sábado, maio 15, 2010

A escola lúdica

Chegámos ao ponto em que as pessoas se esquecem de que a escola não deve ensinar aos estudantes apenas aquilo que eles querem, mas também, e muitas vezes acima de tudo, aquilo que não querem aprender, ou que não sabem que querem (caso contrário, todas as escolas deixariam de ensinar Matemática e Latim para passarem a ensinar jogos de computador – e pela mesma lógica os bombeiros passariam a deixar os gatos fugir e correr pelas auto-estradas, porque esse é o desejo natural dos animais).

Umberto Eco, A Passo de Caranguejo, Difel, 2007, pág. 108

sexta-feira, maio 14, 2010

Espelho Íntimo

A nova obra de Torquato da Luz

quinta-feira, maio 13, 2010

Os conquistadores vencidos e os vencedores conquistados


Não acredito que a guerra produza cultura, ainda que por vezes as astúcias da razão (como teria dito Hegel) produzam resultados bizarros: os Romanos declararam guerra à Grécia com o objectivo de a latinizarem, e foi a Grécia vencida que conquistou culturalmente o orgulhoso vencedor.

Umberto Eco, A Passo de Caranguejo, Difel, 2007, pág. 215

terça-feira, maio 11, 2010

O neofeudalismo pós-industrial

Bruegel (1555) - Landscape with the Fall of Icarus

Na Idade Média, quando a sociedade era de produtores, vigorava um sistema social baseado na exploração da terra. Haviam aqueles que protegiam e exploravam os semi-servos que se refugiavam dentro das muralhas do castelo, sempre que o inimigo espreitava aquelas terras. O senhor feudal era o dono da terra e o senhor da guerra. Os semi-servos podiam cultivar a terra mediante o pagamento de um tributo, muitas vezes em géneros, uma grossa fatia da sua produção. Era um sistema fechado (num feudo) e estático, sem ascensão social: o filho do nobre, nobre seria e o do semi-servo tinha também o destino traçado. Eram poucos os homens livres – livres do pagamento do tributo e do jugo do senhor feudal.

Com a ascensão da burguesia e a difusão do capitalismo, o feudalismo morreu.

Hoje contudo ele surge, qual Fénix renascida, com novas roupagens. A sociedade já não é rural, é pós-industrial. Já não é uma sociedade de produtores, mas sim de consumidores. Se no passado o semi-servo pagava ao senhor feudal com parte da sua produção, hoje, como paga o consumidor aos novos senhores feudais?

O senhor feudal na Idade Média era o detentor da terra. O senhor feudal da Era Pós-moderna é o detentor do dinheiro.

No passado o semi-servo estava dependente da terra do senhor feudal. Hoje, o consumidor e o investidor estão dependentes do crédito que o banco, com usura, concede. O banqueiro é o novo senhor feudal e o juro é o tributo que lhe é pago, sempre que a prestação vence.

sábado, maio 08, 2010

A boa sociedade

«Numa boa sociedade um homem deve (1) ser útil, (2) estar o mais protegido possível contra o infortúnio não merecido, (3) ter oportunidade de livre iniciativa por todos os meios não prejudiciais aos outros.»

Bertrand Russel, O Impacto da Ciência na Sociedade, 1967

quinta-feira, maio 06, 2010

Quem manda na U.E.?

Jean-Claude Trichet tem mais poder que o Presidente da Comissão Europeia ou que o Presidente do Conselho Europeu.

Neste momento é o B.C.E. que governa a U.E. O B.C.E. condiciona e baliza a governação dos países da Zona Euro.

Trichet é o “Imperador”.

Não admira que franceses e alemães se tenham atropelado para colocar um dos seus à frente do B.C.E. deixando os outros cargos para portugueses e belgas. Miudezas.

Os americanos, irónicos, dizem muitas vezes que Obama não sabe a quem telefonar se quiser falar com quem manda na U.E. Telefone a Trichet! Os outros cargos são ornamentais. Os seus titulares, marionetas.

Curiosamente o capitalismo está a degenerar numa espécie de neofeudalismo bancário.

Prestemos então tributo aos bancos. Ámen.

Ανταρσία

Pantelis Saitas / EPA

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