quinta-feira, setembro 20, 2012

Uma espécie de metamorfose*


Às vezes penso que, por este andar, um dia, nós, os contribuintes, acordaremos surpreendidos ao constatar que fomos todos privatizados.

À socapa, como de costume, um dos magos do governo terá a ousada ideia de privatizar os contribuintes, por falta de haver mais o que privatizar. Privatizará pois os contribuintes, porque não? Magnífica ideia, pensará ele! Vende o país por inteiro. Passaremos todos a contribuir então, todos, sem excepção, para alguma China ou alguma Angola que nos compre. Pode ser que nos comprem. (Será que nos compram?)

A estes que agora nos governam, a história os julgará: provavelmente, os coveiros de Portugal, os que nos venderam, os que nos enterraram. (Claro, isso só se deixarmos).

A propósito, ouvi este Verão no rádio do automóvel a notícia de que em Guimarães iria realizar-se o funeral de Portugal. Fiquei a ruminar naquilo por uns instantes enquanto conduzia assaltado pela estranha sensação de que Portugal afinal já morrera e que nós estaríamos a viver equivocados, convencidos de que o país ainda existia.

Não foi o sociólogo António Barreto que, há menos de um ano, que lhe augurou um fim? AQUI.

(Malhas que o Império tece!)

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(*) No romance A Metamorfose de Kafka, Gregor Samsa acorda surpreendido ao ver-se transformado num insecto rastejante.

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