domingo, maio 28, 2006

Já se pressente o Verão.

Já se pressente o Verão.

Aproxima-se a largas passadas.
Já o mar se amansou e crepitam as fogueiras,
Nas divinas praias douradas.

Já se pressente o Verão.

Já as velas e os mastros sulcam os mares,
E as sereias cantam e as ninfas dançam,
E por todo o lado ecoam cantares,

Ao findar dos dias que as estrelas alcançam.

sábado, maio 06, 2006

A Partida de um Mestre

John Kenneth Galbraith (1908-2006)

Despede-se mais um Mestre. Simplesmente brilhante.
Num tempo em que vingam as vozes daqueles que pugnam por uma economia selvagem, neoliberal, descomprometida com o ser humano, que reduzem ao número, conducente ao puro darwinismo social, a voz do Economista Galbraith, apontava noutras direcções. Infelizmente, teve de partir.
Disse Galbraith uma vez:
"A grande dialéctica do nosso tempo não é, como antigamente se supunha e alguns ainda supõem, entre o capital e o trabalho, mas entre a empresa e o Estado."

Galbraith, A Economia Política, Publicações Europa-América, 1989, pág. 232.
E assim é.

segunda-feira, abril 17, 2006

Críse Petrolífera à Vista






















Paulatinamente o preço do petróleo vai assumindo valores cada vez mais elevados, arriscando paralisar a breve prazo a economia das nações mais desenvolvidas e do mundo inteiro. Ao contrário do que se anuncia, o aumento do preço do petróleo para os actuais valores não se deve a factores conjunturais, como as afirmações do presidente do Irão ou a política nuclear desta nação, as tempestades no Golfo do México, a política da Venezuela, a crise numa petrolífera russa ou a guerra no Iraque.

O aumento do preço do petróleo é alimentado pelo crescimento económico de países como a China ou a Índia, aumentando assim, de forma sustentada, a procura de petróleo face a uma oferta que tende a ser progressivamente mais limitada. Por outro lado, os países industrializados não diversificaram as suas fontes de energia tanto quanto deviam, continuando a depender do ouro negro e a consumir quantidades elevadas deste recurso.

Quando o Brent estava a 25 dólares o barril, ninguém então diria que chegaríamos rapidamente aos 70 dólares o barril. Em breve virá o dia em que os 100 dólares serão ultrapassados. A economia mundial está à beira de uma crise que poderá ter consequências tão ou mais nefastas que a crise económica de 1929. É uma questão de tempo, se nada entretanto for feito.

domingo, março 19, 2006

Barricadas em Paris





Há quem desvalorize a contestação nas ruas de Paris, tratando-a como se fosse uma réplica dos movimentos de Maio de 1968, e portanto como se fosse uma farsa (e não um drama). Dizem que os jovens hoje são conservadores e pragmáticos, quando em Maio de 68 eram idealistas. Alguns falam com saudade de Maio de 1968. Aquilo é que era contestação. Agora não.

Maio de 1968 foi há 38 anos. É história. No século XXI as preocupações dos jovens franceses passam pelo seu futuro, e o seu futuro é o da França.

Maio de 68 não foi a mãe de todas as contestações, como alguns nos querem fazer crer, e talvez a actual tenha tanto a ver com a de 1968, como essa tem a ver com a de 1871 .

É longa a tradição das barricadas de Paris (e das manifestações). Maio de 68 não foi a primeira, nem sequer a mais importante. A actual por certo não será a última.

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Única e exclusivamente a filosofia


Na vida do homem, a duração é um instante; a substância, fluente; a sensação, embotada; o composto de todo o corpo, pronto a apodrecer; a alma, um turbilhão; o destino, um enigma; a fama, uma vaga opinião. Em resumo, tudo o que respeita ao corpo, um rio; e a alma, sonho e fumo; a vida, uma guerra, um exílio no estrangeiro; a fama póstuma, o esquecimento. Que pode então guiar-nos? Única e exclusivamente a filosofia.

Marco Aurélio, Pensamentos

domingo, fevereiro 19, 2006

Serão os Americanos, os Romanos em ascensão, e os Europeus, os Gregos em decadência?

A América está feita com a sobra da Europa.


Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas

Alguns carpem o fim duma Europa impotente, presa nos seus próprios dilemas, paralisada na acção face aos desafios que o mundo lhe coloca e falam duma América activa, o braço forte do Ocidente, como se a Europa fosse uma Grécia decadente e a América uma Roma ascendente. Trata-se de uma falsa ideia. A união dos povos da Europa é coisa inaudita e poderosa. O desejo de adesão à União Europeia, por parte de Estados europeus e até extra-europeus é uma manifestação da força do projecto europeu. Para reforçar o seu papel no mundo, a Europa só tem de trilhar o seu próprio caminho, não contra os americanos, nem contra ninguém. Trata-se de um novo caminho. Um caminho nunca trilhado, repleto de esperança e de futuro. Pensar na União Europeia à luz de um modelo do tipo Estados Unidos da Europa, como se pensou no início, quando se criou a CEE, é um erro crasso. O modelo a seguir é novo, trata-se de uma união de povos distintos e de diferentes nações e não de estados distintos numa só nação.

sábado, fevereiro 18, 2006

A felicidade de uma alegria interior e sublime está reservada àquele que opõe a sua inexorável personalidade aos orgulhosos deuses e comodoros deste mundo.

Melville, Moby Dick, Relógio d’ Água Editores, Lda. , Pág. 74.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Deus, o livre arbítrio e os condutores de homens

Acontece porém, que uma das marcas essenciais do homem está, com todos os males que tal possa acarretar, na sua possibilidade de se opor, de resistir a Deus, e eis um ponto em que deviam meditar todos os que pretendem conduzir homens aos seus fins deles, não dos próprios homens; mas também é verdade que esses, por seu turno, estão resistindo a Deus. O Português podia ter resistido ao apelo do longe, Portugal podia ter-se recusado à acção.

Agostinho da Silva, Reflexão, Guimarães Editores, Colecção Filosofia & Ensaios, 1996, pág. 36
Ao recusar-se à acção, os portugueses estariam a opor resistência ao Eterno, mas o apelo do Eterno foi mais forte, e reflectiu-se na imensidão do mar, vindo de todos os azimutes, através dos oceanos infinitos.

domingo, fevereiro 12, 2006

A paz e a ausência de conflitos

Toda a vida é a luta, o esforço por ser ela mesma.

Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas


A paz não é meramente a ausência de conflitos, é algo mais. A verdadeira paz não é passiva é activa. A paz envolve um esforço constante das sociedades para mantê-la. A paz, por vezes, não se consegue sem o confronto. Pax romana. Quando os Romanos negligenciaram a sua paz, a paz acabou para os Romanos. Os Romanos acabaram. Às vezes é preciso lutar para conquistar a paz. Esta é a dura realidade. A paz está longe de ser coisa para pacifistas.

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