terça-feira, junho 21, 2011

Pino Daeni (1939-2010) - Summer Retreat

domingo, junho 19, 2011

sábado, junho 18, 2011

Aproximação cautelosa

Oh, como somos felizes, nós que procuramos o conhecimento, se não quebrarmos o silêncio prematuramente!...

Nietzsche, A Genealogia da Moral


Feliz o caçador que consegue aproximar-se furtivamente da sua presa, contra o vento e sem fazer estalar um galho.

A impaciência paga-se caro.

Qualquer precipitação pode deitar tudo a perder. Até o conhecimento pode fugir como uma presa assustada, antes de ser alcançado.

quinta-feira, junho 16, 2011

O pensamento que urge introduzir hoje em todo o nosso ensino

Já Pascal formulara o imperativo de pensamento que urge introduzir hoje em todo o nosso ensino, a começar pelo jardim-escola: «Sendo todas as coisas causadas e causantes, ajudadas e ajudantes, mediatas e imediatas, e sustentando-se todas elas por um laço natural e insensível que liga as mais afastadas e as mais diferentes, considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, bem como conhecer o todo sem conhecer as partes»”

Blaise Pascal citado por E. Morin, Os Problemas do Fim de Século, Editorial Notícias, 1991, pág. 201.

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No extremo, um especialista é aquele que sabe tudo sobre nada, e um generalista, é aquele que sabe um pouco sobre tudo.

É um erro apostar num ensino que enfatize a formação de especialistas que desconheçam o funcionamento do todo; da mesma forma é um erro apostar num ensino que enfatize a formação de generalistas que desconheçam o funcionamento das partes.

Difícil é encontrar o ponto de equilíbrio entre estas duas perspectivas, ou seja, formar especialistas generalistas e generalistas especialistas.

domingo, junho 12, 2011

sábado, junho 11, 2011

Viva a Síria, abaixo Assad

VIVA A SÍRIA
ABAIXO ASSAD
(este grito hoje ecoou nas praças da síria e as balas voltaram a cruzar os céus)

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Neste blogue não se fazem ataques ad hominem, excepto em relação a criaturas rasteiras como aquela ali em cima. Hoje, neste dia em que morreram pelo menos 25 sírios em manifestações, também aqui somos sírios.

A NATO, por menos, decidiu intervir na Líbia. Era necessário salvaguardar os investimentos das multinacionais (o capital) em território líbio (e não nos venham cá agora dizer que estavam preocupados com a saúde e o bem-estar do povo líbio). A Síria não possui tantas riquezas nem recursos naturais como a Líbia e as multinacionais também não abundam por lá. E assim lá vai o povo sírio sofrendo às mãos do seu algoz, o seu presidente, enquanto o mundo assiste placidamente através dos ecrãs de televisão.

sexta-feira, junho 10, 2011

O neoliberalismo e os que não crêem em tal

"Se o imoralismo é intolerável pela sua insensibilidade em relação ao real individual e social, o neo-liberalismo económico fractura a comunidade, cria uma sociedade dual, assegura a lei do mais rico, compromete o futuro. Mais do que nunca, devemos rejeitar a «ética da convicção», tanto quanto o moralismo da «mão invisível», em benefício de uma ética dialogada da responsabilidade, virada para a procura de equilíbrios adequados entre eficácia e equidade, para os interesses dos assalariados, para o respeito do indivíduo e do bem colectivo, presente e futuro, liberdade e solidariedade."

Gilles Lipovetsky, O Crepúsculo do Dever: A Ética Indolor dos Novos Tempos Democráticos, Publicações Dom Quixote, 2004. Pág. 23.

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Em muitas enciclopédias de Política e Economia não encontramos a entrada do termo "neoliberalismo". Exceptuam-se as de Sociologia, Geografia e de outras ciências sociais. Os defensores desse dogma (ou ramificação do capitalismo), abominam o rótulo "neoliberal". Consideram uma idiotice o seu emprego. Tal coisa não existe, dizem, a não ser na boca de esquerdistas. Não querem reflectir no facto de filósofos, - tão ou mais eminentes ou insuspeitos como Gilles Lipovetsky -, geógrafos, antropólogos, e muitos outros académicos, entre os quais também economistas e cientistas políticos, empregarem o termo sem qualquer pudor. Existem obras enciclopédicas sobre o neoliberalismo, teses, estudos, histórias do neoliberalismo, etc. Mas essa gente continua a negar a evidência. Fazem lembrar os criacionistas, descrentes na teoria da evolução das espécies, ou os dogmáticos da Santa Inquisição, que condenavam as evidências da teoria heliocêntrica.

O crepúsculo do dever

As nossas sociedades liquidaram todos os valores sacrificiais, quer sejam determinados pela outra vida ou por finalidades profanas, a cultura quotidiana deixou de ser irrigada pelos imperativos hiperbólicos do dever e passou a sê-lo pelo bem-estar e pela dinâmica dos direitos subjectivos, deixámos de reconhecer a obrigação de nos ligarmos a qualquer coisa para além de nós próprios.

(…)

Sociedade pós-moralista: entenda-se uma sociedade que repudia a retórica do dever austero, integral, maniqueísta, e que, paralelamente, exalta os direitos individuais à autonomia, ao desejo, à felicidade.

Gilles Lipovetsky, O Crepúsculo do Dever: A Ética Indolor dos Novos Tempos Democráticos, Publicações Dom Quixote, 2004.

“Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do País com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar.”

Cavaco Silva, Discurso do Presidente da República na Cerimónia de Homenagem aos Combatentes, por ocasião do 50º Aniversário do início da Guerra em África

Forte do Bom Sucesso, Lisboa, 15 de Março de 2011

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Quantos de nós estaremos hoje dispostos a sacrificar a vida pela pátria, pela liberdade, pelos nossos concidadãos, pelo nosso bairro e pelos nossos vizinhos? No passado não se hesitava: os homens sacrificavam-se quando um rei, um presidente, um primeiro-ministro (ou um presidente do conselho) os convocava em nome da pátria. Partiam, sem contestar, para a guerra, para o Ultramar, para os campos de batalha longínquos, para a morte. Muitas vezes partiam às ordens dum líder lunático, sem sequer questionarem os seus ditames. A defesa do solo pátrio, por exemplo, sobrepunha-se ao bem-estar pessoal e à “dinâmica dos direitos subjectivos”. No passado (não muito distante) as mentalidades e a escala de valores eram outras.

Numa sociedade “pós-moralista”, como a actual, que “repudia a retórica do dever austero, integral, maniqueísta”, os incitamentos à acção pela pátria são recebidos com desagrado, repulsa ou desprezo. “Os direitos individuais à autonomia, ao desejo, à felicidade” sobrepõem-se aos deveres para com o colectivo, sempre que estes ponham em causa o bem-estar individual.

Talvez por isso, quando o Presidente Cavaco Silva, no dia 15 de Março deste ano, incitou os jovens de hoje a empenharem-se com a mesma coragem, desprendimento e determinação dos jovens de ontem, no cumprimento de missões e causas essenciais ao futuro do País, muitos tenham ficado chocados com o apelo.

Vivemos em sociedades capitalistas e liberais, onde prevalece a mentalidade do “primeiro eu, depois o mundo” e “depois de mim, o dilúvio”, por isso o que esperávamos?

Vivemos no crepúsculo do dever.

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