segunda-feira, agosto 02, 2010

domingo, agosto 01, 2010

O neoliberal


Vendedor de Ratos, Malawi, 2009


«Com efeito, quando o pirata desembarca em terra, que projectos de crimes traz ele nos bolsos? Onde escondeu as armas? Com que argumentos sedutores promove as suas especulações? Sob que máscaras humanitárias esconde as más intenções? Quando os assaltantes se apresentam na boa sociedade, os seus sofistas, os seus conselheiros, não se encontram longe. Desde há duzentos anos, os burgueses seleccionam as suas angústias: uma vez em terra firme, o anarco-marítimo torna-se, no melhor dos casos, um Raskólnikov* (que faz o que quer, mas que o lamenta), num caso menos favorável, um marquês de Sade (que faz o que quer mas nega o remorso), no pior dos casos, um neoliberal (que faz o que quer, mas citando Ayn Rand, se autoproclama homem do futuro).»


Peter Sloterdijk, Palácio de Cristal, Para Uma Teoria Filosófica da Globalização, Relógio de Água, 2008, pág.124.

(*) - Personagem principal do romance de Fiódor Dostoiévski, Crime e Castigo.

sábado, julho 31, 2010

O amor esculpido atravessa as eras

Sarcófago dos Esposos ou Sarcófago de Cerveteri, c. 530-520 a.C.




A visão da perfeição absoluta

Auguste Rodin, O Beijo, 1886

sexta-feira, julho 30, 2010

Rodin

«E ele trabalhava, trabalhava, trabalhava com toda a paixão e toda a energia do seu corpo pesado e poderoso; de cada vez que avançava ou recuava impetuosamente, o soalho estalava. Mas ele não ouvia. Não reparava que, atrás de si, se encontrava um jovem silencioso, coração preso na garganta, felicíssimo por poder ficar a observar no seu trabalho um mestre tão excepcional. Tinha-se esquecido completamente de mim. Para ele, eu não estava ali. Só a figura, só a obra existia e para lá dela, invisível, a visão da perfeição absoluta.»

Stefan Zweig, O Mundo de Ontem, Recordações de um Europeu, Assírio & Alvim, 2005, pág. 168.

quinta-feira, julho 29, 2010

Aristóteles vs Emerson

Aparentemente, ninguém se torna médico apenas pela leitura de compêndios de medicina.

Aristóteles, Ética a Nicómaco, Quetzal Editores, 2004, pág. 253


Os bons livros substituem as melhores das universidades.”

Emerson citado por Stefan Zweig, O Mundo de Ontem, Recordações de um Europeu, Assírio & Alvim, 2005, pág. 113.


Afinal, em que ficamos?

terça-feira, julho 27, 2010

Um por todos e todos por um.


Viver e deixar viver

Viena, cerca de 1900, Mercado de Flores

«Viver e deixar viver» era a célebre máxima vienense, uma máxima que ainda hoje me parece mais humana do que todos os imperativos categóricos, e que se impôs de forma irresistível no seio de todas as camadas sociais. Ricos e pobres, checos e alemães, judeus e cristãos viviam juntos em paz, apesar de alguns dichotes esporádicos, e os próprios movimentos políticos e sociais estavam desprovidos daquele terrível ódio que só penetrou na circulação sanguínea da época como sequela venenosa da Primeira Guerra Mundial.

Stefan Zweig, O Mundo de Ontem, Recordações de um Europeu, Assírio & Alvim, 2005, pág. 38.

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