domingo, agosto 13, 2023

Abismos

 

O mundo não está bem. Raramente, nas últimas décadas, esteve tão perto de abismos diversos.

António Barreto, aqui e no Público de hoje

 

Quem luta com monstros deve velar para que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.

                                                             Nietzsche

 

Abismos diversos. Temos o abismo nuclear, o abismo climático, o abismo demográfico, o abismo económico e financeiro (as crises geradoras de desemprego e miséria), o abismo sanitário (virológico e bacteriológico, pandémico), o abismo político (a ascensão dos regimes autoritários) e mais algum abismo que nos escapa ou, pior, que desconhecemos, como o peru do Dia da Acção de Graças que nem suspeita o que lhe vai acontecer, tão bem tratadinho que é. 

 

Caminhamos numa senda perigosa e estreita, rodeada de abismos. Não sabemos como estaremos quando sairmos daqui, ou se iremos sequer sair daqui.

 

E o que acontece quando nos pomos a mirar os abismos mais profundos, ali, até onde a vista alcança e se perde no negrume? Ouvimos soar do fundo uma ameaça aterradora. Um rugido gutural, nunca ouvido. O fim.

 

O melhor é atalhar caminho e estugar o passo, sem olhar para trás.

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