sábado, março 06, 2010

O desprezo pelo homem moderno

«Há dias em que me atormenta um sentimento mais negro que a mais negra melancolia: o desprezo pelo homem. E para não deixar dúvidas quanto ao que desprezo, a quem desprezo: é o homem de hoje, o homem de que sou fatidicamente contemporâneo.»

O homem de hoje – o seu hálito impuro sufoca-me…Em relação a coisas passadas sou, como todos os adeptos do saber, de uma grande tolerância, isto é, de um magnânimo autodomínio: percorro o universo de manicómio de milénios inteiros, quer se chame “cristianismo”, “fé cristã” ou “Igreja Cristã”, com uma sombria precaução – e abstenho-me de tornar a humanidade responsável pelas suas doenças mentais. Mas o meu sentimento muda, rompe-se assim que entro nos tempos modernos, no nosso tempo.

(…)

«Qualquer prática quotidiana, qualquer instinto, qualquer juízo de valor que se torne acto são, actualmente, anticristãos: que monstro de falsidade há-de ser o homem moderno, para que, apesar disso, não se envergonhe de ainda se chamar cristão!»

Nietzsche (1895), O Anticristo

Os muçulmanos na Europa

(Ton Koene/ZUMA/VISUAL)

quinta-feira, março 04, 2010

Manifesto de Desconfiança no Homem

Saqueadores detidos no Chile após o sismo.

Não há liberdade sem dissuasão. Esta é a lição dos sismos do Haiti e do Chile, ou do furacão Katrina. Quando o caos se instala, reinam os profanadores e os ladrões. Sucedem-se as pilhagens, e a ajuda alimentar, ou outra, de nada serve se não imperar a mínima ordem que assegure a justa distribuição.

As prisões são coisas medonhas, diria Agostinho da Silva. Mais medonhas que os cemitérios, pois nestes repousam aqueles a quem a vida foi subtraída enquanto nas prisões vivem aqueles a quem a liberdade foi negada. Mas o que seria de nós se os monstros que as prisões contêm se libertassem? O Mal existe no nosso mundo (e só porque o Homem existe). Só nas utopias é que não são precisos polícias ou militares. Só nas utopias o crime e as doenças se apartam e a liberdade é mais plena. Aqui não.

Enquanto por aqui andarmos não largaremos as nossas armas.

quarta-feira, março 03, 2010

Saberá Queirós quem é o melhor marcador do campeonato turco?

Primeiro a miopia de Quique Flores, agora a de Queirós. Não reparar em Makukula é grave, quando no nosso país rareiam avançados. Neste momento com 16 golos marcados em 19 jogos (quase um golo por jogo) Makukula é o melhor marcador da Super Liga turca, com mais 7 golos do que o seu adversário mais directo.

Entretanto o público apoiou efusivamente a selecção nacional em Coimbra num glorioso jogo de preparação com a China.

terça-feira, março 02, 2010

A cobra que os dinossauros temiam


Afinal a cobra encontrada num ninho de dinossauro preparava-se para tragar a cria do saurópode. O fóssil do ninho de dinossauro foi descoberto em 1987. Em 2001 descobriu-se a cobra e agora, as suas reais intenções.

domingo, fevereiro 28, 2010

sábado, fevereiro 27, 2010

Os que se calam


"Nos que se calam, há quase sempre falta de delicadeza e de cortesia sinceras; o silêncio é uma reserva, engolir tudo causa necessariamente mau carácter, e até estraga a digestão. Todos os que se calam são dispépticos."

Friedrich Nietzsche, Ecce Homo

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Pois

O senhor primeiro-ministro nunca foi constituído arguido.” (disse a procuradora-geral adjunta Cândida Almeida)

A candura de Cândida é de enternecer.
É de ir às lágrimas.

Não havia ninguém mais adequado para investigar o caso Freeport?

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Madeira

Funchal, 20 de Fevereiro de 2010

«Todavia, a pequena dimensão destas bacias e das suas ribeiras, aliada aos grandes desníveis e fortes declives das vertentes e à grande inclinação das linhas de água principais, são factores de enorme perigosidade face às cheias. Quando a ilha é assolada por precipitações intensas, as águas delas resultantes são rapidamente canalizadas ao longo da rede de drenagem, engrossando os caudais das ribeiras de forma desmesurada. As ribeiras tornam-se então num formidável agente erosivo, arrancando e transportando blocos de centenas de quilos e sedimentos das mais variadas dimensões: são as “aluviões”, como lhe chamam os Madeirenses. Estas cheias rápidas têm destruído, ao longo do seu historial, pontes, estradas, casas e matado pessoas. A sua perigosidade advém sobretudo da velocidade das águas, dos caudais atingidos, da carga sólida que transportam e da rapidez com que se formam.»

Catarina Ramos, “Recursos Hídricos das Regiões Autónomas” in Carlos Alberto Medeiros (dir.), Geografia de Portugal, Vol. 1, 1ª ed., Círculo de Leitores, Lisboa, 2005.

***

Passada a tragédia é hora de aprender e aplicar o que se aprende. Alguma coisa falhou no planeamento e ordenamento da ilha. Tal é uma evidência. Basta observar o desrespeito pelos leitos das ribeiras e a construção despreocupada e desregrada nas suas margens. E não é só uma questão de povoamento, como alguns nos querem fazer crer.

O crescimento económico da ilha (um dos maiores do País, senão o maior) tem sido acompanhado por um surto de construção sem regras. Um laissez faire, laissez passer urbanístico. Na ilha o crescimento económico parecer ser o valor que mais alto se levanta, como se tornou patente nas declarações do máximo responsável político da região, quando ainda decorria a tragédia: parecia estar mais preocupado com a imagem internacional da ilha e a forma como isso se poderia reflectir no turismo e nas receitas, do que com as vidas humanas que entretanto se perdiam.

Etiquetas