quarta-feira, agosto 31, 2022

Gorbachev

 

Mikhail Gorbachev (1931 – 2022)


Por alguns anos o céu aligeirou-se da ameaça de uma chuva nuclear, tudo graças a Gorbachev, homem imune ao apelo da “grandeza” – a grandeza da América, a grandeza da Rússia, a grandeza da França, a grandeza do Reino Unido, a grandeza disto e a grandeza daquilo, com que certos políticos enchem a boca para justificar determinadas opções de domínio do espaço, iludidos na vanglória de mandar. Mereceu o Prémio Nobel da Paz.

Mas o alívio que trouxe aos céus durou pouco mais de uma década. Putin encarregou-se de fazer regressar o terror nuclear, justificando-se com as linhas vermelhas que a O.T.A.N. ultrapassou na sua aproximação às fronteiras da Rússia.

Partiu Gorbachev, fica o equilíbrio do terror, agora mais periclitante.

domingo, agosto 28, 2022

Verde

 


       Praia Verde                                                                                   AMCD ©


quinta-feira, agosto 25, 2022

Assombro

 

Richard Powers, Assombro, Editorial Presença, 2022


Leitura interrompida e abandonada na página 174.

Foz do Lizandro

 


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Lizandro, lizardo, lagarto. Cá pra mim é Foz do Lizardo.

quarta-feira, agosto 24, 2022

Rocha

 

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terça-feira, agosto 23, 2022

O que aí vem não é nada bom

 

O terceiro rio mais extenso do planeta, o mais extenso da Ásia, convertido num ribeiro seco. O que está a acontecer não é um fenómeno local ou regional, frequente nas regiões desérticas ou mediterrânicas, no Verão. É um fenómeno planetário. É preocupante. Mas estaremos verdadeiramente tão preocupados como deveríamos estar? 

segunda-feira, agosto 22, 2022

Beliche


Barragem do Beliche, Algarve Oriental

AMCD ©

Livros lidos: 2666

 


Roberto Bolaño, 2666, Quetzal, 2009


⭐⭐⭐⭐

Cinco estrelas. 1025 páginas em 20 dias. Não aconselhável a menores de 18 anos nem a pessoas hipersensíveis ou com os nervos em franja. Bolinha vermelha no canto superior direito. Demasiado gráfico e, por vezes, pornográfico, por vezes com uso recorrente do baixo calão. O horror dos desaparecimentos, das moscas e dos cadáveres violados. Onírico, misterioso, diabólico. Prende o leitor. A ler com muita cautela, ou a não ler.

 

Ali se encontram Poe, no suspense em que nos coloca, McCarthy no ambiente hostil do Meridiano de Sangue, Eco e o ambiente misterioso do Nome da Rosa nos diabólicos episódios do Penitente, profanador de igrejas, e David Lynch, que Bolaño refere, e muitos muitos outros que escapam ao nosso alcance, ou não, e que seriam demasiados para aqui enumerar.

***

Três dias depois da profanação da Igreja de Santa Catalina, o Penitente introduziu-se a altas horas da noite na Igreja de Nuestro Señor Jesuscristo, no bairro da Reforma, a igreja mais antiga da cidade, construída em meados do século XVIII, e que durante algum tempo serviu de sede episcopal de Santa Teresa. No edifício adjacente, situado na esquina das ruas Soler e Ortiz Rubio, dormiam três padres e dois jovens seminaristas índios da etnia papago que frequentavam os estudos de Antropologia e História na Universidade de Santa Teresa. (…) De repente, um barulho de vidros partidos acordou-o. Primeiro pensou, coisa estranha, que estava a chover, mas logo se apercebeu de que o barulho provinha da igreja e não de fora, levantou-se e foi investigar. Quando chegou à reitoria ouviu gemidos e pensou que alguém tinha ficado fechado num dos confessionários, coisa totalmente improvável pois as portas destes não fechavam. O estudante papago, contrariamente ao que se dizia das pessoas da sua etnia, era medroso e não se atreveu a entrar sozinho na igreja.

