domingo, janeiro 30, 2011

"Enfim, livres!"

O que se está a passar agora no Norte de África, mais precisamente na Tunísia e no Egipto, não nos surpreende. Há muito que demógrafos e geopolíticos nos vinham avisando desta eventualidade. Recordo-me de um texto de José Manuel Nazareth, na revista Nação e Defesa, do início dos anos 90 (que infelizmente não encontro agora) em que o excelente demógrafo, agora jubilado, já então alertava para a futura instabilidade política do Norte de África, associando os elevados índices de fecundidade registados com as elevadas taxas de desemprego entre os jovens.

E não é que tudo agora começou com a auto-imolação de um licenciado desempregado na Tunísia, num momento de crise económica generalizada…

Mas observemos atentamente a foto acima: são os jovens que seguram as bandeiras da revolução. “Enfim, livres!”, escrevem eles nas paredes. Esperemos que desta vez os revolucionários não sejam tragados pela sua própria revolução.

Atentemos.

segunda-feira, janeiro 17, 2011

Ainda Sevilha

Sevilha, 15 de Janeiro de 2011

domingo, janeiro 16, 2011

Sevilha é uma torre

Sevilha, 15 de Janeiro de 2011

Laranjas de Sevilha

Sevilha, 15 de Janeiro de 2011


Poema de la saeta: Sevilla

Sevilla es una torre
llena de arqueros finos.

Sevilla para herir.
Córdoba para morir.

Una ciudad que acecha
largos ritmos,
y los enrosca
como laberintos.
Como tallos de parra
encendidos.

¡Sevilla para herir!

Bajo el arco del cielo,
sobre su llano limpio,
dispara la constante
saeta de su río.

¡Córdoba para morir!

Y loca de horizonte,
mezcla en su vino
lo amargo de Don Juan
y lo perfecto de Dioniso.

Sevilla para herir.
¡Siempre Sevilla para herir!

Frederico Garcia Lorca

***

Poema da seta: Sevilha

Sevilha é uma torre
plena de arqueiros finos.

Sevilha para ferir.
Córdova para morrer.

Uma cidade que espreita
por longos ritmos,
e os enrosca
como labirintos.
Como talos de parra
acesos.

Sevilha para ferir!

Debaixo do arco do céu,
sobre o seu plaino limpo,
dispara a constante
seta do seu rio.

Córdova para morrer!

E louca de horizonte,
mistura no seu vinho
a amargura de Don Juan
e a perfeição de Dioniso.

Sevilha para ferir.
Sempre Sevilha para ferir!

Frederico Garcia Lorca

terça-feira, janeiro 11, 2011

Floresceram, uma vez mais

Ouvi!

Soturnos homens das cidades

Que avançais cabisbaixos,

Temerosos com o F.M.I.


As amendoeiras que povoam o vosso solo pátrio

Ousaram florescer uma vez mais,

À revelia dessas coisas banais

Que vos atormentam a alma.


Em breve,

Os campos do Sul

Explodirão em flores multicolores.

Só faltarão os amores.


Pois que venham também

Passear entre as flores...

Antes que cheguem os homens

Do F.M.I.


domingo, janeiro 09, 2011

O FMI, os credores e as boas notícias do PM

Penso que toda a gente já percebeu que os credores de Portugal, os especuladores financeiros, os “mercados”, farão tudo o que estiver ao seu alcance para forçar a entrada do FMI no país, nem que para isso tenham de fabricar um aumento artificial das taxas de juro da dívida. É a forma que têm de ver garantido o pagamento dessa mesma dívida, com o menor risco possível e atempadamente. Se Portugal ameaça não poder pagar, então que pague o FMI e Portugal depois que se entenda com o FMI. E é óbvio que se estão nas tintas para as “boas notícias” que o primeiro-ministro deu no Parlamento.

Eles querem é o dinheirinho e rapidamente.

São uns pândegos, estes credores de Portugal.

domingo, janeiro 02, 2011

Pôr-de-Sol, Primeiro de Janeiro, Cabo Raso

Não te deixarei só.

Agora que o mundo exulta

E os sinos dobram

E os relógios marcam a hora

De um novo amanhecer.

No quarto vazio, (se estiveres num quarto vazio),

Observa a lua da tua janela (mesmo que não tenhas uma janela).

Asseguro-te daqui:

Não estarás só ao dobrar da hora.

Também eu estarei por aqui.

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