sábado, maio 05, 2012

Cavaco, o “prestígio”, a “imagem”, a "reputação" e o “investimento directo estrangeiro”


Já não é a primeira vez que Cavaco Silva enfatiza a importância da “imagem” e do “prestígio” de Portugal enquanto factores de crescimento económico do país. A “imagem” e o “prestígio” fazem parte da sua vulgata e ele profere-as até à exaustão e ao aborrecimento (o nosso), reiteradamente. Da mesma forma, salienta a importância do “investimento directo estrangeiro”, para a ultrapassagem da crise económica e social que atravessamos. Ora este discurso, vindo de quem vem e de forma reiterada, aborrece, desmoraliza, não galvaniza e preocupa.

Pois ainda que a “imagem” e o “prestígio” sejam importantes, não se constroem no ar. Têm de assentar numa realidade ou essência que os sustente. E a actual realidade portuguesa, cada vez mais próxima do Terceiro Mundo, não é lá muito prestigiante. O senhor Presidente quer basear o nosso prestígio em quê? No empobrecimento? Nas desigualdades sociais? No crescimento do desemprego? No endividamento do Estado e das famílias? Na submissão do País aos poderes económicos e financeiros externos, ou, na submissão aos “mercados”? Na perda de liberdade? No enfraquecimento da democracia? Não é verdade que a capacidade de os portugueses determinarem o seu destino e o seu futuro se encontra seriamente comprometida? Ora, esta tónica continuada no “prestígio”, que na realidade está na lama, na “imagem”, e também no “investimento directo estrangeiro”, lembra-nos, de cada vez que é proferida pelo senhor Presidente, que a nossa liberdade, a nossa independência e o nosso desenvolvimento dependem mais dos outros do que de nós próprios, ou seja, dependem de elementos que não controlamos na medida em que se encontram fora do País. Será isto verdade?

Dependemos então da forma como os outros nos vêem e do investimento que decidem realizar no nosso território. É isso? Acredita o senhor Presidente que dependemos mais dos outros do que de nós mesmos para sairmos da situação em que nos encontramos?

Ficaríamos positivamente admirados com o Presidente se ele dissesse que, embora a “imagem” do país no exterior seja importante, não deixa de ser secundária em relação às condições de vida reais e ao trabalho que os portugueses poderão desenvolver no seu próprio país. Que a imagem,o prestígio e a reputação, virão depois de obra feita, por acréscimo, e em função da realidade (ou qualidade) criada.

Ficaríamos positivamente admirados com o Presidente se ele dissesse que, embora o investimento directo estrangeiro seja importante para combater o desemprego e desenvolver o País, não deixa de ser secundário em relação ao investimento que os portugueses poderão e deverão realizar no seu próprio país e também no estrangeiro. Que somos nós quem tem de fazer pela vida e que não podemos ficar à espera que venham os estrangeiros safar-nos desta situação.

Ficaríamos positivamente admirados com o Presidente se ele dissesse que o nosso futuro e a nossa liberdade dependem, acima de tudo, de nós, que estão nas nossas mãos e que somos capazes.

Surpreendidos com a surpresa de Gaspar

Dito aqui.
Estamos surpreendidos com a surpresa de Gaspar. Então não sabia ele que o desemprego iria disparar? Ó Gaspar, em que planeta estás tu, que não sabes o que fazes? Então, mas por que carga de água iria o desemprego reduzir-se? Estás a mangar como sempre não é verdade? Afinal a criação de uma reserva de mão-de-obra desocupada só tinha um intuito e tu sabia-lo bem: de acordo com essas regras da economia que segues religiosamente, calculavas que a um aumento da oferta de trabalho, que o seu valor se reduziria mais ainda e que tal iria tornar a nossa economia mais competitiva. Contudo, parece que cometeste um erro de cálculo crasso e, segundo dizes, inesperado: ao aumento da oferta de trabalho não correspondeu um aumento da procura por trabalho. É que a economia e as empresas definham por causa das dívidas, do garrote fiscal, da dificuldade de acesso ao crédito, da redução do consumo interno, da austeridade e por aí fora… Mas não sabias já tu isso? Ou tomas-nos por parvos?

"Bagão Félix diz que o país está melhor, mas os portugueses em pior situação que há um ano"

Dito aqui.

Alguém lembre a este senhor que Portugal são os portugueses e que se todos nos mudássemos daqui de vez, que Portugal iria connosco e que deixaria de existir para todo o sempre, neste pedaço de terra à beira mar plantado.

Acerca do Pingo Doce, Heraclito, uma vez mais...


Os melhores escolhem um só bem em troca de todos os outros, a glória eterna em troca das coisas mortais. A multidão sacia-se como as manadas.”
Heraclito
in Simone Weil, A Fonte Grega, Cotovia. 2006. Pág. 145

Uma vez mais, esta citação de Heraclito, agora a propósito das hordas invasoras de supermercados.

domingo, abril 29, 2012

Munyinya



Gorilla beringei beringei

Munyinga é o nome do macho dominante desta família (em primeiro plano na fotografia), uma das sete famílias de gorilas da montanha que habitam o Parque dos Vulcões, no Ruanda.

Créditos fotográficos: Christophe Courteau/ Biosphoto/Biosphoto / Christophe Courteau

quarta-feira, abril 25, 2012

Foi bonita a festa, pá


“Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto de jardim”
Chico Buarque, Tanto Mar
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A Festa da Liberdade... Andam realmente por aqui a tentar murchá-la. Esqueceram-se porém das sementes, neste canto de jardim: Portugal. Ter-se-ão esquecido de alguma semente neste canto de jardim?

Viva o 25 de Abril!


Tanto Mar by Chico Buarque on Grooveshark

terça-feira, abril 24, 2012

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segunda-feira, abril 16, 2012

Toledo

© AMCD

«Neste sentido Toledo é uma cidade muçulmana, a mais setentrional de todas, evocando Córdova, Sevilha, Granada e outros focos persistentes de uma civilização que, depois de quase oito séculos de domínio político, impregnou profundamente as paisagens e a vida peninsular, pelo menos na sua metade oriental, onde o Europeu capta o perfume de exotismo do Magrebe e se crê antes na África do que na Europa.»

Orlando Ribeiro, "Toledo. Ensaio de Geografia Urbana" in Opúsculos Geográficos, Vol. 5.  - Temas Urbanos. FCG. 1994. Pág. 401. 


Uma das mais belas paisagens urbanas do mundo

© AMCD

"O ladrilho tem um tom cinzento esbatido, as casas rebocadas são pintadas com uma cor semelhante. Faltam completamente as brancas fachadas, passadas a cal frequentemente, das cidades da Extremadura e da Andaluzia. Por isso se tem dito que Toledo é uma cidade sem cor, o que os visitantes de comprazem em verificar quando dão a volta ao Torno - a melhor maneira de ver o conjunto de uma das mais belas paisagens urbanas do mundo."

Orlando Ribeiro, "Toledo. Ensaio de Geografia Urbana" in Opúsculos Geográficos, Vol. 5.  - Temas Urbanos. FCG. 1994. Pág. 410. 

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