segunda-feira, abril 17, 2017

The specifics


Now few biochemists and molecular biologists doubt that life can arise naturally from nonlife , even though the specifics are yet to be discovered.


Lawrence Kraus, A Universe from Nothing: Why There Is Something Rather Than Nothing, Simon & Schuster, 2012


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Defende-se que pode haver criação sem criador e que a vida surgiu da não vida, mas o problema são os detalhes - "the specifics". Sempre os detalhes.

Mas afinal, o que se esconde nos detalhes? Deus, o Diabo, o Nada?

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Edição portuguesa da Gradiva.

segunda-feira, abril 10, 2017

Maria Helena da Rocha Pereira (1925-2017)

Maria Helena da Rocha Pereira (1925-2017)

Hoje partiu uma das nossas melhores.
Enriqueceu-nos.

Por ela chegou até nós a Cultura Clássica, os mundos gregos e romanos. Muito antes de sabermos quem ela era, já tínhamos descuidadamente lido algumas das suas traduções entre as quais A República, de Platão, da Fundação Calouste Gulbenkian. Depois foi uma curiosa descoberta verificarmos, afinal, que o seu nome estava em muitas obras traduzidas e lidas.

É gratidão o que sentimos e lamentamos a sua partida. Foi (É) para nós a Tradutora e a Anfitriã desses mundos longevos.

Fica aqui a nossa humilde homenagem.

domingo, abril 02, 2017

Um mundo novo é inevitável

Todos sabemos que a lagarta se metamorfoseará numa borboleta. Mas a lagarta saberá isso? Esta é a pergunta que temos de fazer aos profetas da catástrofe. São como as lagartas no casulo da mundivisão da sua existência de lagarta, inconscientes da sua metamorfose iminente. São incapazes de distinguir entre a decadência e a mudança para uma coisa diferente. Veem a destruição do mundo e dos seus valores, embora não seja o mundo que está a perecer, mas a imagem que têm do mundo.

Ulrich Beck, A Metamorfose do Mundo, Edições 70, 2017, pág. 30

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Um novo mundo é possível?! Que interessa isso agora? Agora é tarde. Os portões saíram dos seus gonzos. Um novo mundo é já inevitável! Quer queiramos quer não. A metamorfose do mundo está em curso. O que daí virá? Um admirável mundo novo? Talvez. Um mundo distópico? Não sabemos. Não será por certo um mundo em que os amanhãs cantam. Por certo será um mundo que não esperamos e do qual nem suspeitamos. Um mundo distante, muito distante desse mundo desejável pelos que proclamavam a possibilidade de um novo mundo, diferente do que nos impunha a globalização capitalista.

Ulrich Beck morreu. Só o soube, para grande surpresa minha, quando adquiri este seu novo livro póstumo: A Metamorfose do Mundo. Julgava-o vivo. Outro mestre que partiu, já há dois anos. Vive no entanto na sua obra e no pensamento que dela ecoa.

Até sempre Ulrich Beck.

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Novas costas delinear-se-ão. Ilhas e porções de terra hoje emersas ficarão submersas, assim como as áreas baixas das cidades e as baixas das cidades. Populações procurarão refúgio noutros lugares, espécies perecerão com o desaparecimento dos seus habitats e tempestades cada vez mais violentas varrerão os céus, a terra e os mares. Vinhedos, oliveiras e palmeiras surgirão noutros horizontes, mais para o norte e mais para o sul e certos insectos transmissores de doenças alastrarão também, assim como os desertos que já cobrem um terço da superfície da área continental planetária. Oceanos nunca antes navegados por veleiros serão atravessados por esses barcos de lés a lés. Os corais branqueiam-se e morrem, como já se anuncia, e muitas espécies perecerão numa já anunciada sexta extinção em curso. Não obstante não é do Apocalipse segundo São João de que falamos. É de outra coisa. A metamorfose do mundo é também a nossa metamorfose, assim como a da nossa visão do mundo. Virá um Homem novo. Um cyborg (já há quem por aí ande, merecidamente feliz, com um novo coração artificial). Também isto é já parte do mundo novo.

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