domingo, julho 12, 2009

Certezas ou meias-verdades?


«Com confiança de mais e reflexão de menos, pusemos o século XX para trás e, a passos largos, entrámos com ousadia no seu sucessor, ataviados com meias-verdades convenientes: o triunfo do Ocidente, o fim da História, a hora unipolar americana, a marcha inelutável da globalização e do mercado livre.»

Tony Judt, O Século XX Esquecido - Lugares e Memórias, Edições 70

sábado, julho 11, 2009

A arte da fuga

Entre a espada e a parede, o alçapão!

Em tempos ouvi dizer de alguém mais aguerrido, que quando o colocavam entre a espada e a parede, preferia a espada. Mas há sempre uma solução quando parece não haver nenhuma. Uma delas é desaparecer, como que por artes mágicas, e voltar a reaparecer noutro lugar, são e salvo, longe da espada e da parede, mas principalmente, longe de quem empunha a espada. Como nos filmes antigos, mudos e a preto e branco, em que o herói acossado pelo vilão desaparece por detrás de uma cortina de fumo, ante a surpresa do agressor e do espectador. Já com a ponta da espada encostada ao pescoço, plim! E o herói reaparece a milhas…

É a suprema arte da fuga!

quarta-feira, julho 08, 2009

Ao correr do marfim...


A devastação iniciada em África no século XIX continua, agora com a conivência e até a participação de governos corruptos, opressores do seu próprio povo. O fim do colonialismo não foi o início da liberdade, antes pelo contrário... Em África ainda não se respira liberdade e todos de lá querem sair.
E assim continua a correr o marfim... a madeira, o petróleo, o ouro, os diamantes, os animais...Tudo é consumido à velocidade da luz.
Prossegue a devastação no coração das trevas.

terça-feira, julho 07, 2009

A Nossa Força...


«Não eram colonizadores; desconfio que o seu governo se limitava a extorquir e nada mais. Eram conquistadores, e para isso bastava a força bruta - nada que seja motivo de vanglória, quando a temos, porque a nossa força não passa de um acaso decorrente da fraqueza dos outros. Apoderavam-se do que podiam só pelo prazer de se apoderarem. Tratava-se apenas de roubo com violência, assassínio agravado em grande escala e homens que se entregavam a isso às cegas, como aliás é próprio daqueles que enfrentam as trevas. A conquista da terra, que significa, sobretudo, tirá-la àqueles que têm uma cor da pele diferente ou o nariz ligeiramente mais achatado que o nosso, não é coisa bonita de se ver, se repararmos bem.»

Joseph Conrad, O Coração das Trevas

quarta-feira, julho 01, 2009

terça-feira, junho 30, 2009

A Leitura

A Leitura, 1870

Henri Fantin-Latour (1836-1904)


Ela observa-nos quando a observamos. A sua mão desnuda revela uma aliança e o laço azul destaca-se nas cores sombrias… Escuta com uma face inexpressiva. O que estará a ouvir? Parece ausente e a leitora, mergulhada na leitura, não se apercebe. Teremos sido nós que lhe captámos a atenção? Então rapidamente partimos para outro quadro.

As flores ao fundo são uma das marcas de Fantin-Latour, também um grande pintor de naturezas mortas do século XIX.

Quadro observado em Lisboa no Museu Calouste Gulbenkian em 28-06-2009.

sábado, junho 20, 2009

O Desnorte

«É já possível, depois de quatro anos de governação, determinar algumas linhas marcantes da política do Governo: 1. Por um lado, e por razões económicas, segue-se claramente uma orientação que se poderia chamar neoliberal. (…)

Mas neste período de eleições, e no contexto da crise nacional e internacional, o Governo é levado a contrariar parcialmente esta tendência neoliberal, insistindo em medidas próprias de um “Estado-Providência” (contra o desemprego, a pobreza, ajudando financeiramente empresas privadas (PME), nacionalizando bancos), o que torna menos clara a tendência para “desengordar” o Estado. 2. Por outro lado, e, aparentemente, em direcção contrária, a modernização da sociedade e do Estado impõe a máxima centralização dos serviços, a regulação mais económica das instituições públicas, a fusão de sectores idênticos até agora dispersos por vários sectores institucionais.
»

José Gil (2009), Em Busca da Identidade – O Desnorte, Relógio D’Água, pp. 44-45

quarta-feira, maio 27, 2009

Só seja marinheiro...

The Gust (c. 1680)

Willem van de Velde the Younger, 1633-1707
Só seja marinheiro quem esteja decidido a que no mar se afogue e nem dele reste memória. Senão até depois é capaz de haver monumento ou, pelo menos, sarcófago à parte.
Agostinho da Silva
Carta Vária, Relógio D'Água, 1990, pág. 70

sexta-feira, maio 22, 2009

Viva El Pelo

"Viva el pelo"
Julio Romero de Torres (1874-1930)

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