Nos idos anos 90, mais precisamente em
Volvidos 20 anos, e num momento de crise económica, quando a válvula de escape da emigração já não funciona, o Norte de África transforma-se numa panela de pressão social em explosão. Tunísia e Egipto já explodiram, mas para quando a Argélia, Marrocos e a Líbia? É preciso lembrar também que há muito, a margem oriental do Mediterrâneo fervilha de agitação, no Líbano, na faixa de Gaza (Palestina) afectando também o estado vizinho de Israel. Mas agita-se também a Jordânia e o Iémen, este na península Arábica.
Toda esta importante região projecta ondas de choque que alastram ao mundo. E é para esta região que se voltam os olhares do mundo.
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Encontrado o artigo de José Manuel Nazareth, cá vai um excerto:
«A Europa ainda não tomou consciência da evolução demográfica contrastada que existe de um lado e de outro do Mediterrâneo. Existe um autêntico colapso demográfico no norte (a fecundidade da Europa dos doze é de 1,6 filhos por mulher) e uma expansão sem precedentes no lado sul (em média seis filhos por mulher).
Alguns números absolutos começam a ser preocupantes sob o ponto de vista europeu…a Europa dos doze tem anualmente 3,8 milhões de nascimentos para 321 milhões de habitantes, ou seja, o mesmo número de nascimentos da Turquia e do Egipto, que totalizam apenas 97 milhões de habitantes. Em
É neste enquadramento que teremos de situar a Europa, a CEE e o nosso país face à África do Norte. Esta última região, considerada no seu todo, tem por ano mais um milhão de nascimentos do que a Europa dos Doze, numa população que globalmente representa um terço. Dentro de algumas dezenas de anos a sua população ultrapassará a da Comunidade.
Evolução da População da Comunidade Económica Europeia e da África do Norte, de 1960 ao ano 2025 (em milhões)
Ano | CEE | África do Norte |
1960 1975 1985 2000 2025 | 279,9 312,2 321,6 323,8 306,4 | 51,8 93,8 123,0 175,6 260,8 |
Fonte: Ramsés 87/88
Também são igualmente preocupantes os contrastes estruturais…que podem conduzir à tentação da complementaridade forçada: por um lado, temos um excedente enorme de idosos em relação às capacidades de financiamento dos sistemas de segurança social; por outro lado, temos, no Norte de África, um excedente de jovens em relação à capacidade de absorção do sistema produtivo.
(…)
Se, nos dias de hoje, a região de maior imigração é os Estados Unidos da América do Norte, amanhã essa região poderá ser a Europa. Não é uma novidade. Porém, a pressão demográfica será incomparavelmente superior devido à disparidade existente nos níveis de vida.»
José Manuel Nazareth, “A problemática demográfica portuguesa no contexto europeu”, Nação e Defesa, Agosto, 1990
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