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sábado, julho 31, 2021

Livros lidos: Uma Vida no Nosso Planeta


David Attenborough, Uma Vida no Nosso Planeta, Temas e Debates, 2020

⭐⭐⭐⭐⭐
(Excelente!)

A nossa utilização negligente dos combustíveis fósseis colocou-nos o maior e mais urgente desafio que já enfrentámos. Se conseguirmos fazer a transição para as renováveis à velocidade da luz que é exigida, a Humanidade recordará sempre esta geração com gratidão, pois somos efetivamente a primeira a compreender verdadeiramente o problema - e a última a ter a oportunidade de fazer algo.

David Attenborough, op. cit., pág. 156

Falamos muitas vezes de salvar o Planeta, mas a verdade é que temos de fazer tudo isto para nos salvarmos a nós mesmos. Connosco ou sem nós, a natureza regressará.

David Attenborough, op. cit., pág. 246


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Ante o maior desafio com que a Humanidade se defronta, ainda há quem hesite, ainda há quem duvide, ainda há quem o negue.

 

Ainda há quem apelide os ambientalistas de uns meninos urbanos com sonhos idílicos e bucólicos (uma Helena Matos que escreve no Blasfémias e no Observador, por exemplo). Que a imagem que fazem da natureza nunca existiu, só na cabeça deles. Que a natureza e o campo não é nada do que imaginam. Que é antes uma via para o lucro, com as suas monoculturas de eucaliptos e palmeirais, a sua agricultura e pecuária. Isso sim é que é o campo.

 

Pois bem, Sir David Attenborough que tinha 94 anos quando escreveu este livro, passou grande parte da sua vida a observar, a estudar e a transmitir aos outros a beleza do mundo natural (em oposição ao artificial), dos animais e das plantas e da forma como se relacionam entre si e com o ambiente. A mensagem que nos transmite neste livro é bem clara e cristalina: ou esta geração muda a forma de se relacionar com o mundo natural ou é o fim da Humanidade. Não é o fim do mundo, é o fim da Humanidade.

 

A Natureza, essa, encontra sempre o seu caminho.

 

O livro é pedagógico e é excelente.

segunda-feira, março 31, 2014

Lobos, não se pode viver sem eles

Parece que os lobos de Yellowstone interferem com a geografia física do lugar. É esta a conclusão que Sir David Attenborough nos transmite no excelente excerto do documentário entretanto colocado em destaque no blogue O Vento que Passa. Já tinha lido sobre o efeito da recuperação dos lobos nos ecossistemas, num recente livrinho de Hubert Reeves que já aqui foi destacado, mas a notícia de que a própria geografia física - o comportamento dos rios, por exemplo - se alterou pelo efeito da reintrodução dos lobos no Parque, é surpreendente.

Fica aqui também o excerto do excelente documentário e logo abaixo um trecho do texto de Hubert Reeves, que explica os efeitos da reintrodução do lobo no Parque de Yellowstone (E.U.A).


  «Não se pode viver com os lobos», repetem, há muito tempo, os seres humanos que são confrontados com a sua presença. Em 813, Carlos Magno cria a Companhia da Caça ao Lobo para proceder à sua erradicação. Todos os meios são bons para os matar: armadilhas, veneno, massacre dos recém-nascidos nos covis, espingardas. São oferecidos prémios cada vez mais elevados pelas suas orelhas.
No princípio do século XX os lobos foram, efectivamente, eliminados no oeste dos Estados Unidos. Colocou-se, imediatamente a seguir, o problema da proliferação de coiotes. Tentou-se remediar o assunto aperfeiçoando programas de quotas. Resultado: assistiu-se a uma multiplicação de raposas, que eram a sua presa favorita e rapidamente se tornaram uma séria ameaça para as aves aquáticas. Em consequência da informação retirada destas experiências, foi reintroduzida, há alguns anos, no Parque de Yellowstone, na Califórnia, uma vintena de lobos provenientes do Canadá. Os efeitos que essa reintrodução teve sobre a fauna e sobre a flora foram altamente benéficos. Constatou-se, primeiro, uma di­minuição do número de uapitis, um grande veado cujo excesso de população causava graves danos à natureza. Numerosas plantas, em particular os álamos, cujos jovens rebentos eram roídos em quantidades excessivas por aqueles animais, reapareceram nos vales. As flores da montanha multiplicam-se de novo nos outeiros, aos quais atraem numerosas borboletas para lhes sugar o pólen. Faz-se ouvir, novamente, o chilrear de várias espécies de aves que há muito se não ouviam. E os castores, que tinham desertado do parque – provavelmente por causa da ausência das suas plantas favoritas - voltaram a construir diques, graças aos quais numerosos organismos aquáticos ressuscitaram.
Isto não é um milagre. Esta reintrodução do lobo constitui, de algum modo, uma exibição da força da natureza. Demonstra a importância da noção de escala de predação. Numa natureza em equilíbrio, as espécies são, simultaneamente, presas e consumidoras. O coelho bravo, que devora os prados, pode-se tornar, de um instante para o outro, vítima da raposa. O gavião captura um melro, que comia minhocas, que se alimentavam de folhas secas. No decurso de milhões de anos de evolução criou-se uma hierarquia, na qual cada espécie forma uma malha da cadeia alimentar. No topo estão os grandes predadores: aves de rapina, lobos e grandes felinos.
A eliminação destes predadores pela actividade humana - caça ou ocupação do território - perturba gravemente as interacções. Tendo tomado conhecimento da sua importância para a saúde da natureza, da qual dependemos, há que intervir. Essa responsabilidade é-nos imposta pelo exemplo da experiência de Yellowstone.»

Hubert Reeves, Onde Cresce o Perigo Surge Também a Salvação,Gradiva. 2014. págs. 111-112.

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