terça-feira, maio 04, 2010

quinta-feira, abril 29, 2010

Desmistificando a credibilidade das agências de rating

Como é óbvio existe uma a promiscuidade entre os bancos e as agências de rating. Essas a que os nossos governantes dão ouvidos, em particular o nosso Ministro dos Bancos, que parece acreditar piamente nelas, o “santinho”.

Diz e bem Daniel Oliveira no Expresso e no Arrastão:

Vale a pena recordar que foram estas agências que só se aperceberam da catástrofe financeira do Dubai quando ela chegou aos jornais. Que deram uma excelente nota à Islândia na véspera do país ter entrado em falência. Que avaliaram com um triplo A o que agora chamamos de activos tóxicos. E aí estão a dar conselhos aos investidores sobre a credibilidade das contas dos Estados.

Ao darem ouvidos a tais agências os nossos governantes mais não estão a fazer do que jogar o jogo das mesmas e a promover a ideologia do “Menos Estado, mais privado”.

As notações das agências de rating são uma falácia e não têm nada de inocente: são um pretexto para os servidores da causa neoliberal tomarem decisões que acentuam as desigualdades sociais, o desemprego e a pobreza. Decisões que transferem a riqueza e recursos do Público para o Privado, ou seja, para os mesmos de sempre. Decisões que destroem o Estado social, como se vê pela redução anunciada dos subsídios de desemprego.

Esta reportagem da Euronews é bem clara.

Não nos deixemos enganar pelos neoliberais que nos governam.

segunda-feira, abril 26, 2010

Ante o Abismo


Enquanto os pensadores, ante o céu aberto, pensavam o cosmos como uma abóbada - incomensurável, mas fechado - , encontravam-se protegidos contra o perigo de se exporem ao frio no exterior. O seu mundo era ainda a casa sem fugas. Mas, depois de darem a volta ao planeta, o astro errante que sustenta floras, faunas e culturas, abre-se um abismo por cima deles através do qual descobrem, pestanejando, um exterior sem fundo. O segundo abismo surge com as culturas estrangeiras, que, após as luzes etnológicas, demonstram que, em diferentes lugares, praticamente tudo pode ser totalmente diferente.

Peter Sloterdijk, Palácio de Cristal

E se olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.

Friedrich Nietzsche, Além do Bem e do Mal

Se a consciência não é, como disse algum pensador inumano, nada mais que um relâmpago entre duas eternidades de trevas, então não há nada mais execrável do que a existência.

Miguel de Unamuno, Do Sentimento Trágico da Vida

Hoje, enfim, eis-nos «de pé e enfrentando o caos». Coisa que nunca fizemos antes. O confronto com o caos seria já por si bastante perturbante e doloroso. Mas a novidade do facto – a completa ausência de precedentes que nos sirvam de pontos de referência, que nos tranquilizem e nos guie – torna a situação completamente desconcertante.

Zygmund Bauman, A Vida Fragmentada


A existência é como uma partícula que flutua entre abismos insondáveis. Questionamos os abismos e os abismos devolvem-nos as questões. A existência transformou-se naquilo que Unamuno temia: uma relâmpago entre eternidades de trevas, abismos sombrios que nos devolvem o eco das nossas próprias questões. Sloterdijk faz-nos notar que até o céu, para lá das esferas, é um abismo.

Quando questionamos o abismo, o abismo devolve-nos a questão - o eco do nosso próprio grito. Além não há nada. Estamos sós, pela primeira vez, sem Deus e sem Razão, rodeados por abismos. 

Ninguém nos responde.

domingo, abril 25, 2010

Estranho 25 de Abril

Pedro Passos Coelho a encher a boca com a “justiça social”. Aguiar Branco a citar Lenine e Rosa de Luxemburgo. Que sensíveis que eles são às desigualdades sociais, à pobreza e ao desemprego.

Por sua vez, os patrões dos camionistas convocam uma greve que os sindicatos respectivos não aprovam.

Está tudo louco ou tomam-nos por parvos?

25 de Abril

Claro que se valoriza mais a liberdade na sua ausência ou quando nos é subtraída ou ainda, logo após ter sido conquistada.

É preciso portanto, não adormecer e velar sempre. Que a madrugada não nos surpreenda mergulhados no sono.

Ou será que adormecemos?

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