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segunda-feira, abril 24, 2023

Para quem não sabe o que o neoliberalismo é

 


Detalhe da capa do semanário Expresso, 14 de Abril de 2023 

(excepto o balão amarelo e o rectângulo vermelho, que são destaques nossos )

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E é escusado argumentar com esta gente. Para eles o neoliberalismo é um credo, e, portanto, são surdos a qualquer contra-argumento racional ou científico.

Como uma erva daninha, o credo neoliberal defendido pelos lacaios das elites dominantes em jornais mui burgueses e liberais como o Expresso - burguesitos à espera das migalhas caídas da mesa do patrão e de um afago na sua fiel e canina cabeça – teima em medrar, ainda que denunciado vezes sem conta na sua injustiça.

Diga-se de passagem, que não são todos os que lá escrevem, mas nós sabemos quem são esses “alegres papagaios” e eles também sabem quem são. Os de servil escrita.


domingo, junho 30, 2013

No princípio eram as agências de "rating".

No princípio eram as agências de rating. Era necessário fazer subir os juros da dívida pública. Era preciso atacar os elos mais fracos de um espaço monetário com problemas genéticos e ao qual não correspondia qualquer união política, um espaço politicamente dividido, um espaço enfraquecido. Animadas não se sabe por que sopro, decidiram actuar. A sua autoridade e o seu poder residem tão só na credibilidade cega que os especuladores, grandes e pequenos, lhe dão. Em função dos ratings por elas atribuídos às empresas e países (à suposta capacidade de estes pagarem as suas “dívidas soberanas”), os especuladores redireccionam e reorientam os fluxos de capital financeiro para lugares que lhes asseguram, segundo acreditam, os mais elevados retornos. Esses fluxos de capital financeiro determinam hoje a graça e a desgraça dos povos. É com o seu domínio e controlo que se preocupa cada vez mais a actual geopolítica e já não tanto com o comando dos territórios (Agnew, 2012: 3).

A atribuição de ratings pelas agências encerra um elevado grau de subjectividade, como aqui se refere. Os ratings são atribuídos não a partir da realidade vivenciada pelos povos, sociedades e nações, mas com base em fórmulas de duvidosa validade científica, ou com base em sabe-se lá o quê – são opiniões, diz-se aqui. Os “sábios” que estão por detrás dessas classificações, não são antropólogos, sociólogos, geógrafos, historiadores, etnógrafos, filósofos, etc., enfim, profundos conhecedores da realidade dos povos. São economistas e financeiros armados de números, folhas de Excel, preconceitos, ideologia, e embriagados na sua hubris - uma espécie de gasparzinhos.

Epílogo

Depois veio a troika, naquele belo dia de sol, e surpreenderam-se com o povo sossegado que encontraram nas esplanadas e com a pacatez de um país que devia estar em crise e que afinal não se comportava de acordo com as suas expectativas. Havia que fazer alguma coisa. O “deboche” não podia continuar.
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Referência

Agnew, John (2012), “Of canons and fanons”, Dialogues in Human Geography, 2012 2: 321

domingo, setembro 30, 2012

Enquanto dormimos vamos sendo despojados


«à vista de um país que ardeu como nunca, atiçado pelos eucaliptais, pretende [o Governo] abrir às celuloses as zonas de Reserva Agrícola Nacional, que elas há tanto tempo cobiçam; e que se prepara para, de forma cobarde e sinuosa, entregar a Reserva Ecológica Nacional à especulação imobiliária, começando por dispersar a respectiva lei por várias outras leis (cada uma das quais abrindo excepções e alçapões à medida), e por dispensar de autorização, para já, as “pequenas construções” de “apoio agrícola” e etc. (o que rapidamente se traduzirá em golfes, aldeamentos turísticos, juro-vos eu).»

