Disse que construiria uma muralha impenetrável, colossal, a todo o comprimento da fronteira entre os EUA
e o México. Três mil cento e quarenta e cinco quilómetros, do Golfo de México ao Pacífico! Quer impedir a entrada de migrantes e refugiados nas terras do
sonho americano. A terra dos imigrantes. Eles que sonhem mas não ousem pisar a
terra do Tio Sam. Ele já não os quer. Sonhos americanos são para os americanos.
Nem os desertos de Sonora e do Mojave, onde muitos já se perdem, lhe bastam. Venha a muralha. Saberá
Trump que não foi assim que a América se fez?
Na Fortaleza Europa há também quem
já construa muros internos, a acrescer ao fosso do Mediterrâneo, e os
australianos protegem-se atrás dos seus fossos oceânicos e das suas leis restritivas
à imigração.
Curiosamente os civilizadíssimos
povos, pais e filhos da globalização, os que deram a conhecer novos mundos ao
mundo, agem agora como se a globalização - esta globalização - fosse uma criatura
que lhes escapou ao controlo e em pânico erigem já muros e cavam fossos. Tarde
demais.
É uma ironia: a Era global, onde
tudo é impelido a circular em torno do planeta inteiro – pessoas, mercadorias,
capital, informação – está a dar lugar a uma Era de muralhas e fossos.
Caminhamos a passos largos para a
Idade Média Global.
Disse um dia o Papa Francisco – é
um Papa Pop, sim senhor, mas é o nosso Papa - que estamos perante a globalização da indiferença…É pior do que isso. Não são indiferentes os que apoiam a
construção de muros e fossos em torno de fortalezas à escala continental (tal
como não são indiferentes os que dão refúgio aos que fogem da fome, da guerra e
da miséria, diga-se de passagem).
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