Expliquem-me ó excelsos doutores de Economia, como é possível? Então o crescimento económico, por si só, já não garante a criação de emprego? Como é possível? Enormes devem ser os ganhos de produtividade, quando com menos trabalhadores se consegue produzir tanto ou mais do que no passado. Não cai agora por terra esse argumento de que neste país não se podem aumentar mais os salários por ser reduzida a produtividade? Que prodígio esse, de se conseguir crescer economicamente com um desemprego sempre crescente.
Revejam as vossas teorias, ó doutores. A realidade está a mudar.
Não mostrarei aqui os rostos do sofrimento, pois esses já estão disseminados pelo planeta. Chega de pornografia dos corpos apodrecendo ao Sol. Não bradarei aqui, a todos os ventos "Ajude o Haiti", porque isso não é ajudar o Haiti. Bradar aos ventos não é ajudar o Haiti. A ajuda não se diz, faz-se.
Sobre as razões, de sobra, desta atitude, remeto para dois "posts" que lêem muito bem o que se está a passar. A Origem das Espécies e A Natureza do Mal.
A Europa, a América, a Ásia, enfim, todo o hemisfério setentrional, tiritam de frio. O Árctico vinga-se desta forma, com o seu sopro gélido, das fusões estivais impostas pelos homens.
Rosarno, Calábria, Itália
Não são surpresas o que o século XXI nos reserva. Face à contínua pressão migratória, uma certa Europa reage mal. Prelúdio de novas "noites de cristal". Os homens do Sul percorrem há muito as nossas ruas e continuarão a chegar enquanto subsistirem as extremas desigualdades entre os diferentes mundos do nosso mundo. Nem o mar no meio da terra, que nos aparta, os demove. Continuarão a chegar. Nem que os recebamos a tiro.
Para quê os tiros então? Questiono-me se os bárbaros estão às portas de Rosarno ou se são os que já moram em Rosarno.
Feliz 2010 a todos os bloguers que, durante 2009, de alguma forma interagiram comigo, respondendo aos meus comentários ou ligando-se a este blogue.
Assim destaco o Marujo do EDeus Criou a Mulher, que continue a navegar nestes mares que povoa de belas sereias que nos levam à perdição; aos rapazes e raparigas do Insurgente, contra os quais me insurjo, sempre que posso, e com os quais discordo em quase tudo, mas não é por isso que deixámos de ter animadas discussões (em particular no Verão, que é quando tenho mais paciência para os aturar); à Lusitana Combatente, Terpsichore Diotima, que habita a Ilha dos Amores, para que não baixe as armas e continue a combater (por vezes ausenta-se durante tanto tempo, que julgo que abandonou o combate - foi a primeira a chamar-me a atenção para a questão dos efeitos secundários da gripe suína ou a tentativa de “privatização” dos sites da Internet; ao Tomás Vasques do Hoje há Conquilhas, pelas polémicas e respostas aos comentários, quando os havia; à eclética amiga M.P. do Eclético (e SIC TRANSIT GLORIA MUNDI); ao F.J. Santos do (Re)Flexões, que acompanho sempre com muita atenção, embora discorde com ele nalguns aspectos da política educativa e no papel da educação na sociedade; a Ana Cristina Leonardo com a sua animada Meditação na Pastelaria.
Outros blogues visitados amiúde, este ano: OJansenista, com o seu bom gosto; ACausa foi Modificada, com o seu mau gosto para títulos e palavrões (ao ponto de não o colocar aqui nas listas de blogues, ao lado), mas rico em referências; e o Francísco José Viegas, d’AOrigem das Espécies, um tripeiro liberal à moda antiga que sigo desde que entrei na blogosfera.
«Se tivesse que resumir numa só palavra o tempo em que vivemos, eu utilizaria o termo "radicalização". Radicalização da violência social, em primeiro lugar, exacerbado pela crise económica: violência da pobreza, do fosso crescente entre ricos e pobres, do desemprego e da degradação da dignidade humana; violência de costumes e da "brutalização" das relações humanas; radicalização da própria natureza em revolta contra a mão humana; radicalização religiosa e nacionalista crescente; radicalização da violência militar terrorista - se é verdade que mata muito menos gente, ela é infinitamente mais cruel porque anónima, sem regras, imprevisível e dirigida maioritariamente contra alvos humanos desarmados...»