«Se é verdade que a literatura e a arte de qualidade podem educar a sensibilidade,
engrandecer as nossas percepções, refinar o nosso discernimento moral, pelo
mesmo raciocínio poderão também perverter, degradar e brutalizar a nossa imaginação
e os nossos impulsos miméticos.»
George
Steiner, “Homem Gato” in George Steiner
em The New Yorker, Gradiva, 2010, pág. 265.
As palavras são importantes, para
o bem e para o mal. A literatura e a arte também podem ser uma droga potente. Assim
se explicam alguns dos seus efeitos nefastos sobre a nossa “imaginação e os
nossos impulsos miméticos”. A citação de George Steiner enquadra-se num breve texto
que escreveu sobre a obra de um escritor considerado maldito: Céline. Mas quanta
literatura e arte (e a literatura é uma das artes) não existem por aí com esse
efeito, embora se possa questionar a sua qualidade e até a sua categoria enquanto
obra artística. (É isto literatura?) Livros que incendeiam as almas e o
mundo, e que sem eles o mundo decerto seria um lugar bem melhor, sem ideologias
e religiões incendiárias, e, consequentemente, sem tanto sofrimento. Mas para “educar a
sensibilidade” e “engrandecer as nossas percepções” há um preço a pagar.
***
Também poderíamos dizer em nota
de rodapé que não existem religiões nem ideologias incendiárias, o que existem
são incendiários inspirados por religiões e ideologias.
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