Miguel Sousa Tavares, “Yale, Campo de Ourique”, Expresso, 29 de Setembro de 2012

Na sanha de tudo vender, tudo privatizar, tudo tornar mercadoria, o Governo vira-se agora para as reservas de território que permaneciam relativamente incólumes e protegidas da voracidade da especulação: a reserva agrícola nacional e a reserva ecológica nacional. O território que se reservava à agricultura e ao ambiente é agora entregue aos amigos das celuloses e aos dos campos de golfe. Um verdadeiro governo ao serviço das grandes interesses empresariais e especulativos, contra os cidadãos, avança com a neoliberalização do território, de forma cobarde e insidiosa.

domingo, setembro 23, 2012

Por favor, parem de nos lançar areia para os olhos!


Quando alguém propõe uma maior tributação fiscal do capital, por uma questão de maior justiça e equidade fiscal e social, aparecem logo os comentadores do costume, como o professor Marcelo Rebelo de Sousa hoje na TVI, sugerindo que, nesse caso, seriam abrangidas as contas a prazo do comum dos portugueses, como se essas contas fizessem parte do capital que se quer tributar. E, dessa forma, lançam areia para os olhos de muita gente.

É bom que se clarifique o que se entende por capital a taxar nas propostas que estão a ser colocadas em cima da mesa. Não são as contas a prazo. Não nos deixemos enganar. São as transacções financeiras e os dividendos dos accionistas.

sábado, setembro 22, 2012

Portugal, Grécia e Irlanda podem perder duas vezes nas privatizações



«Os cidadãos da Grécia, de Portugal e da Irlanda vão perder porque a corrupção vai fazer com que não recebam um preço justo nos milhares de milhões em activos que vão ser vendidos para reduzir os défices. Não vão receber o valor justo e o dinheiro que deveria servir para recuperar as finanças e a economia vai com frequência para os bolsos daqueles que protegem os seus interesses pessoais»


(...)

«Primeiro há falta de responsabilização, especialmente na área do financiamento público; segundo, há uma deficiente participação da população em geral em responsabilizar os dirigentes; e em terceiro e muito importante, há impunidade para os que violam a lei.»  Cobus de Swardt, director da Transparency International.  AQUI

Nada que já não soubéssemos.

quinta-feira, setembro 20, 2012

Uma espécie de metamorfose*


Às vezes penso que, por este andar, um dia, nós, os contribuintes, acordaremos surpreendidos ao constatar que fomos todos privatizados.

À socapa, como de costume, um dos magos do governo terá a ousada ideia de privatizar os contribuintes, por falta de haver mais o que privatizar. Privatizará pois os contribuintes, porque não? Magnífica ideia, pensará ele! Vende o país por inteiro. Passaremos todos a contribuir então, todos, sem excepção, para alguma China ou alguma Angola que nos compre. Pode ser que nos comprem. (Será que nos compram?)

A estes que agora nos governam, a história os julgará: provavelmente, os coveiros de Portugal, os que nos venderam, os que nos enterraram. (Claro, isso só se deixarmos).

A propósito, ouvi este Verão no rádio do automóvel a notícia de que em Guimarães iria realizar-se o funeral de Portugal. Fiquei a ruminar naquilo por uns instantes enquanto conduzia assaltado pela estranha sensação de que Portugal afinal já morrera e que nós estaríamos a viver equivocados, convencidos de que o país ainda existia.

Não foi o sociólogo António Barreto que, há menos de um ano, que lhe augurou um fim? AQUI.

(Malhas que o Império tece!)

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(*) No romance A Metamorfose de Kafka, Gregor Samsa acorda surpreendido ao ver-se transformado num insecto rastejante.

sexta-feira, julho 13, 2012

Rumo ao subdesenvolvimento


«Segundo o INE, os resultados para os indicadores de desigualdade na distribuição dos rendimentos foram em 2010 superiores aos registados em 2009, todavia inferiores ao observado nos restantes anos.
Em 2010, o rendimento monetário líquido equivalente dos 20% da população com maiores recursos correspondia a 5,7 vezes o rendimento dos 20% da população com mais baixos recursos.» Aqui.