 

Roberto Bolaño, op. cit., p. 426.

quinta-feira, agosto 11, 2022

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Fernando Chalana (1959 - 2022)

segunda-feira, agosto 08, 2022

O mestre Sun disse


A Conduta da Guerra é

 

Uma Conduta de Enganos.

 

Quando posicionares as tuas tropas,

Age como se não fosse o caso.

 

Quando perto,

Finge-te longe.

 

Quando longe,

Finge-te perto.

 

Lança o engodo;

 

Desfere um ataque pronto.

 

Sun Tzu (séc. IV a.C.), A Arte da Guerra

Edições Quasi, 2008, p. 10

 

***

 

Foi o que os russos fizeram em Fevereiro, ou tentaram fazer. A conduta da guerra é uma conduta de enganos.

Manobras que não são manobras, mas o prelúdio de uma invasão.

Quando os chineses invadirem a Formosa, pouco antes, farão “manobras”.

sábado, agosto 06, 2022

Do não alinhamento marxista com os fundamentalismos pós-modernos

 «A ideia de cultura contemporânea pouco tem a ver com cultura. Esta ideia também veio camuflar um problema fundamental das sociedades humanas: o falhanço da redistribuição da riqueza e a relevância da vida digna.

Esqueçamos as desigualdades económicas, a questão da distribuição da riqueza, os trabalhadores, o povo, a luta de classes. Estas foram substituídas pelas questões do sexo, da raça, da orientação sexual e de qualquer ideia de eventual subalternidade.»

 

João Maurício Brás, Os Novos Bárbaros - A Moral de Supermercado, Opera Omnia, 2021, p. 223.

***

Um marxista que se preze não prescinde da divisão da sociedade em classes. A luta de classes para ele é imorredoura e motivada por esse “problema fundamental das sociedades humanas”, problema também ele perene porque jamais haverá uma sociedade sem classes, sem pobres e sem ricos. Isso é um ideal, para não lhe chamar uma utopia. Haverá, por essa razão, sempre chão para a sua luta.

Um marxista que se preze não confunde o fundamental com o acessório. Não confunde a luta de classes com outras lutas, acessórias, fracturantes e rendidas ao capital. Para o marxista, no centro estará sempre o trabalhador e o valor do seu trabalho apropriado pelo capitalista, e nunca o consumidor. Daqui surge o grande desajustamento com a actual sociedade de consumo, em que o trabalhador, camuflado pela novilíngua em “colaborador”, é cada vez mais um consumidor e o capitalista um “empreendedor”.

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P.S. O marxismo cultural é uma contradição nos termos. 

sexta-feira, agosto 05, 2022

Sois Rei!






Jô Soares (1938 - 2022)

Eras cerebrais

 Na Era da Máquina o cérebro maquinava. Na Era do Computador o cérebro computa, processa. O que fará o cérebro nas futuras eras? Teremos de esperar. Ou morrer.

A melancolia deu lugar à depressão. Compressões e descompressões da Era Industrial. Descompensações. Hoje o cérebro esturrica – burnout – como um computador sobreaquecido pelo excesso de processamento. Excesso de informação processada, pois não estamos nós na Era da Informação? Ou da desinformação? A ter em atenção: informação ≠ saber.

O cérebro nem é uma máquina nem um computador, felizmente. O que ele é ainda nos transcende. Felizmente.

quinta-feira, agosto 04, 2022

Das leis da Física

A reacção é sempre uma resposta à acção. Os activismos delirantes (enquadrados pelo movimento woke) e a teologia de mercado (neoliberalismo) motivaram a emergência de movimentos reactivos igualmente delirantes. Agora queixam-se da ascensão da extrema-direita reaccionária. Pois ela aí está, purulenta, brotando por todos os poros do corpo social.

terça-feira, agosto 02, 2022

A importância das coisas

 As coisas só são importantes para quem lhes dá importância.

Mas há quem não dê às coisas a devida importância.

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