quinta-feira, julho 04, 2013

Pedro Passos Coelho conta com a apreensão e o medo dos portugueses

Ontem em Berlim, numa conferência de imprensa, afirmou o seguinte:

Creio que os portugueses estarão muito mais apreensivos e assustados com a possibilidade de terem eleições sem saberem o que é que poderá resultar disso, não sabendo sequer se poderão continuar a dispor de apoio externo, como têm tido até hoje. Os portugueses estarão muito mais assustados com essa situação do que, com certeza, com a possibilidade de podermos fechar o nosso programa de assistência económica e financeira e de podermos enfrentar as dificuldades que temos, que ainda temos muitas."

Pedro Passos Coelho, Berlim, dia 3 de Julho de 2013

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A inépcia política é gritante. Podia ter afirmado que contava com a razão, a sensatez, o bom senso dos portugueses que ele governa (ou desgoverna)…Mas não. Conta com a apreensão e o medo dos seus conterrâneos e disse-o duas vezes.

Estamos apreensivos e assustados com a democracia? Estamos com medo do plebiscito e do que poderá daí resultar? Estamos com medo das nossas próprias escolhas? Estamos com medo do futuro? Estamos com medo dos mercados? Pois o pior que nos pode acontecer é viver com medo. Isso e calhar-nos em sorte a reeleição de Passos Coelho em futuras eleições. Disso sim, grande parte do povo português provavelmente terá medo.


E o “apoio externo que temos tido até hoje” tem sido um apoio para quem? Referir-se-á aos desempregados? Aos que tiveram e têm de emigrar? Aos jovens à procura do primeiro emprego? Aos reformados e pensionistas? Aos funcionários públicos? Aos trabalhadores do sector privado, por conta de outrem? Aos empresários e empregados da restauração? Aos farmacêuticos? Aos trabalhadores da construção? Aos contribuintes? Enfim, aos portugueses?

Portugal já recebeu a maior parte do 78 mil milhões de euros da troika (um valor que corresponde aproximadamente a cerca de 47% do PIB anual português previsto para este ano!). Alguém viu a “ajuda”? Os portugueses sentem-se ajudados? Foi uma “ajuda”?

E ainda há quem fale da possibilidade de um “segundo resgate”. Mais “apoio” externo?! Not in my name.

As elites governativas pedem os resgates e nós é que os pagamos. Pagamos aos credores e com juros usurários. Pagamos com o nosso suor, com o nosso dinheiro e com a nossa liberdade. Pagarão ainda os nossos filhos e os nossos netos.

Segundo resgate? Não, obrigado!

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