
Friedrich Nietzsche, A Genealogia da Moral, Publicações
Europa-América, 2002, pág. 134 (livro de bolso) (o destaque a negrito é nosso)
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Que eram eles, esses nazis, senão
“pequenos percevejos” que empestavam o mundo, querendo que o mundo cheirasse
como eles. Não foi a sua ideologia um “túmulo redecorado de vida”? Não eram eles
“agitadores vestidos de heróis” nas suas fardas e botas cardadas? Palhaços
trágicos! Anti-semitas que despertaram os “elementos bovinos” do povo alemão, “através
do abuso exasperante dos meios mais vis de agitação e atitudes morais”. Eis os
homenzinhos das SS, nas suas
primeiras “acções de combate”, quando saltavam dos seus camiõezinhos ao som de
apitos e se punham a dar cacetadas nos sociais-democratas, como nos narra Stefan
Zweig:
«Certo dia, quatro camiões chegaram de repente a grande velocidade a uma
localidade fronteiriça onde se estava a realizar um comício pacífico dos
social-democratas; cada camião vinha apinhado de jovens nacional-socialistas
empunhando cacetes de borracha, e tal como me tinha sido dado ver, na Praça de
São Marcos em Veneza, também estes aqui surpreenderam, pela sua rapidez, todos
os presentes que foram apanhados desprevenidos. Tratou-se exactamente do mesmo
método copiado dos fascistas, só que aprendido com férrea precisão militar e sistematicamente
organizado até ao último pormenor, à maneira alemã. A um assobio, os homens das
SS saltaram dos veículos à velocidade de um raio, bateram com os seus cacetes
de borracha em quem lhes aparecia pela frente e, antes que a polícia pudesse
intervir, ou os trabalhadores pudessem juntar-se, já eles tinham voltado a
saltar para dentro dos camiões que partiram à desfilada.»
Stefan Zweig, O Mundo de Ontem, Recordações de um Europeu, Assírio & Alvim,
2005, pág. 394
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Não, Nietzsche não era
anti-semita, e por certo abominaria nazis. Parece tê-los cheirado com
muitos anos de antecedência, muito antes dos contemporâneos daqueles se terem
apercebido do que aí vinha.
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