Uma garrafa vazia aguarda sobre a mesa
A tua mão ávida,
A tua boca ressequida, equivocada.
A taverna está deserta,
E a brisa agita as teias pendentes.
O teu olhar perde-se nas sombras
E brilha azul no escuro.
Há um copo em repouso sobre o balcão
Com um Porto luzidio.
1994 foi um ano bom.
Já recolhem a casa
Exaustos trabalhadores.
É o fim da tarde.
Vãos os árduos esforços,
Vãos os beijos que depositei na tua face.
Fujo.
Em fuga arremeto contra o vento.
Mergulho na liberdade,
No oceano, no abismo.
Caio, engulo ar.
1994 foi um ano bom.
Quando a tarde finda,
A difusa luz doira os muros
Dos blocos suburbanos.
Da minha janela
não tenho horizontes.
Avisto as nuvens multiformes
Em viagem.
Vagueio em pensamento.
1994 foi um ano bom.
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