(imagem da CNN)
Obama venceu. É sinal para dizer “play it again” Obama, mais quatro anos
na Casablanca. Antes ele que Mitt Romney. Mas não nos esquecemos da posição de Obama em relação à proposta francesa de aplicação da taxa Tobin a nível global, que aqui denunciámos. Não nos esquecemos também,
que nos EUA e durante o seu mandato, a classe média americana (85% da população americana, como bem nos lembra a jornalista Márcia Rodrigues, numa excelente peça)
foi cada vez mais espremida nos seus rendimentos, ao mesmo tempo que Wall Street prosperava.
Mas não nos deixa de surpreender a fragilidade do
discurso do movimento Occupy Wall Street:
o tal discurso do “nós, os oprimidos, somos 99% e vocês os super-ricos, que nos
oprimem, apenas 1%”, quando verificamos que, afinal, tal balanço não se
reflecte na distribuição dos votos entre os candidatos. Obama consegue cerca de
59 500 000 votos (52%) e Romney cerca de 57 000 000 de votos (48%). Então o “nós
somos os 99% e vocês o 1%”, reflecte-se nisto? É certo que a propaganda
eleitoral americana, em particular a conservadora, é poderosa. Mas será ela a
responsável pela traição e ludíbrio de muitos dos que dizem pertencer aos 99%, e
que afinal, foram votar no candidato claramente pró-Wall Street?
Sabemos que o partido de Wall Street joga em dois tabuleiros, não somos ingénuos, mas era
nítido que um dos candidatos – Mitt Romney - era claramente o candidato pró-Wall
Street, um conservador super-rico, um accionista de muitas empresas, envolvido
com o mercado financeiro. Pelos vistos, parece que entre os que dizem pertencer
aos 99% há muitos que defendem, por equívoco ou convicção, os tubarões de Wall
Street.
O Presidente dos EUA e também, é bom lembrá-lo,
Prémio Nobel da Paz, é um homem poderoso, mas não tão poderoso assim. O seu
poder acaba onde começa o poder de Wall
Street, o poder dos Conservadores, que mantiveram a Câmara dos Representantes,
o poder do Tea Party, o poder dos 1%...
que não é só 1%.
O Presidente dos EUA, assim como os presidentes
de todos os outros Estados, são cada vez menos poderosos. O poder está cada vez
mais noutro lado, e não é no lado da democracia.