Quanto mais os trabalhadores funcionam como apêndices das máquinas com
que trabalham, menos liberdade de manobra têm, menos importantes são as suas
competências e mais vulneráveis se tornam ao desemprego tecnológico. É isso que
explica a oposição frequentemente forte dos trabalhadores à introdução das
novas tecnologias.
David Harvey, O Enigma do Capital, Bizâncio, 2011,
pág. 112
What will happen to
the job market once artificial intelligence outperforms humans in most
cognitive tasks? What will be the political impact of a massive new class of
economically useless people? What
will happen to relationships, families and pension funds when nanotechnology
and regenerative medicine turn eighty into the new fifty? What will happen to
human society when biotechnology enables us to have designer babies, and to
open unprecedented gaps between rich and poor?
Yuval Harari,
Homo Deus: A Brief History of Tomorrow, HarperCollins, 2017
(realce nosso)
Já não nos bastavam as ameaças
das alterações climáticas, do terrorismo, da proliferação nuclear, entre
outras. De acordo com Yuval Harari, sobre todos pairará a ameaça da inutilidade
e do desemprego tecnológico. O homem enquanto trabalhador tornar-se-á obsoleto.
Cada um de nós age e pensa, diz ele, de acordo com uma espécie de algoritmo
bioquímico que será ultrapassado pelos algoritmos artificiais inteligentes que criámos. A criação ultrapassará o criador. A raça humana será
extinta pela máquina inteligente. Os futuros humanos não serão humanos, serão
outra coisa qualquer. Uma espécie de super cyborg,
de homem-máquina, quase imortal. Homo deus
em vez de Homo sapiens. Qualquer
resistência em relação às novas tecnologias, das quais estamos cada vez mais
dependentes, será inútil. Qualquer resistência fará de nós luditas do século XXI. E como sabemos os luditas não
foram capazes de travar as máquinas.
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