sábado, abril 26, 2008

O cravo na lapela

Existem formas subtis de desvalorização de um feito histórico, como o 25 de Abril, por exemplo, no discurso e na postura dos que dizem, surpreendentemente, valorizá-lo . Com toda a subtileza no discurso, é possível fazer parecer à populaça que se valoriza tal realização histórica, quando na realidade, no fundo, no mais profundo do ser, se a abomina.
Quando se salienta o desconhecimento da juventude (que tipo de desconhecimento e que tipo de juventude?), em vez de alguma juventude, para os factos ocorridos, mais não se está a dizer de que se trata basicamente, de uma realização que já é coisa do passado, pois que, nem os jovens se identificam com ela, não a comemoram, não a vivem. Como poderia ser doutra forma, se desconhecem a origem da Liberdade? O facto já passou à história portanto. Ou deverá passar na óptica do discursante.
Por outro lado, o valor de determinados símbolos e da sua utilização adequada nos momentos comemorativos, em particular pelos mais altos representantes da nação, na qual se inclui o discursante, é fundamental até como um acto pedagógico de adesão aos ideais que o símbolo representa: a Liberdade, a Democracia, o Desenvolvimento, a Solidariedade, etc.
O discurso e o acto são reveladores de pensamentos e de sentimentos. Mas nem sempre os verdadeiros sentimentos e pensamentos são revelados claramente no discurso. Por outras palavras, nem sempre se diz o que se pensa, nem sempre se pensa o que se diz.
Portanto pergunto, muito singelamente:
Onde está o seu cravo na lapela?

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