Hegel says somewhere that all great historic facts and personages recur
twice. He forgot to add: “Once as tragedy, and again as farce.”
Karl Marx (1852) , The Eighteenth Brumaire of Louis Napoleon,
Dodo Press, 2009.
Na ausência de um líder desejado que
os comande nestes tempos conturbados – os putativos debandaram – os britânicos,
na sua demanda por um líder novo, voltam-se agora para as suas referências de
líderes fortes em tempos difíceis. E o exemplo mais próximo que parecem ter é o
de Margaret Thatcher, a “Dama de Ferro”, que ganhou guerras distantes e
próximas, contra a Argentina e contra os sindicatos dos mineiros do carvão,
respectivamente. E vai daí, o Partido Conservador apurou agora duas tories que parecem ser a encarnação da
Dama de Ferro, pelo menos na sua postura, determinação e expressão. Theresa May
mais do que Andrea Leadsom. Mas esta, aparentemente mais dócil, não deixa de
ser uma mulher forte e determinada. A comprovar este zeitgeist sebastiânico, os jornais britânicos colocam na primeira
página parangonas que associam as duas candidatas tory à Dama de Ferro.
Mas os britânicos podem estar a cair num erro histórico muito comum. Como salientou Marx, os factos e os grandes personagens da história ocorrem primeiro enquanto tragédia e depois enquanto farsa. Margaret Thatcher só houve uma e já morreu, tal como Dom Sebastião. O que vier a seguir de mais parecido não passará de uma cópia ou de uma imitação barata. Em suma: uma farsa.