Disse Heraclito:
134. O ensino é outro sol para aqueles que o recebem.
Nota: fragmento 134 editado por DIELS e extraído da obra de Weil, Simon (1953) , A Fonte Grega, Estudos sobre o pensamento e o espírito da Grécia, Livros Cotovia, 2006, página 154.
domingo, novembro 25, 2007
quinta-feira, novembro 22, 2007
Sócrates e o ensino no Estado democrático
Disse Sócrates na República de Platão:
Ainda há estes pequenos inconvenientes: num Estado assim [democrático], o professor teme e lisonjeia os discípulos, e estes têm os mestres em pouca conta; outro tanto com os preceptores. No conjunto, os jovens imitam os mais velhos, e competem com eles em palavras e acções; ao passo que os anciãos condescendem com os novos, enchem-se de vivacidade e espírito, a imitar os jovens, a fim de não parecerem aborrecidos e autoritários. (Platão, A República, pág. 394)
Mas o excesso de liberdade, meu amigo, que aparece num Estado desses, é quando os homens e mulheres comprados não são em nada menos livres que os compradores. (Platão, A República, pág. 394)
Substitua-se a expressão “homens e mulheres comprados” pelo termo “assalariados”, e “compradores” pelo termo “empregadores” e temos então a aplicação desta ideia aos dias de hoje.
No passado o pedagogo era o escravo que levava o aluno, o filho do nobre ou do aristocrata, ao Mestre. Actualmente os professores são cada vez mais pedagogos, e cada vez menos, mestres. E o Nobre nos tempos democráticos é o Povo, pois é ele quem mais ordena. O que significa que os professores tendem a ser cada vez mais, uma espécie de escravos do Povo. E o sistema de ensino vigente, onde os políticos, representantes populares, mais ordenam, é a estrutura que suporta esta tendência.
Quando os mestres são convertidos em escravos é a educação que se escraviza. E é por aqui que se perde a Liberdade.
Sócrates advertiu há cerca de 2500 anos atrás:
É que, na realidade, o excesso costuma ser correspondido por uma mudança radical, no sentido oposto… (Platão, A República, pág. 396)
E o oposto da liberdade é sem dúvida a escravatura.
Actualmente nas nossas sociedades, ditas Ocidentais, vivemos sem dúvida, tempos de excesso…
E Sócrates concluiu peremptoriamente:
A liberdade em excesso, portanto, não conduz a mais nada que não seja a escravatura em excesso, quer para o indivíduo quer para o Estado. (Platão, A República, pág. 396)
Infelizmente parece que caminhamos paulatinamente e imparavelmente, no sentido apontado por Sócrates. O processo está em marcha e a educação dos tempos democráticos, já definha.
Nota: as citações foram retiradas da obra de Platão, A República, Fundação Calouste Gulbenkian, 9ª Edição, pp. 394-396.
Mas o excesso de liberdade, meu amigo, que aparece num Estado desses, é quando os homens e mulheres comprados não são em nada menos livres que os compradores. (Platão, A República, pág. 394)
Substitua-se a expressão “homens e mulheres comprados” pelo termo “assalariados”, e “compradores” pelo termo “empregadores” e temos então a aplicação desta ideia aos dias de hoje.
No passado o pedagogo era o escravo que levava o aluno, o filho do nobre ou do aristocrata, ao Mestre. Actualmente os professores são cada vez mais pedagogos, e cada vez menos, mestres. E o Nobre nos tempos democráticos é o Povo, pois é ele quem mais ordena. O que significa que os professores tendem a ser cada vez mais, uma espécie de escravos do Povo. E o sistema de ensino vigente, onde os políticos, representantes populares, mais ordenam, é a estrutura que suporta esta tendência.
Quando os mestres são convertidos em escravos é a educação que se escraviza. E é por aqui que se perde a Liberdade.
Sócrates advertiu há cerca de 2500 anos atrás:
É que, na realidade, o excesso costuma ser correspondido por uma mudança radical, no sentido oposto… (Platão, A República, pág. 396)
E o oposto da liberdade é sem dúvida a escravatura.
