrota)

sábado, dezembro 24, 2016

Feliz Natal

Caravaggio, Madonna dei Palafrenieri, 1606

Feliz Natal,

P'ra esconjurar o Mal.

domingo, setembro 25, 2016

Nicolaes Ruts

Rembradt, Retrato de Nicolaes Ruts, 1631

sábado, maio 28, 2016

O Triunfo da Morte


Bruegel, o Velho, O Triunfo da Morte, c. 1562, Museu do Prado

Duas obras, em particular, viriam a possuí-lo [a Elias Canetti], embora com efeitos contrários. O Triunfo da Morte, de Bruegel, parecia confirmar a mensagem de Gilgamesh. A energia da resistência à morte que pulsa nas numerosas figuras da composição invadiu a consciência de Canetti. Embora a morte triunfe, a luta representada dos que a combatem mantém uma dignidade eminente, e é ela que liga todos os homens uns aos outros.
George Steiner
 ____________________

Fonte: George Steiner, in Robert Boyers (org.) George Steiner em The New Yorker, Gradiva, 2010, pág. 338.   

segunda-feira, abril 04, 2016

Mona Lisa (La Gioconda)

Leonardo da Vinci, Mona Lisa, c. 1503-1505

domingo, janeiro 17, 2016

Na taberna


Jan Steen, Revelry at an Inn,1674

Quando estamos na taberna

Bebem dama e cavalheiro,
bebe o clérigo e a senhora
bebe este e bebe aquela
bebe o servo com a criada,
bebe o lesto e bebe o madraço,
bebe o branco e bebe o negro,
bebe o pronto e o hesitante,
bebe o douto e o ignorante,
bebe o pobre e o doente,
bebe o desterrado e o ingrato,
bebe o jovem e o ancião,
bebem bispo e deão,
bebem a freira com o frade
bebe avó e bebe mãe
bebe esta e bebe este,
bebem cem, mil e o resto.
Duram pouco seis moedas,
quando bebes sem igual
bebem todos sem meta
bebe só a alma alegre.
Sendo assim és amaldiçoado
E não te oferecem uma gotinha.
Quem não nos ama maldito seja
E não seja recordado.


Carmina Burana (Séc. XIII),

in Umberto Eco, A Vertigem das Listas, Difel, 2009, pág. 140


José Malhoa, Festejando o São Martinho, 1907

sexta-feira, janeiro 15, 2016

Dias de tempestade

Aivazovsky, Navio no Mar Tempestuoso, 1887

Um furacão varre os mares dos Açores. Raro fenómeno em Janeiro. Os homens encerram-se nos seus lares. Neptuno está zangado. O mar espumoso eriça-se aos terríveis rugidos do vento e a chuva dança uma dança do Diabo. Rodopia, cai, tomba em todas as direcções.

sábado, outubro 03, 2015

A Duquesa de Alba

Goya, Retrato da Duquesa de Alba, 1797, National Gallery

A Duquesa de Alba, alva e negra, aponta para os pontiagudos sapatos de tacão alto olé. Olha-nos nos olhos mas rebaixa-nos o olhar. Autoritária, de punho fechado na anca, em pose erguida e frontal, parece dizer-nos, altiva: é ali o lugar ao qual retornarás, tu aí que ousas olhar-me em desafio.

domingo, outubro 19, 2014

Safo

     Charles-Auguste Mengin, Safo, 1867, Manchester Art Gallery

Quando morreres,
hás-de jazer sem que haja no futuro
 memória de ti nem saudade. É que não tiveste parte
nas rosas de Piéria.
Invisível, andarás a esvoaçar
no Hades, entre os mortos impotentes.

Safo, Lesbos, Séc. VII-VI a.C.
(traduzido por Maria Helena da Roca Pereira, in Hélade)

***

Mais de dois mil e quinhentos anos nos separam, imortal Safo.
E poucas foram as vozes femininas desse tempo que chegaram até nós.
Contudo a tua ainda soa - tu, que participaste nas rosas de Piéria - entoando cânticos e declamando poemas às primeiras horas da Aurora.

Sei que ainda percorres descalça as praias de Lesbos com a tua harpa,
enquanto o teu olhar divaga no mar, 
insaciado, insatisfeito, invadido pela saudade.
Transporta um desejo obsessivo de reencontro impossível.
Daí a profunda dor que canta
Por um ardente amor ausente.

Distante. Sempre.

quarta-feira, outubro 08, 2014

O menino é o alvo

Jean Fouquet. Madona e Menino, painel direito do Díptico de Melun. ca. 1450

***

Caramba! Um seio prestes a rebentar, e logo no século XV!
Já o menino, tem um ar estranho o menino.
Insuflado de uma alma adulta, perscruta ao colo, carrancudo.
Guarda o alvo seio o menino.
E aponta sub-repticiamente o menino.
E o alvo seio aponta o menino.
O menino é o alvo.

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