Ontem em Berlim, numa conferência de imprensa, afirmou o seguinte:
“Creio que os portugueses estarão muito mais apreensivos e assustados com a possibilidade de terem eleições sem
saberem o que é que poderá resultar disso, não sabendo sequer se poderão
continuar a dispor de apoio externo, como têm tido até hoje. Os portugueses
estarão muito mais assustados com
essa situação do que, com certeza, com a possibilidade de podermos fechar o
nosso programa de assistência económica e financeira e de podermos enfrentar as
dificuldades que temos, que ainda temos muitas."
Pedro Passos Coelho, Berlim,
dia 3 de Julho de 2013
***
A inépcia política é gritante. Podia
ter afirmado que contava com a razão, a sensatez, o bom senso dos portugueses
que ele governa (ou desgoverna)…Mas não. Conta com a apreensão e o medo dos
seus conterrâneos e disse-o duas vezes.
Estamos apreensivos e
assustados com a democracia? Estamos com medo do plebiscito e do que poderá daí
resultar? Estamos com medo das nossas próprias escolhas? Estamos com medo do futuro? Estamos com medo dos mercados? Pois o
pior que nos pode acontecer é viver com medo. Isso e calhar-nos em sorte a reeleição de Passos Coelho em futuras eleições. Disso sim, grande parte do povo português
provavelmente terá medo.
E o “apoio externo que temos tido
até hoje” tem sido um apoio para quem? Referir-se-á aos desempregados? Aos que tiveram
e têm de emigrar? Aos jovens à procura do primeiro emprego? Aos reformados e
pensionistas? Aos funcionários públicos? Aos trabalhadores do sector privado,
por conta de outrem? Aos empresários e empregados da restauração? Aos
farmacêuticos? Aos trabalhadores da construção? Aos contribuintes? Enfim, aos
portugueses?
Portugal já recebeu a maior parte
do 78 mil milhões de euros da troika
(um valor que corresponde aproximadamente a cerca de 47% do PIB anual português
previsto para este ano!). Alguém viu a “ajuda”? Os portugueses sentem-se ajudados?
Foi uma “ajuda”?
E ainda há quem fale da
possibilidade de um “segundo resgate”. Mais “apoio” externo?! Not in my name.
As elites governativas pedem os
resgates e nós é que os pagamos. Pagamos aos credores e com juros usurários. Pagamos
com o nosso suor, com o nosso dinheiro e com a nossa liberdade. Pagarão ainda os
nossos filhos e os nossos netos.
Segundo resgate? Não, obrigado!
Segundo resgate? Não, obrigado!
Um fundamentado medo...
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