sexta-feira, abril 16, 2010

quinta-feira, abril 15, 2010

quarta-feira, abril 14, 2010

domingo, abril 11, 2010

sábado, abril 10, 2010

Muerte del toro


Mira qué pase, oh toro, qué desvío
de la muleta al aire desplegada,
mira pasar su ala derramada
sobre tu negro y rumoroso río.

Pronto caerá tu pleno poderío,
pues ya el agudo rayo de la espada
va en tu celeste noche huracanada
con un acerto perfilado e frio.

Ay!, cómo crece el suelo, cómo crece,
cómo llama la tierra a su costado
y cómo turbia y grande se te ofrece.

Adiós tu yerba de frescor salado
y este viento que llega y desfallece,
que acaso viene, oh toro, de tu prado.

Rafael Morales (1943), Poemas del toro

***

Morte do touro [tradução]

Olha que passe, oh touro, que desvio
da muleta ao vento desdobrada:
vê passar a sua asa derramada
sobre o teu negro e rumoroso rio.

Cedo cairá teu pleno poderio,
pois já o agudo raio de uma espada
vai na celeste noite de rajada
com um acento perfilado e frio.

Ai, como cresce o solo, como cresce,
como a terra chama o teu costado
e como turva e grande se te oferece.

Adeus, tua erva de frescor salgado
e este vento que chega e desfalece,
vindo talvez, oh touro!, do teu prado.

Rafael Morales (1943), Poemas del toro

domingo, abril 04, 2010

Porto, navegação e ventos

As nossas deliberações serão vãs desde que não tenham um alvo preciso a atingir; quem não conhece o porto que demanda nunca encontrará ventos propícios!

Lúcio Aneu Séneca, Cartas a Lucílio, Livro VIII, Carta 71, 3ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian, 2007, pág. 272.

sábado, abril 03, 2010

sexta-feira, abril 02, 2010

O cobertor e as bandeiras de Valença

Os recursos económicos do país são como um cobertor que, dia após dia, vai ficando cada vez mais curto. Quem deveria cuidar para que o cobertor não encolhesse, não o fez atempadamente. Agora o cobertor não tapa todo o corpo, mesmo que se queira, e o corpo é o país. E quando a cabeça que nos governa não tem juízo, o corpo é que paga.

É claro que quem gere os recursos também decide que partes do corpo deve tapar, e quais as partes a não cobrir. Mas parece continuar a não preocupar-se com a dimensão presente e futura do cobertor. Quem governa não cuida para que o cobertor ganhe dimensão. A sua única preocupação é tapar-se. Lisboa puxa então o cobertor para si e destapa as extremidades. São por isso as regiões fronteiriças que, primeiro começam por perder a cobertura, como é o caso do Minho raiano ou do interior do Alentejo e no Algarve. Os que moram em Valença, Elvas ou Vila Real de Santo António, para não referir outros lugares, periféricos para Lisboa, são cada vez mais abandonados pela capital e começam a servir-se dos equipamentos e infra-estruturas que funcionam no outro lado da fronteira. As mulheres raianas já dão à luz em Espanha e os minhotos vão ter de começar a tratar da sua saúde no país vizinho. No Algarve, os idosos de Vila Real de Santo António, recentemente, tiveram de ir tratar as suas cataratas a Cuba (mas não a do Alentejo).

A população de Valença, revoltada, vai colocar bandeiras espanholas nas janelas. É um mau sinal. Parece que a região onde nasceu o país é agora a região onde o país começa a morrer.

quinta-feira, abril 01, 2010

As figuras exemplares do mal


As figuras exemplares do mal não são hoje os consumidores comuns que poluem o ambiente e vivem num mundo violento em que os laços sociais se desagregam, mas os que, embora plenamente implicados na criação de devastação e da poluição universais, compram uma via de saída que os afasta da sua própria actividade, vivendo em condomínios fechados, comendo alimentos biológicos, fazendo férias em reservas naturais, etc.

Slavoj Zizek (2008), Violência, Relógio D’Água, pág. 32.

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