
Em casa, abro o livro, dou um
relance nas badanas, na capa e no verso: Daniel Kahneman é judeu - outro judeu.
Salto a introdução (ao diabo com as introduções, deixo-as quase sempre para o
fim) e começo a ler o primeiro capítulo. Descubro que o livro tem duas
personagens – o Sistema 1 e o Sistema 2. Torço o nariz. Que raio de nomes. Mas
rapidamente se tornou claro que poderá ser uma leitura interessante, ou então será
mais um livro que irá repousar na anti-biblioteca. O Cisne Negro do Taleb, já lá está. Foi lido até pouco mais de metade
com algum interesse, depois com alguma resistência e depois com alguma
penosidade: logo naquelas páginas iniciais se percebe o leimotiv, o motto - “shit
happens” – que é apresentado em looping, com inúmeros exemplos, quase
até à exaustão. Destino: anti-biblioteca. A leitura será retomada noutro dia,
talvez para as calendas. Espero que não ocorra o mesmo com o livro do Kahneman.
Afinal os judeus, por razões
históricas, religiosas e civilizacionais, parece que se especializaram na
lapidação de diamantes, na banca e na escrita – são um dos povos do Livro -, e na
verdade escrevem obras cativantes como diamantes. Quase sem me dar conta dou
com a casa repleta de livros de judeus, estando inclusivamente a ler em
simultâneo várias obras deles: Homo Deus,
do Yuval Harary (HarperCollins
Publishers), George Steiner em The New Yorker (o da Gradiva),
e agora este do Kahneman.
Nas prateleiras, repousam livros
de Hannah Arendt, Elias Canetti, Zygmunt Bauman, Eric Hobsbawn, Stefan Zweig,
George Steiner, Tony Judt e se calhar outros com os quais ainda nem me deparei,
também escritos por gente da diáspora. Outros li, como Primo Levi, que não
queria deixar de referir aqui. A todos eles tiro o meu chapéu. Grande gente, grande
povo e grande civilização que culturalmente nos enriquece a todos. Como foi
possível termos expulsado outrora esta gente?
Bem hajam! (Ops, não é este o
título da obra de outro judeu que também li recentemente?).
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