Às vezes penso que,
por este andar, um dia, nós, os contribuintes, acordaremos surpreendidos ao
constatar que fomos todos privatizados.
À socapa, como de costume, um dos
magos do governo terá a ousada ideia de privatizar os contribuintes, por falta
de haver mais o que privatizar. Privatizará pois os contribuintes, porque não?
Magnífica ideia, pensará ele! Vende o país por inteiro. Passaremos todos a
contribuir então, todos, sem excepção, para alguma China ou alguma Angola que nos
compre. Pode ser que nos comprem. (Será que nos compram?)
A estes que agora nos governam, a
história os julgará: provavelmente, os coveiros de Portugal, os que nos
venderam, os que nos enterraram. (Claro, isso só se deixarmos).
A propósito, ouvi este Verão no
rádio do automóvel a notícia de que em Guimarães iria realizar-se o
funeral de Portugal. Fiquei a ruminar naquilo por uns instantes enquanto
conduzia assaltado pela estranha sensação de que Portugal afinal já morrera e
que nós estaríamos a viver equivocados, convencidos de que o país ainda
existia.
Não foi o sociólogo António
Barreto que, há menos de um ano, que lhe augurou um fim? AQUI.
(Malhas que o Império tece!)
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(*) No romance A Metamorfose de Kafka, Gregor Samsa acorda
surpreendido ao ver-se transformado num insecto rastejante.