O Presidente na sua comunicação
de hoje ao País, brandiu vários argumentos, um dos quais a necessidade de
mobilizar em 2014, 14 mil milhões de euros para pagar aos credores por dívidas
contraídas no passado. Precisamos de empréstimos para pagar dívidas, ou seja,
precisamos de continuar a endividar-nos.
Não se suspendem portanto as
transferências das "parcelas dos empréstimos que nos foram
concedidos", suspende-se a possibilidade de eleições antecipadas a breve
trecho.
Ainda que a realização de
eleições não equivalha necessariamente a democracia (no Estado Novo, por
exemplo, haviam eleições), podemos concluir que a democracia não está a ser
respeitada nesta história pois os nossos credores não são favoráveis a que os eleitores
se pronunciem. E os credores falam mais alto do que os eleitores aos ouvidos do
Presidente.
O Presidente deseja a minimização
dos antagonismos* inerentes à própria dinâmica democrática, para evitar a ira
dos mercados, que, segundo afirma, colocaria os portugueses perante a iminência
de mais “duros sacrifícios”. Para ele o ideal será trazer o maior partido da
oposição para a esfera da governação, juntando-o em acordo de "salvação
nacional" ao CDS e ao PSD. Para ele o ideal será limitar as vozes
incómodas aos dois partidos minoritários da oposição.
Como é evidente, neste momento
estamos sob uma nova forma de ditadura: a ditadura dos mercados.
Quem nos garante que uma semana
antes das eleições, ou da saída da troika
de Portugal, os juros da dívida portuguesa a dez anos não dispararão novamente
para taxas superiores a 7,5% e a bolsa não se afundará? Suspenderemos então a
realização das eleições?
Manda a situação que prevaleça o bom
senso.
Mas não será uma insensatez
prosseguir neste rumo? Onde queremos chegar?
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(*) Nota: antagonismo (luta entre inimigos); agonismo (luta entre adversários).
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(*) Nota: antagonismo (luta entre inimigos); agonismo (luta entre adversários).
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