“Ser descontente é ser homem.”
Fernando Pessoa, Mensagem

Podemos sentir-nos contentes quando destroem florestas equatoriais inteiras para as transformar em lucrativos palmeirais ou em extensos desertos verdes de soja?
Podemos sentir-nos contentes com o aumento das desigualdades socioeconómicas ao nível planetário, com o depauperamento de vastas camadas da população mundial, com o desemprego, só para alimentar a injusta concentração de riqueza nuns poucos?
Podemos sentir-nos contentes com a extinção das espécies e das tribos das florestas sempre verdes, com a sua rica cultura?
Podemos sentir-nos contentes com a transformação em mercadoria do planeta inteiro e de tudo o que ele contém?
Podemos sentir-nos contentes com a continuada exploração do Homem pelo Homem?
Podemos sentir-nos contentes com o aquecimento global e com as alterações climáticas?
Enfim, poderia continuar, ad aeternum, com estas questões. Mas sabem que mais? Há quem esteja contente. É contra esses e contra o sistema que defendem – o neoliberalismo - que deveremos dirigir o nosso descontentamento e assestar as nossas armas. É preciso desacreditá-los. Há que ser crítico portanto.