Actualmente nas nossas sociedades, ditas Ocidentais, vivemos sem dúvida, tempos de excesso…
E Sócrates concluiu peremptoriamente:
A liberdade em excesso, portanto, não conduz a mais nada que não seja a escravatura em excesso, quer para o indivíduo quer para o Estado. (Platão, A República, pág. 396)
Infelizmente parece que caminhamos paulatinamente e imparavelmente, no sentido apontado por Sócrates. O processo está em marcha e a educação dos tempos democráticos, já definha.
Nota: as citações foram retiradas da obra de Platão, A República, Fundação Calouste Gulbenkian, 9ª Edição, pp. 394-396.
quarta-feira, novembro 21, 2007
Contra Horácio
Esquece o dia!
Esquece-o! Como se fosse apenas mais um dia numa longa existência.
Dias melhores virão.
Hoje tive um mau dia.
Esquece-o! Como se fosse apenas mais um dia numa longa existência.
Dias melhores virão.
Hoje tive um mau dia.
sábado, novembro 17, 2007
The God Delusion*
Dawkins, como qualquer ateu, crê "piamente" na inexistência de Deus. Um crente, qualquer crente, crê piamente na existência de Deus.
É certo que não se pode - pelo menos nenhum ser humano até agora o conseguiu - provar cientificamente a existência de Deus. Mas, da mesma forma, também ninguém pode provar científicamente, a inexistência de Deus.
São na verdade questões de fé, mas de pólos opostos. Não se podem provar. Qualquer ateu não pode provar a inexistência de Deus, da mesma forma que não pode provar a Sua existência. Qualquer crente não pode provar a existência de Deus. Apenas acredita. Tem fé. E se o crente tem fé na existência divina, o ateu tem fé na sua inexistência.
A questão na verdade é antiga, muito antiga. E muito séria, pois as nossas crenças acerca do que existe para além dos limites da vida, afectam directamente a forma como vivemos aquém desses limites.
Miguel de Unamuno aborda esta questão no sua obra Do Sentimento Trágico da Vida, onde confronta filosoficamente a fé com a razão. Miguel de Unamuno recusa-se a acreditar que a existência é apenas um relâmpago entre duas eternidades de trevas. Nesse caso não há nada mais execrável do que a existência, diz ele.
Estou com Unamuno quando afirma que "a razão e a fé são duas inimigas que não podem manter-se uma sem a outra" e também que, "a razão não nos prova que Deus exista, mas também não prova que não possa existir".
E partilho o seu sentimento quando afirma que "há que sentir e comportarmo-nos como se nos estivesse reservada uma continuação sem fim da nossa vida terrena depois da morte; e, se é o nada que nos está reservado, não fazer que isto seja uma justiça, segundo a frase de Obermann".
Dawkins, não deve ter lido Miguel de Unamuno. Pelo menos não consta da bibliografia da obra em causa. Julga que o saber ou o conhecimento humano acerca do Universo e da Vida já é suficientemente sólido e vasto, para sustentar essa "evidência" da inexistência de Deus. Acaba por cair no erro em que caem certos "sábios" - a falta de humildade. Consideram grande o campo do conhecimento já desbravado pela ciência. Tão grande, julgam, que nos podemos comparar com deuses e dispor da vida e da morte, e do Universo inteiro. Parecem ignorar o ilimitado campo do saber ainda por desbravar. Ignoram que, por muito que se saiba, nada se sabe. Só sei que nada sei, disse Sócrates. E disse bem. Estes novos sábios, ébrios com os novos saberes alcançados pela ciência, tomam a atitude oposta - pensam que tudo sabem, sem nada saberem, ou sabendo muito pouco.
(*) - Título original da obra de Richard Dawkins, A Desilusão de Deus, editada em Portugal pela Casa das Letras.
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sexta-feira, novembro 16, 2007
O Menino da Sua Mãe
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
- Duas, de lado a lado -.
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo
A brancura embainhada
De um lenço…Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
Poema de Fernando Pessoa
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quinta-feira, novembro 15, 2007
Inferno de Dante
E o silêncio soprou nas searas ondulantes...
Sereias sussurrantes, de assombrosos cânticos, perseguiram-me,
E perderam-me.
Perdi-me,
E perderam-se.
Nas searas ondulantes...
Oh! Vil! Inferno de Dante!
Sereias sussurrantes, de assombrosos cânticos, perseguiram-me,
E perderam-me.
Perdi-me,
E perderam-se.
Nas searas ondulantes...
Oh! Vil! Inferno de Dante!
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