sexta-feira, agosto 04, 2006

Guerrilheiros ou Terroristas?

Guerrilheiros ou terroristas? Resistentes? Combatentes?

Atenção às palavras. Elas marcam as posições no espectro mediático. Denunciam as pendências. Revelam tendências. As guerras nunca são neutras. Há sempre outra guerra por detrás das guerras. A guerra de palavras e das palavras.

É por esta guerra que existem outras guerras.

O carrasco e a vítima

O carrasco tortura a sua vítima e condena-se desse modo a ser uma eterna vítima.

George Steiner, Quatro Entrevistas com George Steiner (por Ramin Jahanbegloo)

Insolentes os que fazem a guerra

«Creso, quem dentre os homens te convenceu a invadir o meu país e a fazer de ti um inimigo meu, em vez de um amigo?» E ele respondeu: «Ó rei, eu fiz isto para tua fortuna e meu infortúnio. O culpado disto foi o deus dos Helenos, que me induziu a entrar em guerra. Pois ninguém é tão insolente que a prefira à paz. Nesta os filhos enterram os pais, mas naquela são os pais que enterram os filhos. Mas talvez fosse grato a um deus que as coisas assim acontecessem».
(resposta de Ciro a Creso)
Heródoto, Histórias, livro 1º
Insolentes os que fazem a guerra, induzidos pelos deuses e pelas irracionais paixões dos homens. Acabam por tornar-se vítimas das suas acções, porém, não sem antes vitimizarem os inocentes.

domingo, julho 16, 2006

Matar Moscas com um Martelo

Neste preciso momento, os israelitas estão a tentar "matar moscas com um martelo" e os resultados estão à vista.

As "moscas" escapam e o resto fica destruído. Os russos fizeram uma coisa parecida na Tchechénia, mas a uma escala maior. É o resultado da desproporção de meios entre as partes. Trata-se de um acto de desespero e de fraqueza (ao contrário do que parece). E é também a prova de que os ataques cirúrgicos e as bombas inteligentes são coisa que não existe.

O pior de tudo isto são as vítimas inocentes.

quarta-feira, julho 05, 2006

Choro de Derrota


Desgraçada consolação para as desgraças dos desgraçados.

Ésquilo, Persas

sábado, julho 01, 2006

Alegria

Sempre que haja alegria entre todo o povo
e os convivas, no palácio, ouçam o aedo,
sentados em fila, e, ao seu lado, as mesas transbordem
de pão e de carne, e, tirando do cráter o vinho,
o escanção o sirva, vertendo-o nas taças:
parece-me que tal será o mais agradável para o meu coração.

Homero, Odisseia, 9.6-11

segunda-feira, junho 19, 2006

Os Árabes



Não há como os Árabes para respeitar compromissos.

Heródoto, Histórias, livro 3º, Edições 70, pág. 46.

Há 2500 anos atrás Heródoto fixava um traço característico dos Árabes que ainda hoje persiste.

Por os Árabes honrarem os seus compromissos, são exigentes com quem negoceiam. E quem não honra os compromissos para com eles, não pode depois esperar vantagens.

Durante o século XX quem mais negociou com os Árabes e não honrou os compromissos assumidos?

Os Árabes são negociantes exímios tendo apurado essa qualidade desde eras ancestrais, entre si, na sua relação com povos vizinhos e com povos distantes.

A sua relação com o Ocidente (e com o mundo), quando não era de conflito, sempre se pautou pela negociação. Sempre se tratou de uma relação negociada, de uma convivência negociada.

É o menosprezo por esta realidade que actualmente compromete a relação entre Árabes e Ocidentais.

sexta-feira, junho 16, 2006

Periclitâncias

Montesinho
(Equilíbrio Periclitante de um Granito)
Prescrutas a eternidade...e o abismo,
Enquanto aguardas a brisa que te derrubará.
Ou simplesmente, desafias o destino.
Esse destino que te quedará no fundo dos vales.
Mas enquanto o destino não se cumpre, enfrentas o Vento,
De face erguida ao Sol.

quinta-feira, junho 15, 2006

As "Novas" Políticas "Socialistas"

Acreditam os novos governantes que as empresas e a sociedade civil (o voluntarismo de certas instituições não governamentais) é que vão resolver os problemas sociais, como o desemprego, a fome, a iliteracia, a pobreza... Isto para justificar a retrocesso do Estado perante tais desígnios. O Estado, defendem, deve assumir apenas um papel regulador, intervindo o menos possível na economia e na sociedade. Menos Estado, melhor Estado, dizem. Emagrecer o Estado impõe-se, afirmam.

Como se a redistribuição da riqueza conduzida pelo Mercado e não pelo Estado, desse azo a uma justa redistribuição.

O Estado demite-se e curva-se perante as empresas e esquece...

Esquece que a vocação primeira de qualquer empresa é a geração de lucro e não a resolução de problemas sociais. E se algumas empresas desenvolvem algumas acções visando a ajuda aos pobres, como campanhas de recolha de fundos associadas à venda dos seus produtos ou serviços, tal tem por base a sua promoção aos olhos dos consumidores, e não um genuíno desejo de resolver problemas sociais.

Por outro lado, é sabido que aos territórios onde o Estado não chega, ou por impotência ou por falta de vontade ou de capacidade, é a sociedade civil que lá tem de se desenrascar...substituindo-se ao papel que o Estado deveria ter.

As ONG e a sociedade civil têm um papel importante na resolução dos problemas sociais mas o Estado tem o papel mais importante no que cabe à resolução desses problemas. Não deve por isso escudar-se na acção das ONG e da sociedade civil (e das empresas) para justificar a sua demissão de uma tarefa que lhe cabe: o da redistribuição da riqueza e da resolução dos problemas sociais.

Por estas razões as "novas" políticas "socialistas", de socialista não têm nada. E nem sequer são novas.

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