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O escândalo da elevada desigualdade na distribuição de rendimento em Portugal continua, e não é preciso ser Cassandra para saber que irá aumentar.

Relembramos aqui as palavras do economista britânico Dudley Seers (1920-1983): “as perguntas a formular acerca do desenvolvimento de um país, de uma região, são simplesmente estas: o que é que vem acontecendo com a pobreza? Com o desemprego? Com as desigualdades? Se os três se têm reduzido (a pobreza, o desemprego, as desigualdades), não pode duvidar-se de que houve desenvolvimento no país ou região em questão.” (1)



Ainda alguém duvida que o "ajustamento" proferido pelos políticos e economistas que nos governam é um eufemismo de "empobrecimento" e que o país se está a subdesenvolver?
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(1) – Citado por Simões Lopes (2006), "Encruzilhadas de desenvolvimento: falácias, dilemas, heresias", Revista Crítica de Ciências Sociais, n.º 75, Outubro 2006, pp. 41-61.

Uma geração perdida, caso não lute



«Mas é bom lembrar também que grande parte da presente geração de jovens jamais experimentou grandes privações, como uma depressão económica prolongada, desprovida de perspectivas e com desemprego em massa. Eles nasceram e cresceram num mundo em que podiam se abrigar sob guarda-chuvas socialmente produzidos e administrados, à prova de ventos e tempestades, que pareciam estar ali desde sempre para protegê-los do mau tempo, da chuva fria e dos ventos gelados. Um mundo em que cada manhã prometia um dia mais ensolarado que o anterior e mais rico de aventuras agradáveis.
Enquanto escrevo estas linhas, as nuvens se acumulam sobre esse mundo. A feliz, confiante e promissora condição que os jovens acabaram por considerar como o estado "natural" do mundo pode estar desmoronando. Uma depressão económica (que, como dão a entender alguns observadores, ameaça se revelar tão ou mais profunda que as crises que a geração dos pais sofreu na juventude) talvez esteja à espreita na primeira esquina

Zygmunt Bauman (2010); Capitalismo Parasitário e Outros Temas Contemporâneos, Zahar Editores. Rio de Janeiro. Pág. 71-72.

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Neste momento já se abate a tempestade e o guarda-chuva já lá vai, levado pelo vento neoliberal. Pobre juventude. Venceram os poucos que astutamente procuraram abrigo nas juventudes partidárias e trataram de assegurar, por portas e travessas, um lugar no mundo do tráfico de influências.

sábado, junho 04, 2011

As novas cidades-fantasma de Espanha

Ayamonte (à esquerda) e a sua recente vizinha, a cidade-fantasma de Costa Esuri (à direita)
(a escala das duas imagens é a mesma)

Quantas Ayamonte cabem em Costa Esuri - uma cidade nova e insustentável, que está às moscas?

Foi em projectos megalómanos como o de Costa Esuri que os bancos escoaram o dinheiro dos depositantes. Resultado: uma crise financeira que iremos pagar todos porque "os bancos são importantes demais para irem à falência".

E não se pense que é um problema só dos espanhóis. A rede internacional de transacções bancárias e financeiras serviu para difundir uma crise que teve o seu epicentro nos EUA, em 2007, e que já nos atingiu. A Espanha foi apenas uma das vítimas do contágio. Em última instância, a austeridade que nos está a ser imposta, resultou em grande parte desta crise no sector imobiliário (a bolha imobiliária) e da falta de regulação das actividades bancárias, financeiras e imobiliárias.

É uma grande injustiça os contribuintes e os trabalhadores terem agora de pagar a insanidade dos bancos e de outras instituições financeiras.

Os governos, entretanto, assobiam para o lado e estão com os bancos e com os mercados que lhes emprestam dinheiro.

E assim nos vamos escravizando aos mercados.

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