Entrevistador: Uma
nota: os mercados impõem agora a sua ditadura ao povo. Não é assim?
Grilli (Ministro da Economia italiano): «Não colocarei a questão nesse plano. Não vamos demonizar os mercados. Uma
economia moderna não deverá fazê-lo: é uma questão de conveniência recíproca.
Os mercados não são um inimigo, mas um instrumento que permite ao Estado e aos privados
financiarem-se. Naturalmente os mercados escolhem as soluções que mais lhes convêm,
e os estados devem adaptar-se, procurando ser mais competitivos e atraentes. Este
processo de adaptação é mais longo e difícil na Europa, uma vez que existe uma
casa comum, o euro, que impõe a todos os países uma mudança conjunta. Mas não
tenho dúvidas: o processo é irreversível. O euro é uma grande conquista
económica e de civilização. E do euro não se voltará atrás.»
Este é o discurso dominante na
Europa conduzida pelos sumo-sacerdotes do mercado. Longe de demonizarem os
mercados, endeusam-nos. Nas suas palavras, os países não têm outro remédio senão
adaptar-se – submeter-se - às conveniências da nova divindade. Tudo para que
possam financiar-se, ou melhor, endividar-se e continuar a viver a crédito e do crédito.