sábado, outubro 31, 2020

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Sean Connery (1930-2020)

sábado, outubro 10, 2020

Onde a extrema-direita e a extrema-esquerda esbarram

 

«O que é afinal a União Europeia senão esse trabalho de desconstrução dos fundamentos identitários, um espaço liberto de todos os traços culturais de um território, das soberanias, dos valores e costumes, das tradições, dos gostos e valores, das questões religiosas e civilizacionais? O alargamento europeu é um modo de expansionismo ideológico e político através de uma visão economicista do homem e da destruição maciça de identidade para a construção de um grande supermercado.»

 

João Maurício Brás, Os Democratas que Destruíram a Democracia, Opera Omnia, 2019, pág. 95.

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Aqui discordamos. Discordamos profundamente. O projecto europeu é o muro onde têm esbarrado todos os movimentos extremistas que se querem alçar ao poder nas suas nações. Quando colocam, abertamente ou veladamente, na sua agenda, a saída da União, perdem massa crítica, perdem votos. Isto porque se há um projecto do qual os povos não abdicam (exceptua-se aqui cerca de metade dos britânicos) é o da União Europeia. E com razão. Recordam o que foi a Europa durante séculos até 1945: uma guerra contínua intervalada por breves momentos de paz, momentos de preparação para a guerra seguinte. Nem a Belle Époque escapou, também ela culminando num período de rearmamento de cada um contra o seu vizinho. A Europa foi um eterno campo de batalha entre nações inimigas, agrupadas ou isoladas. Os solos da Europa estão pejados de reminiscências de sangue e de cadáveres de soldados e de civis, de bombas e de canhões. É bom não o esquecer. Ainda hoje, quando se fazem obras em certas cidades da Europa, encontram-se enterradas bombas de guerras pretéritas, que não rebentaram só por milagre, mas que ainda ameaçam rebentar e matar.

Se a União Europeia é “esse trabalho de desconstrução dos fundamentos identitários” a que João Maurício Brás se refere, então como explica ele a persistente presença das identidades nacionais, incólumes, ostentadas pelos povos que a integram, colocando muitas vezes em causa o objectivo da solidariedade entre os Estados-membros, como se viu recentemente? E as tensões entre Estados-membros na União Europeia, que impõem longas negociações até se conseguirem cedências de parte a parte? Ainda bem que as há. E ainda bem que são dirimidas por dentro. “Um espaço liberto de todos os traços culturais”? Não. Pertencemos à mesma civilização, mas as culturas, diversas, estão lá todas, enriquecendo-se umas às outras, colhendo o que de melhor há em cada uma delas sem se descaracterizarem por isso: estarão os lisboetas a dançar a sevilhana ou os andaluzes a cantar o fado?

Vivemos como sempre temos vivido, lado a lado, mas agora unidos.

Também não somos ingénuos ao ponto de acreditar que não há na União Europeia quem procure trabalhar no sentido da desconstrução dos fundamentos identitários e queira impor uma ideologia pós-moderna, pós-identitária, com a conivência do neoliberalismo dominante. Aqui João Maurício Brás indigna-se com razão. Essa gente está aí. Mas também há outra gente, como ele, que pensa de modo diferente.

A União Europeia não é um projecto estático e unidireccional. Pode ser transformada por dentro sem ser destruída. Pode ser melhorada. Há uma Ideia de Europa (George Steiner) que é preciso não deixar morrer.

Estamos fartos de guerras.

Destino & Horizonte

 Não esperes alterar com preces o destino fixado pelos deuses!

Virgílio, Eneida (citado por Séneca)


Os destinos estão determinados de uma vez por todas, e prosseguem a sua marcha em obediência à lei eterna do universo; tu irás para onde vai tudo o mais! 

Séneca, Cartas a Lucílio, Livro IX, Carta 77 


Toda a vida é sempre breve.

Séneca, Cartas a Lucílio, Livro IX, Carta 77

 

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É bom não perder a referência da linha do horizonte.

O que há para lá dele, escapa-nos.

E também ele nos escapa, sempre que vamos ao seu encontro.

Tal como a perfeição, da qual podemos sempre aproximar-nos mas sem nunca a alcançar.

Carpe diem

Horácio, Odes, I, 11, 8.

segunda-feira, outubro 05, 2020

Frase do dia

Nós não vamos à caça com cornetas e pandeiretas.

Maria José Morgado
Procuradora-geral Adjunta

 

Quando questionada por Miguel Sousa Tavares, na TVI, sobre a pertinência da manutenção do segredo de justiça, quando o mesmo é violado a todo o tempo, segundo o jornalista.

Maria José Morgado não tem a mesma perspectiva de Miguel Sousa Tavares. É uma caçadora. Acredita no segredo de justiça.

A natureza humana. Che cos'è?

 “A natureza humana, o que quer que isso seja”, li um dia não sei onde, nem dito por quem. Perdi a referência. Talvez Agostinho da Silva… Não posso garantir. Dão-se alvíssaras a quem encontrar.

 

A natureza humana. Che cos'è?

 

Talvez os mitos nos digam mais sobre a nossa própria natureza do que aturados filósofos, que continuam em busca do “conhece-te a ti mesmo”. Permanecemos desconhecidos perante nós mesmos. E por muito que nos conheçamos, nunca nos conhecemos. O que somos? Quem somos? Por que somos? A cada avanço no sentido do conhecimento acerca de nós mesmos, um imenso desconhecido abre-se logo à nossa frente. A cada clareira de conhecimento que desbravamos, apreendemos logo uma imensa selva da qual não se adivinham os confins. Os seus limites, a existirem, vão muito para além de todos os horizontes, em qualquer direcção, para onde olhemos. Estamos perdidos à procura de nós mesmos e a busca é incessante. Por isso não nos venham falar com tanta certeza da natureza humana. Sabemos apenas que estamos juntos e que amamos. Talvez constitua o melhor da nossa natureza: a capacidade de amar em momentos difíceis e até adversos, pela simples compreensão das nossas próprias fraquezas.

quinta-feira, outubro 01, 2020

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Mafalda pensava o que Quino bem pensava.

Quino (criador de Mafalda) (1932-2020)

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