domingo, maio 23, 2010

Observemos perplexos a vida que criámos

Quais alquimistas?! Qual ouro?! Criámos vida! A Vida procura a vida e se não a encontra, tenta criá-la.

No início do século XXI o Homem transformou-se. Fez-se a si mesmo Homem-deus. Criador de mundos. Destruidor de mundos.

E agora o que fazer com a vida criada? Libertar-se-á a vida criada do seu criador, qual obra de Dr. Frankenstein, aprendiz de feiticeiro, alquimista, Homem-deus? Será um monstro à solta no Universo, ou apenas vida? Teremos aberto outra caixa de Pandora? A Vida procura sempre a vida. E se não a encontra?

A Vida liberta-se e procura manter-se contra a Morte (e não me falem em pulsões de morte). Na verdade este universo, quiçá o único, é pleno de histórias, encontros e recontros de vidas. Colisões de mundos!

Criámos vida! E agora?

Observemos perplexos a vida que criámos.

A Vitória é do Inter

©Getty Images

quinta-feira, maio 20, 2010

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Stormy Weather

James Alcock/AFP

Ainda El-rei D. João Segundo

Não nos demove a tempestade, neste Mar de Crise.

Ainda que soprem os ventos e os relâmpagos rasguem o céu.
Ainda que chovam rajadas e caia uma noite de breu.

Ainda aqui vamos atados ao leme. Ainda gritando:

«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quere o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
D' El-rei D. João Segundo!»

Ainda El-rei D. João Segundo.

quarta-feira, maio 19, 2010

Um revolucionário que anda para «trás»

O reaccionário é aquele que julga que existe uma sabedoria antiga, um modelo tradicional de ordem social e moral, ao qual devemos regressar a todo o custo; como tal, opõe-se a todas as chamadas conquistas do progresso, desde as ideias liberais democráticas até à tecnologia e à ciência moderna. O reaccionário não é um conservador, é quando muito um revolucionário que anda para «trás».

Umberto Eco, A Passo de Caranguejo, Difel, 2007, pág. 155

Esquerda Arcaica vs Esquerda Pós-moderna

Talvez o pecado original da esquerda contemporânea seja o facto de não saber aceitar completamente a ideia de que o verdadeiro eleitorado de um partido que pretende ser reformista já não é formado pelas massas populares, mas antes pelas classes emergentes e pelos trabalhadores do sector terciário (que não são poucos, pelo que é preciso que os partidos deixem de se dirigir à mítica classe operária e passem a concentrar-se neles).

Umberto Eco, A Passo de Caranguejo, Difel, 2007, pág. 137

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Axel Heimken-AP

terça-feira, maio 18, 2010

Paradoxo dos paradoxos

De colonizadores passámos a colonizados, no início do século XXI.

Agora somos colonizados economicamente pelos poderosos da Europa que ditam como deveremos gerir a nossa casa, sempre prosseguindo uma agenda neoliberal.

Temos 800 anos de história e somos nós quem deve governar a nossa casa.

Se a manutenção do euro no nosso país implicar mais dependência económica, mais desemprego e mais pobreza, então mais vale sair da Zona Euro e reerguer novamente o escudo.

Colonialismo económico, não obrigado!

domingo, maio 16, 2010

EUA vs. BP

(AP Photo/Gerald Herbert)

A hiperpotência contra a multinacional. Uma batalha entre dois colossos e a BP vai ter de pagar o prejuízo. Se em vez de Obama, fosse Bush (este menos sensível às questões ambientais), se em vez do Golfo do México fosse o Mar de Timor, se em vez dos EUA fosse Timor-Leste, ou outro qualquer país pobre, a BP provavelmente não pagaria e apontaria o dedo a outras empresas que sub-contratou, como já o tentou fazer, para irritação de Obama.

Os meios disponíveis para o combate contra a maré negra e o esforço que a BP está a realizar para conter a porcaria que está a provocar, provavelmente, seriam muito menores se o derrame fosse junto à costa de um país pobre e menos poderoso que a multinacional.

Mesmo assim, a catástrofe prossegue em câmara lenta, Obama irrita-se e a BP entra em pânico.

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